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Condomínio residencial Spina Ville – região sul de Juiz de Fora

No documento anaraphaelapereiraepaula (páginas 65-114)

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Com relação à região central de Juiz de Fora, Oliveira66 nos relata com riqueza de detalhes como se processou o plano de arruamento da área central. Segundo o historiador os vereadores da cidade encomendaram uma planta cadastral por volta de 1860:

Além de regularizar o alinhamento das ruas mal delineadas, projetou novas vias e delimitou a região central por meio de um triângulo formado pela rua Direita (atual avenida Barão do Rio Branco), rua do Imperador/estrada União e Indústria (hoje avenida Getúlio Vargas) e pela rua Espírito Santo, que ainda preserva sua denominação original. (OLIVEIRA, 2010 – p 45)

Temos abaixo mapas comparativos do centro da cidade no início do século XX e na década de 1990 que exemplificam o crescimento do centro de Juiz de Fora.

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OLIVEIRA. Luís Eduardo de. Os Trabalhadores e a Cidade: A formação do proletariado de Juiz de Fora e suas lutas por direitos (1877-1920). Juiz de Fora: Funalfa; Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.

66 FIGURA 1 – Centro de Juiz de Fora no início do século XX

Fonte: Pensando Juiz de Fora, 1993.

FIGURA 2 – Centro de Juiz de Fora na década de 1990

Fonte: Pensando Juiz de Fora, 1993.

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desenvolveu corresponde à área que hoje é o centro da cidade. No arruamento do início do século passado é possível identificar a Rua da Direita (hoje Avenida Rio Branco) cortando todo o centro no sentido sul/norte. Perpendicularmente a Rua da Direita observamos as demais ruas que compõem o centro da cidade, rua São Sebastião, rua Floriano Peixoto, rua Marechal Deodoro, rua Halfeld e rua Espírito Santo, e outra importante avenida, Getúlio Vargas, paralela a Avenida Rio Branco aparece também a rua Batista de Oliveira.

O núcleo urbano representado na figura 1se expande fazendo surgir novos bairros, mas sempre tendo o arruamento do início do século como centralidade principal como pode ser constatado na figura 1.

A exceção de Benfica, os demais subcentros aparecem na figura 2. O subcentro de Benfica não aparece neste mapeamento justamente por se localizar a uma distância considerável do centro principal que, portanto, não é contemplada no referido mapa.

Na década de 1970 a cidade de Juiz de Fora se beneficia do 1º Plano Nacional de Desenvolvimento67 recebendo recursos para ampliação da rede viária, beneficiando, sobretudo, a área central da cidade, o que evidencia que o centro é o elemento fundamental da estrutura intraurbana sendo, portanto, priorizado pelo plano por se caracterizar como o nó do espaço de fluxos intraurbanos.

2.2- DESCENTRALIZAÇÃO E FORMAÇÃO DE SUBCENTROS EM JUIZ DE FORA

Como já mencionado, a região polarizada por Juiz de Fora teve seu processo de desenvolvimento associado à abertura do Caminho Novo. Embora Juiz de Fora tenha sua origem ligada ao desenvolvimento da economia mineradora que estimulou a construção do “Caminho Novo”, por volta da segunda metade do século XVIII a economia mineradora entra em decadência, levando a população local a buscar novas alternativas para sobrevivência. É importante ressaltar que Juiz de Fora só se tornou cidade porque funcionava como um entreposto para os viajantes que percorriam o “Caminho Novo” levando toda a extração de metais preciosos para o Rio de Janeiro

Em decorrência de tal fato, passou-se a desenvolver na região atividades agrícolas,

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Prefeitura Municipal de Juiz de Fora. Pensando Juiz de Fora. Ano 1 – n° 2. Secretaria Municipal de Educação de Juiz de Fora, 1993.

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inicialmente para subsistência e posteriormente como atividade mercantil. O principal produto cultivado na região foi o café. Com a expansão da lavoura cafeeira, a região chegou a concentrar cerca de 26% da população escrava da província68.

Devido às dificuldades de escoamento da produção de café, Dom Pedro II autorizou a construção da estrada União e Indústria, na qual foram utilizadas as melhores técnicas existentes à época. A construção de tal estrada contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento regional.

Assim como a construção da União e Indústria, a construção de estradas de ferro foi outra importante estratégia para o desenvolvimento da região. Ambas são responsáveis tanto pela valorização quanto pela construção da cidade, integrando-a no conjunto regional, são ainda responsáveis pela rapidez e flexibilidade no deslocamento, assegurando integração e desenvolvimento econômico as cidades da região.

Outro elemento importante, responsável pelo desenvolvimento da cidade, foi a instalação da Companhia de Fiação e Tecelagem Industrial Mineira, que deu à cidade de Juiz de Fora o título de “Manchester Mineira”.

O processo de industrialização na cidade passa por diversas fases, a primeira delas associada ao predomínio de pequenas fábricas e posteriormente a constituição de fábricas de maior porte como a Companhia de Fiação e Tecelagem Industrial Mineira, principal símbolo da época.

Obras realizadas na cidade até o início do século XX culminou em novos investimentos como, transporte, luz elétrica, sistema de comunicação, serviços de saúde, educação, e desenvolvimento do setor bancário.

A partir da década de 1930 o município passa por um período de estagnação econômica devido ao declínio da industrialização e crise do café, este último principal produto agrícola da cidade. Um dos fatores responsáveis pelo declínio foi justamente a perda de recursos em relação ao Rio de Janeiro e Belo Horizonte, fazendo com que o município passasse por um processo de descapitalização.

Apesar do declínio, Juiz de Fora não entra em colapso. A cidade consegue manter certo equilíbrio, se apoiando principalmente na pequena indústria têxtil, no setor de comércio e serviços e no crescimento dos investimentos do setor imobiliário.

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Prefeitura Municipal de Juiz de Fora. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Juiz de Fora. Juiz de Fora: Funalfa, 2006a.

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Juiz de Fora de fato passa por diversas fases, inicialmente caracterizada pelo caráter mercantil, posteriormente pelo caráter industrial, e hoje se caracteriza como uma cidade dinâmica, funcionando como um polo de atração populacional, de comércio, serviços, investimentos, polarizando toda a Zona da Mata Mineira.

Com relação à tendência de polarização de Juiz de Fora, entendemos que esse

elemento se deve a importância que esta cidade possui em relação à região. Para Kayser69, a

região será mais bem formada e madura, quanto maior a importância relativa do centro e, sobretudo quanto maior for a influência que o centro exerce sobre todo o território considerado.

A atração que Juiz de Fora desempenhou sobre outras cidades no seu entorno, fez com que o seu núcleo urbano acabasse aflorando de forma mais intensa, fazendo surgir, como consequência deste processo, uma grande demanda de pessoas para trabalhar tanto nas indústrias como no setor terciário, o que contribuiu para o crescimento no índice populacional e crescimento urbano da cidade.

O crescimento da população sobre a área urbana fez surgir inicialmente um adensamento populacional na área central da cidade (centro principal), provocando mais tarde uma expansão populacional para as regiões periféricas da cidade. Essa expansão pode ser observada pela evolução da mancha urbana do município, que em 2004 ocupava aproximadamente 93,5 Km² (9.355,36 ha), o que corresponde a 23% da área urbana do município, sendo assim uma parcela que corresponde a 77% do espaço legalmente considerado urbano, de acordo com Prefeitura de Juiz de Fora70.

A expansão urbana em direção a regiões periféricas observadas em Juiz de Fora, fez surgir no município novos núcleos que se desenvolveram e passaram a polinuclear as regiões do entorno, fornecendo bens e serviços aos consumidores dessas novas centralidades. De acordo com Carlos71, essas novas centralidades por sua vez, surgem porque as tradicionais não são mais funcionais e suficientes para a reprodução e acumulação do capital.

Partindo dessa premissa, entendemos que para compreendermos a rede urbana da qual a cidade faz parte é preciso também compreender a hierarquia dos seus centros ou subcentros. A compreensão de tal hierarquia perpassa pela análise dos processos de centralização e

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KAYSER. Bernard. “A região como objeto de estudo da Geografia” p. 279-321, in GEORGE. P.

GUGLIELMO. R. KAYSER. B. LACOSTE. Y. Geografia Ativa. 5º ed. São Paulo- Rio de Janeiro: Difel, 1980. 70

Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Juiz de Fora. Juiz de Fora: Funalfa, 2004.

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descentralização. Com o objetivo de compreender a relação existente entre áreas que apresentam essa forma, bem como as transformações que ocorreram e ainda estão em curso no espaço, que acabam por criar e recriar uma nova configuração do espaço urbano e de seus aspectos socioeconômicos, é que propomos a análise de tais processos.

2.2.1 - Os processos de centralização e descentralização

Para Corrêa72 a cidade capitalista é um lugar privilegiado da ocorrência de uma série de processos espaciais, e à medida que estes ocorrem facilitados devido a enorme capacidade de intervenção do homem, desencadeiam alguns processos, cujas formas e função são materializações da organização espacial urbana.

Dentre muitos processos espaciais elencados pelo autor destacamos dois que são processos que podem ser observados em Juiz de Fora, são eles: “centralização e área central”, “descentralização e núcleos secundários”.

Para a análise do processo de descentralização que propomos neste trabalho, é preciso antes buscar a explicação sobre o processo de centralização que na verdade antecede aquele.

O processo de centralização pode ser verificado a partir do momento que se observa o estabelecimento de atividades na área central. A centralização promove a configuração do núcleo urbano segmentando-o em dois setores: sendo um o núcleo central e outro externo a esse núcleo, chamado também de área periférica.

No núcleo central verifica-se um uso mais intensivo do solo, com maior concentração de atividades comerciais e de serviços, verticalização acentuada, limitada escala horizontal que pode ser percorrida a pé, concentração diurna que segue o horário comercial.

Já o processo de descentralização se configura como aquele em que se observa uma expansão da área em torno do núcleo central, caracterizada por uma ampla escala horizontal, áreas residenciais, atividades de armazenamento de indústrias leve, entre outros.

O processo de descentralização ajuda a reforçar os núcleos externos ao centro, resulta também de uma menor rigidez locacional fomentada, sobretudo, pelo aumento constante no preço da terra, dificuldade de áreas centrais para expansão, e também devido ao surgimento de externalidades negativas. Todos estes fatores combinados promovem a repulsão da área

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central.

Cabe reforçar que não estamos aqui, nos referindo ao abandono da área central, pelo contrário, ela continua sendo o centro do núcleo urbano, importante no setor de comércio e serviços não só do município, mas de grande parte da Zona da Mata Mineira. Tratamos de caracterizá-la com o intuito de identificar que a descentralização é um fenômeno complexo e que se associa ao processo de centralização prévio, e que só ocorre quando são criadas algumas condições como infraestrutura implantada, serviços de transportes, disponibilidade de terras a preços acessíveis.

De acordo com Corrêa73 o processo de descentralização está associado ao crescimento

da cidade, aumentando as distâncias entre a área central e novas áreas. Pode aparecer como uma medida espontânea ou planejada, mas quase sempre será impulsionado pelo aumento do valor da terra na região central, aumento dos impostos e aluguéis, congestionamentos, alto custo do sistema de transporte e comunicação, e ainda dificuldade de obtenção de espaço para expansão.

Precisamos considerar ainda que o espaço também se reproduz enquanto condição de reprodução continuada, e neste caso será um elemento importante para atrair capitais que migram de um setor para outro, ou no caso do centro em relação ao subcentro, pode também migrar daquele para este por diversos motivos, como o preço da terra associado a infraestrutura, quanto pela oferta de mão-de-obra e mercado consumidor, ação estatal, ou ainda pela associação desses fatores.

Do ponto de vista do capital, a descentralização insere-se no processo de acumulação, assim sendo, esta aparece como um processo espacial associado a necessidade de reprodução do capital que se expande para outras áreas (subcentros). Essa expansão se dá pela necessidade de acumulação e reprodução do capital, que não mais fica restrita a área central, buscando novas áreas (os subcentros) para se produzir e (re)produzir.

A prática de produção que é, sobretudo, espacial, desvela a noção de produção como elemento importante para a produção material do espaço. Neste sentido, Carlos74 define ainda que é preciso diferenciar a produção do espaço e a produção das atividades no espaço. Nesta linha de análise, acreditamos que essas duas noções são dialéticas e se complementam a medida que a produção do espaço também se faz pela produção das atividades, como também

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CÔRREA. Roberto Lobato. Trajetórias Geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. 74

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a produção das atividades se faz pela organização do espaço. Nesta lógica, precisamos considerar ainda que, o espaço além de aparecer como elemento que possibilita a reprodução do próprio espaço, aparece também com condição e meio de realização das atividades.

Na região polarizada por Benfica percebemos que muitas firmas que se fixaram no local já nasceram descentralizadas, ou seja, foram criadas e instaladas na localidade, portanto, não existiam previamente no centro principal. Muitas outras firmas são filiais de empresas que se instalaram na área em busca de um novo mercado consumidor. Outros elementos também podem ser motivadores do processo de descentralização, são eles: terras disponíveis para ocupação, preço baixo da terra, infraestrutura implantada, facilidade de transporte, qualidades atrativas do sítio, mercado para sustentar a atividade descentralizada.

Diante do exposto, entendemos que se faz necessário e útil pensar e repensar, no contexto de Juiz de Fora, os processos espaciais inerentes ao processo de acumulação de capital e reprodução social, para que o entendimento dos processos espaciais descentralização e centralidade intraurbana, que não são excludentes, nos revele de que forma a expansão da cidade viabilizou o surgimento de núcleos secundários de atividades.

Acreditamos que Benfica foi eleita para realocação de capitais porque já existia uma densidade de capitais alocados na região. O setor industrial ainda em processo de instalação na localidade se aproveitou de um a infraestrutura prévia.

Capítulo 3 – ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO URBANO JUIZ-FORANO

3.1 – PAPEL DO ESTADO NA CONFIGURAÇÃO DO ESPAÇO URBANO JUIZ-FORANO

Como já destacamos em momentos anteriores Juiz de Fora já possuiu o título de “Manchester Mineira”, uma alusão a cidade inglesa retrato da industrialização mundial. No entanto, a cidade sofreu um processo de desaceleração econômica o que levou a decadência da indústria têxtil e do setor industrial como um todo.

A economia juiz-forana teve sua base agrícola, centrada principalmente na produção de café, mas antes mesmo da produção cafeeira e devido a sua localização privilegiada funcionava como um entreposto comercial no período imperial, o que já lhe conferia papel de destaque no caminho do ouro, eixo de Ouro Preto ao Rio de Janeiro. Em decorrência da sua

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localização considerada estratégica a cidade também foi palco de alguns empreendimentos inovadores para a época como por exemplo a instalação da primeira hidroelétrica da América Latina, além de Instituições Bancárias como Banco de Crédito Real e Banco Territorial e Mercantil de Minas Gerais.

Para Giroletti75 o responsável pelo desenvolvimento industrial da cidade foi a construção da Rodovia União e Indústria, ligando Juiz de Fora ao Rio de Janeiro. Segundo o pesquisador os capitais gerados no setor agroexportador não foram suficientes para desencadear o processo de industrialização, estiveram antes de tudo associado a localização privilegiada da cidade.

Contudo, a situação geográfica privilegiada da cidade não foi suficiente para impedir a sua decadência econômica, que se associa obviamente a outras deficiências de infraestrutura com: transporte, energia, telefonia, abastecimento de água, saneamento, entre outros.

Até o final da década de 40 a indústria de Juiz de Fora permaneceu crescendo. Entretanto, no final dos anos 30, já apresentavam sinais de crise que continuaria seu curso após o termino da II Guerra Mundial. No período de 1935 a 1941, como reflexo da concorrência da produção de São Paulo, não ocorreram alterações significativas no desempenho industrial de Juiz de Fora, tanto com relação ao número de estabelecimentos quanto do pessoal empregado. Porém o número de pessoas empregadas reduziu-se de 9.549, em 1939, para 7.695, em 1940 (nível de 1935), e o valor da produção diminuiu de 115.676:675, em 1938, para 105.674:450, em 1940. (BASTOS, 2002, p 5-6)

Observamos na citação acima que a cidade passa por um processo de desaceleração econômica a partir da de 30 e que se estende pelas décadas seguintes, com redução do desempenho industrial e consequente redução no número de empregos no setor.

Com objetivo de reverter a estagnação econômica enfrentada pela cidade algumas medidas foram tomadas, por isso propomos delinear a seguir a reestruturação econômica do espaço urbano a partir da década de 1970, período em que se observa a tentativa de retomada do desenvolvimento industrial.

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GIROLETTI, D. A Industrialização e Urbanização de Juiz de Fora: 1850 a 1930. Belo Horizonte, UFMG, (Dissertação de Mestrado), 1976.

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3.1.1 - Aspectos Econômicos

O contexto Nacional pós 1930 foi marcado pelo ideário desenvolvimentista de Getúlio Vargas, propondo a superação do atraso através da industrialização rápida. A década de 1950 é marcada pelo Plano de Metas de Juscelino Kubitscheck, que pretendia fazer o país desenvolver 50 anos em 5, priorizando a construção de uma indústria de bens duráveis, por isso os investimentos foram canalizados para os setores de energia, transporte, construção da capital Federal – Brasília, e indústria de base.

A década de 1970 é marcada por fatores que ajudaram a delinear o II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), dentre estes fatores destaca-se a crise do petróleo que refletiu na economia brasileira, bem como o Regime Militar sob qual o país estava subjugado. Diante do contexto econômico nacional e internacional o governo militar lançou no final de 1974 o II PND, cujo objetivo era a interiorização da produção industrial brasileira e desconcentração da produção de São Paulo, e ainda manter o crescimento econômico do país, mas com alteração de algumas prioridades. Os setores privilegiados passam a ser o de bens de capital e insumos básicos no lugar de bens de consumo duráveis justamente para tentar solucionar a dependência externa no país na busca de superar os desequilíbrios setoriais.

O pacote de investimentos do II PND consistia em ampliar a produção interna do petróleo, expansão da matriz energética com a construção da Usina Hidroelétrica de Itaipu, expansão da produção de insumos industriais como aço e metais, expansão da infraestrutura ferroviária e rodoviária. Os investimentos utilizados no projeto proviam principalmente do PIS e Pasep.

A tentativa de reindustrialização de Juiz de Fora fez parte do II PND que possuía como objetivo atrair investimento para a cidade criando-se dessa forma um novo ciclo econômico pautado na atividade industrial.

Bastos76destaca três intervenções estatais que tiveram como objetivo reverter a tendência ao declínio industrial em Juiz de Fora, são elas: a atração da Siderurgia Mendes Júnior e Paraibuna de Metais na década de 1970; atração da montadora de automóveis

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BASTOS. Suzana Q. de A. Disritmia Espaço – Tempo - Análise das Estratégias de Desenvolvimento adotadas em Juiz de Fora (MG), pós anos 70. XVIII Fórum BNB de Economia e XVII Encontro Regional de Economia,

Fortaleza/CE, 2012. Disponível em

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Mercedes-Benz na década de 1990; e a implantação do Plano Estratégico de Cidade no final da década de 1990.

Certamente as medidas adotadas contribuíram para a ampliação do setor industrial na cidade, seja através da geração de empregos ou da diversificação da estrutura produtiva. Porém, as estratégias se mostraram incapazes de rever a tendência de desaceleração do setor industrial local.

Em todos os períodos citados é clara a intervenção do Estado no sentido de induzir a localização das atividades econômicas privadas, ampliando a intervenção estatal através de isenção de impostos. A montadora Mercedes-Benz, por exemplo, obteve isenção dos impostos (IPTU, ISS, ITBI) e demais taxas de competência do município pelo prazo de 10 anos, além da doação do terreno bem como obras de infraestrutura que ficaram a cargo na Prefeitura Municipal de Juiz de Fora.

Essa política ao meu ver privilegia o setor privado e somente o setor privado. Em qualquer localidade que a empresa se instale ela vai precisar de contratar mão-de-obra local para o desenvolvimento de sua atividade produtiva. Mas os governos locais travam essa disputa desenfreada a fim de que a empresa se instale na localidade, gerando emprego e receita no futuro, após o período de isenção de tributos.

No documento anaraphaelapereiraepaula (páginas 65-114)

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