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5.1 - COMO SE TORNAR TÉCNICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL? ENTRE INDICAÇÕES ELEITORAIS E A CAPACIDADE TÉCNICA.

Conforme já mencionado no capítulo anterior, a estrutura de serviços da Política de Assistência Social no município de Caruaru é bastante robusta. A cidade chegou a ter uma rede maior e mais complexa do que a capital, segundo relato de um dos entrevistados, motivo de orgulho para os que fazem essa Política no local. Essa grande rede, conta com 10 serviços de proteção social básica, 3 equipamentos de média complexidade (PSE), além de 5 casas de acolhimento, representando a alta complexidade.

O que desdobra-se dessa estrutura, portanto, é que a constituição da Assistência Social, no seu início, compõe-se como um grande investimento na ampliação da burocracia municipal, exigindo a apropriação de saberes e discursos técnicos e a contratação de pessoas especializadas ao tempo em que oferta um “mercado de empregos”, do qual agentes políticos clientelistas podem usufruir sob um sistema de política de indicações.

O clientelismo é uma das mais importantes estruturas da constituição do poder político no Brasil, e mesmo em um contexto limitado pelas normas institucionais que orientam a execução da Política Pública, essa estrutura se faz presente, influenciando de modo efetivo na composição dos serviços socioassistenciais. Sobre a relação patrono-cliente, Wolf (2003, p.108-111) afirma o seguinte:

[...] é mínima a carga de afetividade envolvida na relação entre patrono e cliente na formação daquela confiança que subscreve a promessa de futuro apoio mútuo. [...] o relacionamento entre patrono e cliente abrange facetas múltiplas dos atores envolvidos, e não apenas as necessidades fragmentadas do momento [...] Por outro lado, onde não houver unidades corporadas de parentesco [...], mas onde a estrutura institucional for abrangente e solidamente estabelecida, a patronagem não pode levar à formação de corpos de seguidores relativamente independentes da estrutura formal. Ocorrerá que a patronagem tomará a forma de apadrinhamento, no qual o patrono fornece ligações [...] com a ordem institucional. Nessas circunstâncias, seu instrumento consiste mais no uso de influência do que na alocação relativamente independente de bens e serviços. Paralelamente, porém, o poder do patrono sobre o cliente é reduzido, e no lugar de sólidos blocos

patrono-cliente podemos esperar encontrar laços difusos e entrecortados ligando muitos apadrinhadores a muitos clientes, com estes últimos frequentemente passando de uma órbita de influência para outra.

No que diz respeito ao processo de indicação de apadrinhados políticos, uma ex-gestora de serviços da Assistência Social no município explica, ao ser perguntada se os técnicos eram selecionados pela capacidade e perfil para os serviços ou por indicação:

A gente tinha uma liberdade: “Esses currículos estão vindo do gabinete. E esses foram os que eu recebi. Entreviste ambos. Se você vê que a pessoa que veio do gabinete não tem aptidão ela não vai ficar. A gente vai ter que responder e dizer o motivo...” então eu fazia planilhas e planilhas, e a maioria que vinha não tinha nenhuma aptidão. Eu enviava a planilha informando os motivos.

A mesma entrevistada, que passou 07 anos nos serviços de assistência social no município de Caruaru, ao referir-se ao seu processo de ingresso como técnica da Assistência em meados de 2011, explica que embora ela e os que entraram junto com ela para compor as equipes dos CRAS RURAIS, tenham sido selecionados, sobretudo, por aspectos técnicos, e tiveram a oportunidade de estudar a Política e o território pois acompanharam a instalação dessas unidades, muitos outros técnicos já atuantes nos CRAS das cidades, constituíam-se como profissionais que não conheciam a Política, não tinham perfil para o serviço e provavelmente haviam sido indicados para as vagas por agentes eleitorais do município.

Me ligaram, uma prima minha, “tô trabalhando na prefeitura, surgiu vagas para psicólogos, sua mãe me disse que você estava de volta e eu queria saber se você queria participar da seleção”. Aí eu disse, “quero. Vou ver lá”. Aí era para a Assistência... a gente na faculdade tem pouca... não tem. Aí a gente chegou lá ela disse ó... deixa teu currículo. Depois pegaram meu currículo, me ligaram, e disseram a entrevista é tal dia, eu não sabia do que se tratava, me ligaram, fui. Ela pediu para falar um pouquinho das minhas experiências, eu falei, conversei, ela pediu para fazer uma redação. [...]. Eu falei porque somos seres sociais e o social está em todo lugar (explica como consegue falar de um tema que não havia estudado na formação). Nós daquela época fomos privilegiadas, porque nós psicólogos e assistentes, alguns profissionais, foram contratadas, nós psicólogas, assistentes sociais, alguns profissionais para ser coordenação dos CRAS rurais, e os CRAS ainda iam inaugurar. Então nós como não tínhamos locais fixos para ficarmos... nós ficávamos na secretaria de Assistência e todos os dias nós íamos estudar. Então formou-se as

duplas, a psi e a assistente que iria para aquele lugar. No início de 2011, e eu comecei junto com a colega de serviço social, fomos fazer um mapa de onde íamos trabalhar. Fazíamos todo dia, estudar a Política de Assistência, estudar a NOB-SUAS e estudar o território em que íamos trabalhar (Ex-Gerente da Proteção Social Básica)

Ela designa-se como pertencente a esse grupo de profissionais de caráter mais técnico, dedicados e identificados com os serviços e com a Política, em contraposição a profissionais menos técnicos, possivelmente ingressantes a partir da prática de indicação de cunho eleitoral e pouco identificados com o trabalho social como indicado pela política pública de criação desses serviços.

Na época que eu entrei o que eu percebi, quando fiz a redação e a entrevista, é que a pessoa que estava assumindo a gerência da Proteção Social Básica, tinha esse cuidado... de colocar profissionais, que “eu não entendo mas estou disposto a entender”, não entendo a “minha vida passou pelo social”, porque se você não entende mas tem vontade de aprender, você estuda a política [pública] e pronto... então nessa época teve isso, mas quando eu cheguei as pessoas que estava nos CRAS da cidade não entendia muito da política [pública], que já tinham sido selecionados em outras situação e que... isso gerou inclusive ciúmes, acharam que as pessoas que tinham entrado para os CRAS RURAIS eram mais inteligentes, que a gente só queria se amostrar.

Ao concluir suas observações sobre a diferença entre os dois grupos faz referência a um aspecto que pode ser concebido como um capital que promove, apesar das mudanças de gestão, a manutenção e ascensão de alguns profissionais: O conhecimento sobre a “Política”, as normas e os parâmetros para a atuação na A.S. Vale ressaltar que ela, tendo ingressado como técnica, aparentemente sem amparo de algum agente eleitoral, chega a ser indicada para a Gerência da Proteção Social Básica, cargo em que se incorpora um acúmulo de poder e de reconhecimento, espelhado no salário quatro vezes maior que o do técnico.

A manutenção e ascensão nos empregos da A.S, quando sustentadas por “conhecimento normativo-técnico”, pode insinuar uma concessão das gestões e dos poderes eleitorais municipais, diante da estrutura necessária para responder às normas e parâmetros legais dos serviços, e nesse sentido, não parece simbolizar uma ruptura com a lógica de “troca de favores” que orienta a ocupação dos empregos da prefeitura, mas uma recomposição, um ajuste que assimila os parâmetros técnicos e os ajusta, na medida do possível, ao clientelismo.

Mesmo considerando esse caráter híbrido da composição da força de trabalho da A.S em Caruaru, é importante indicar que o aspecto técnico da política pública, ou seja, a sua aproximação do que é normatizado pelos documentos do Ministério do Desenvolvimento Social, é também defendido pelos participantes dessa pesquisa como um traço importante da rede socioassistencial do município de Caruaru, em contraposição com municípios menores da circunvizinhança, em que muitos dos entrevistados também atuaram ou atuam.

Esse cenário é bastante frutífero para o estudo, pois, diante de uma narrativa que predominantemente defende a tecnicidade e objetividade da política de assistência social nos serviços do município, emergem situações em que as normas são levadas aos meandros dos seus limites sociais e a resposta tende a ser contraditória. São exatamente essas situações experimentadas, no âmbito da prática, que colocam em confronto as disposições para uma prática assistencialista e as orientações para a ruptura com intervenções que reforcem a dependência. A disposição para “ajudar” e a ótica “técnico-normativa” são capitais em disputa, refletidos na prática dos técnicos da A.S. O valor desses capitais depende do reconhecimento junto aos usuários, do horizonte cultural e histórico que fundamenta os referidos capitais, das instituições que os amparam, e da importância que terão frente aos comitês decisórios (a gestão).

O capital simbólico que circula entre os técnicos que conhecem a “Política”, no sentido normativo e programático dos documentos do governo federal, se constitui aparentemente como uma espécie de elemento de distinção. O termo “política”, inclusive, aparece nas narrativas de forma bastante polissêmica, expressando um uso dúbio, podendo significar: A) a força da indicação dos agentes políticos e os possíveis significados, dentro do sistema de “trocas e favores”, que essa prática pode sustentar; B) a faceta técnica da prática, conforme viemos falando.

A ex-gestora que apresentamos aqui, complementa nesse sentido que, o critério técnico adotado na instalação da política de A.S no município (Em meados de 2011), que embasava parcialmente as escolhas pela manutenção de um certo grupo de pessoas, muitos inclusive que ascenderam a cargos “maiores” na secretaria, em virtude desse reconhecimento de serem portadores de um “saber/fazer” da Assistência Social, são suspensos pela introdução de uma lógica diferente, implantada a partir de uma nova gestão (em 2018). É assim que ela apresenta a sua percepção sobre os impactos de uma transição de gestão na SDSDH.

O secretário que inicia no comando da SDSDH, no início da nova gestão, em 2017, tinha uma trajetória no campo dos direitos humanos, e segundo a narradora ajudou a fundar o ECA. Era, portanto, um gestor com perfil técnico. Mesmo mudando a gestão na prefeitura, e havendo, pois, uma pressão para a inserção de pessoas ligadas ao novo grupo político nos serviços municipais, o secretário assume dizendo que não iria mudar a equipe antes de avaliar. Segundo a narradora, e pelo que pude acompanhar à distância, assim foi feito e pouca mudança aconteceu de fato durante um tempo.

Segundo a entrevistada em questão, essa condição não se mantém, porque o secretário se nega a subir em um palanque, durante as eleições de 2018, e entrega o cargo: “O antigo secretário é especialista em direitos humanos, ajudou a criar o ECA. Ele disse, se ela [a prefeita] me pedir para subir em determinados palanques, a amizade continua e eu entrego o cargo. E assim foi”.

A transição de secretários reabriu, em um período pré-eleitoral, a possibilidade de movimentar o “mercado” de indicações de maneira mais enérgica, mesmo com certo sacrifício do acúmulo técnico que os atores sociais demitidos levaram consigo. A ex-secretária executiva, indicada pelo ex-secretário, foi demitida por um aplicativo de mensagens, segundo a narradora, ao receber a comunicação, a profissional lamentou: “Estou me sentindo arrasada, sentindo que tudo que fiz foi jogado no lixo”.

Nesse novo cenário, pós-mudança de gestão, o encaminhamento de currículos de apadrinhados, representou uma dificuldade importante para o trabalho da entrevistada: “Chovia gente que não tinha perfil”. Não tardou para que a nossa narradora fosse demitida também:

Nós agradecemos muito, sabemos que você é uma excelente profissional, mas preciso de uma pessoa de minha confiança para o cargo que você ocupa, porque é um cargo de um valor alto” [...] Foi assim comigo e com tantas outras pessoas. Esse antigo coordenador por exemplo, que é assistente social. Entende muito do CADÚNICO na assistência. Ingressou no serviço social estudando dentro do CRAS. Ele gosta muito do CADÚNICO do PBF. Acredita muito. Foi indicado para ser o gestor do CADÚNICO, fazia isso muito bem e o tiraram em julho. O tiraram e botaram uma Assistente Social que era técnica de um CRAS e que não entende nada de CADÚNICO e contrataram uma consultoria para uma pessoa ir uma vez por semana para responder [pelo setor].

A política de indicações aparece como referência importante de como se compõe a força de trabalho na Assistência Social. Na secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do município, ao que parece, a lógica das indicações está mediada e condicionada pela necessidade de manter um corpo técnico, que compreenda as normativas e orientações da política, de tal modo que mesmo com as mudanças de gestão, não acontece – como é comum em municípios menores – a permuta de todos os técnicos. Muito embora seja mais regular, conforme relato acima, a troca de pessoas que ocupam cargos de gestão, com salários considerados altos se compararmos à remuneração dos técnicos.

Os trechos abaixo, reforçam a presença e importância da política de indicações, muitas vezes em detrimento do saber técnico e do perfil dos profissionais. O relato abaixo enfatiza, não só a presença do sistema de indicações, mas a falta de orientações [pensadas aqui enquanto técnicas e, por isso, legítimas face a criação a partir de uma política pública] sobre o serviço em que a técnica vai trabalhar:

Deixei o currículo na secretaria, aí eles me chamaram. Porque

prefeitura, tem muito esse movimento de indicação também, aquele

movimento né? Aí quando fiz eu nem sabia para qual equipamento que eu iria, se seria CRAS, se seria CREAS, Casa de Acolhimento, sabia que era na área social na secretaria. Aí eu fiz... pediram uma redação, uma entrevista. Aí me ligaram e disseram para qual lugar eu fui selecionada... aí disseram olha... cê vai para o CREAS. Assim nem explicaram, só disseram o nome dos profissionais e disseram, você vai. Aí eu vim (Entrevistada 01, psicóloga, CREAS)

Outra entrevistada também evidencia essa dimensão, assinalando que embora tenha buscado o emprego pelas vias formas, de entrega de currículo, entrevista e seleção, é através de uma indicação que consegue assumir o cargo:

No social eu entrei também... entreguei vários currículos na secretaria, mas nenhum, eu nunca recebi telefonema através do currículo que eu entreguei lá. Isso foram vários... de sentar e ficar o dia todinho esperando a pessoa para você conversar... falando do que você... da sua experiência... do que você queria trabalhar... Aí foi através do meu marido também, que conhecia uma pessoa e pediu que... que ajudasse com esse meu currículo para que eu entrasse na secretaria e foi assim que eu entrei... através de uma pessoa que ele conhece. Aí o ano que vem faz cinco anos que eu trabalho na Assistência. (Entrevistada 11, psicóloga, CRAS)

A lógica das indicações parece ser mais forte em outros municípios das redondezas do que em Caruaru, talvez por ser este um município de referência em termos do tamanho da rede e da instalação da política, que precisa manter em níveis aceitáveis a reprodução do saber técnico. Além disso, a dimensão e projeção do município pode constituir uma dificuldade para o aparelhamento. Nesse sentido, falando sobre o seu ingresso como técnica nos serviços municipais da Política de Assistência Social, uma das entrevistadas descreve como teve acesso ao primeiro emprego na rede socioassistencial do seu município de origem, ressaltando a diferença entre um “município pequeno” e “municípios de médio e grande porte”.

A profissão em si eu descobri quando tive a oportunidade de emprego, que eu não sou de Caruaru, sou de Bezerros. E lá a cidade de Bezerros é uma cidade pequena que a oportunidade de emprego é

praticamente a prefeitura, e de cunho político né? E durante um

período político, que a minha família apoiou determinado candidato, eu tive essa oportunidade de emprego, que foi na assistência social num CRAS... eu era agente social, em 2006. (...)No outro ano eu entrei no curso de serviço social. Continuei como agente social e ingressei no curso, aí depois como a política muda, aquele partido político que a gente apoiava perdeu, eu fiquei afastada por um período, que foi o período da minha conclusão. No outro período político eu tive oportunidade já formada. (Entrevistada12, Assistente Social do CREAS)13

Esse outro relato, embora explicite o mesmo traço mencionado pela Entrevistada 12, apontando a presença da lógica de indicações, mobiliza em sua explicação o fato de ter sido ex-estagiária, recomendada pela coordenadora e pela psicóloga que a supervisionou.

Conclui no final de 2015 e em 2016 já estava trabalhando. Porque

assim, para além de um currículo, você sabe que tem boas amizades, né? E assim, no município tem muito essa questão de apadrinhamento. Então, minha família é muito conhecida aqui, no

Salgado, porque a gente sempre gostou das festividades assim... Aqui no São João, a gente tem as comidas gigantes, né isso? Aí a minha família desenvolveu o latão girante. “O latão de quê”? De cana. De pitu. Aí a gente, essas comidas gigantes, o povo gosta de beber né? Então, a gente... vamos fazer o latão gigante. Aí a gente conseguiu, com o pessoal da Pitu mesmo, da distribuidora, e a gente fez isso. Então a gente também precisou entrar em contato com vereadores, para a licença, para fechar a rua e também que eles pudessem ajudar

13 Bezerros-PE possui 60.714 habitantes, e está distante 102 km da capital Recife-PE. Enquanto

Caruaru-PE, possui 364.872 habitantes e dista 130 km da capital. A distância entre os dois municípios é de 28 km.

a gente também em outras coisas né? Para ofertar ao público de lá. Aí já foi daí... e também do meu estágio específico da Casa de Acolhimento, eu tive uma boa relação com a coordenadora de lá, e com a minha supervisora... aí elas deram boas referências de mim.

Porque como eu disse, para além de um currículo existem boas indicações. Aí quando surgiu a vaga eles lembraram de mim.

O que esse relato suscita é que a indicação também pode ser técnica, pois, além da rede de agentes políticos eleitorais, que opera não somente em torno dos cargos dessa secretaria, mas de um conjunto muito maior de empregos e favores de cunho eleitoral, parece também existir uma rede de profissionais do campo, que se constitui paripassu com o desenvolvimento da Assistência Social no município e que detêm consigo o capital cultural (de caráter técnico), e o decorrente capital simbólico, reforçado pelo reconhecimento da rede nos fóruns intermunicipais e estaduais, e pela capacidade de responder às demandas do governo federal, que viabilizam a liberação de verbas e a instalação de projetos. Sem esse capital de cunho técnico (composto como capital cultural e simbólico), não seria possível expandir a rede de serviços, muito menos operar com certa resolutividade frente às demandas burocráticas exigidas dos serviços e técnicos. Nesse sentido, o relato abaixo evoca um outro tipo de indicação, supostamente, fundamentada na capacidade técnica.

Passei um fato muito importante no nascimento do meu filho, porque a enfermeira entrou e disse, “olha... aplica a anestesia na mulher branca, porque a negra vai aguentar a dor”. Aquilo chamou muito a minha atenção, então o primeiro artigo que produzi foi voltado para essa área, sobre a dificuldade de acesso das mulheres negras às políticas públicas de Caruaru e apresentei na Conferência Municipal de Direitos Humanos aqui de Caruaru, que com seis meses depois em diálogo com a própria secretaria, eu passei a ser coordenador de igualdade racial aqui no município. Então ali, para mim foi muito importante, porque foi através de uma produção científica que eu tive aquela proposta (...) Quando eu assumi a assessoria de igualdade racial, eu ainda estava cursando, eu não tinha terminado serviço social. E nesse período tiveram fatores muito importantes para mim que foram os meus estágios. Eu estagiei, o meu primeiro estágio foi num CRAS da zona rural... O CRAS Itaúna. Lá eu cheguei a fazer um mapeamento interessante, e consegui identificar uma comunidade lá que tinha o perfil de comunidade quilombola. Aí eu me interessei naquele campo. Porém eles não tinham politização, eles não sabiam o que um quilombo. Aí eu tracei meu projeto de pesquisa para isso, nesse fator. Só que no meio do caminho aconteceu um imprevisto.