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GRUPO III Pequenas empresas capitalistas com estratégia de concorrência assentada nas relações com outras empresas – pequenas ou grandes , em relações de cooperação em sistemas comunitários ou em relação de

CONTEMPORÂNEA E A CONFIGURAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO NO ESTADO

2 CONFIGURAÇÃO ATUAL DO MERCADO DE TRABALHO NO MARANHÃO

A população total do Maranhão, em 2008, foi estimada em 6.255.784 habitantes, e a sua estratificação, por condição de ocupação e situação de domicílio, está demonstrada no quadro a seguir, subsidiando a análise apresentada.

Comparando os dados do Maranhão em relação à média nacional verifica-se que a participação da população economicamente ativa do estado em relação ao total de indivíduos com mais de 10 anos é similar à taxa média nacional, em torno de 65%. Esse é um indicador positivo, sinalizando que a pobreza do estado não resulta em uma participação relativamente maior da sua população, com menos de 10 anos, em atividades produtivas. Por outro lado, a magnitude da população residente no meio rural do estado, igual a 30% do total de indivíduos com mais de 10 anos, é o dobro da média nacional, equivalente a 16%. A assimetria entre as proporções das populações urbanas e rurais sinaliza tanto a menor diferenciação da estrutura produtiva urbana estadual (setores industrial e de serviços) - cujo desenvolvimento incipiente absorve relativamente menos a população economicamente ativa -; quanto a menor estruturação do mercado de trabalho maranhense, uma vez que nas áreas rurais tendem a predominar relações não capitalistas de produção, - trabalhadores ocupados exclusivamente para o próprio consumo e trabalhadores sem rendimento105.

105

Tomando como referência a população total, as estatísticas oficiais do país utilizam os seguintes referenciais para a descrição do mercado de trabalho nacional: População em Idade Ativa – PIA, total da população com idade entre 15 e 65 anos; População Economicamente Ativa – PEA, total da população com 10 anos ou mais que realiza algum tipo de atividade produtiva; a PEA inclui pessoas ocupadas e pessoas em situação de desemprego. Entre o total de desocupados da PEA, encontram-se as seguintes condições: desemprego aberto: total de pessoas que não realizaram qualquer tipo de trabalho remunerado e que procuraram emprego nos últimos 30 dias; desemprego oculto por trabalho precário: pessoas que exerceram algum tipo de trabalho de maneira descontínua e irregular (ocasional) e que procuraram emprego nos últimos 30 dias; desemprego oculto por desalento: pessoas que procuraram trabalho nos últimos 12 meses, mas não procuraram nos últimos 30 dias. (DEDECCA, 1998, p. 96-100).

Tabela 03

Pessoas de 10 anos ou mais de idade por condição de atividade no período de referência de 365 dias. (mil pessoas) Maranhão – 2008

Unidade Geográfica

Condição de atividade

Situação de domicílio

Total Urbana Rural

Total 160.561 135.321 25.240

Brasil Economicamente Ativa 105.943 88.291 17.240 Não economicamente ativa 54.618 47.030 7.588

Maranhão

Total 5.066 3.550 1.516

Economicamente Ativa 3.244 2.234 1.010 Não economicamente Ativa 1.822 1.316 506 SIDRA 1924 – PNAD 2008/IBGE

A distribuição da população economicamente ativa, maranhense e nacional, pr posição na ocupação, em 2008, está apresentada no quadro seguinte. A proporcionalidade de cada posição ocupacional no total de ocupados é: Brasil ► 65,1% de empregados; 8,0% de trabalhadores domésticos; 22,1% de trabalhadores por conta própria; e 4,8% de empregadores; Maranhão ► 57,0% de empregados; 8,0% de trabalhadores domésticos; 32,3% de trabalhadores por conta própria; e 3,4 de empregadores.

Inicialmente, destaco a discrepância entre os números apresentados na tabela anterior (SIDRA 1924) e nessa última (SIDRA 1908), ou seja, entre o total da população economicamente ativa no Maranhão, igual a 3.244 milhões de indivíduos (ocupados ou procurando trabalho) e o total de ocupados com rendimentos, igual a 2.173 milhões, ou seja, 67% da PEA. Essa diferença entre a população economicamente ativa e o total de ocupados, igual a 1.071 milhão, deve-se aos seguintes fatores: em primeiro lugar, a totalização da população economicamente ativa toma como referência os últimos 365 dias, independente da situação no momento da pesquisa, enquanto o somatório da população ocupada adota como parâmetro a declaração dessa condição (de ocupado) apenas na semana de referência, isto é, na semana em que a pesquisa está sendo realizada; em segundo lugar, a discrepância deve-se ao fato de que na população economicamente ativa incluem-se os trabalhadores não remunerados e trabalhadores ocupados exclusivamente para o próprio consumo, enquanto no total de ocupados estão

classificados apenas aqueles que auferiram rendimento.

Portanto, a diferença entre o total de economicamente ativos e de ocupados com rendimento, em torno de 1/3 da PEA, resulta de metodologias diferenciadas, da evolução dos níveis de ocupação/desocupação ao longo dos últimos 365 dias e, principalmente, da expressiva participação de trabalhadores sem rendimentos, sinalizador, por excelência, da baixa estruturação do mercado de trabalho estadual. No Brasil, a participação do total de ocupados com rendimento em relação à PEA equivale a 77%, sugerindo tanto a participação relativamente menor de trabalhadores não remunerados, quanto a menor variação na condição de ocupação no período anterior de 365 dias.

As distinções na distribuição por situação ocupacional da média nacional e do Maranhão também evidenciam a particular precariedade das condições de trabalho no estado. Nesse sentido, os indicadores de maior relevância são: a maior participação de trabalhadores na situação de empregados, que totalizam, em media, 65% da população ocupada nacional, enquanto no Maranhão essa proporção é de 57%; e, o mais importante, o percentual de trabalhadores por conta própria no estado, igual a 32%, é quase 50% mais elevado do que a média nacional, igual a 22% do total de ocupados com rendimento.

A maior parte dessa parcela de trabalhadores -, salvo os profissionais liberais, ocupantes do topo da pirâmide ocupacional, ao lado dos médios e grandes empregadores –, ocupa o segmento informal da economia, com baixas remunerações, inconstância na ocupação e falta de acesso aos direitos trabalhistas e previdenciários, como foi visto no capítulo anterior.

A expressiva participação de mulheres inseridas no mercado de trabalho na situação de trabalhadoras domésticas, equivalente a 19% (quase uma em cinco trabalhadoras) do total de ocupadas, é igual no Maranhão e no Brasil. Esse é um indicador consistente da precariedade geral da estruturação e da dinâmica do mercado de trabalho, brasileiro e estadual, a despeito do crescimento econômico durante a década de 2000. A persistência desse tipo de ocupação com tamanha absorção da PEA é sintoma de sociedades pouco desenvolvidas, porque viabiliza relações de subordinação direta especialmente abusiva e baixíssima efetividade dos direitos trabalhistas e previdenciários. E, mesmo nessas sociedades atrasadas, carrega o trabalho doméstico carrega o estigma de ser a alternativa por excelência para as mulheres que não têm educação formal mínima e, consequentemente, não

conseguem nenhuma outra forma de inserção no mercado de trabalho. Tabela 04.

Pessoas de 10 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, com rendimentos do trabalho principal (mil pessoas) – 2008

Posição na ocupação no trabalho principal Unidade

Geográfica

Sexo Total Empregados Trabalhadores Domésticos Conta própria Empregadores Sem declaração Brasil Total 82.027 53.382 6.542 18.136 3.967 - Homem 48.629 33.222 416 12.107 2.884 - Mulher 33.398 20.160 6.126 6.029 1.084 - Maranhão Total 2.173 1.230 165 702 76 - Homem 1.358 800 11 491 55 - Mulher 815 429 154 211 21 -

Tabela SIDRA 1908 – PNAD 2008/IBGE

O quadro seguinte traz a distribuição da população ocupada do Maranhão, em 2008, conforme a posição na ocupação e distribuição por atividade econômica. As informações mais significativas que podem ser extraídas dessa tabela são analisadas a seguir.

Inicialmente, destaco a grande participação de trabalhadores em atividades rurais, em torno de 35% e, desse total, 58% estão ocupados em atividades para o próprio consumo (43%) ou não auferem rendimentos (15%), perfazendo 20% do total da população ocupada no estado. A participação de trabalhadores no setor primário, no Maranhão, é o dobro da média nacional, igual a 17,4% e é acima, inclusive, da taxa média apresentada pela região Nordeste, que chega a 31% do total de ocupados. Por outro lado, apenas 16% do total de ocupados, nesse setor, declararam a posição de “empregados”.

Portanto, constata-se que um em cada cinco trabalhadores estava ocupado em atividades não monetárias, evidenciando a permanência, em escala expressa, de atividades econômicas pré-capitalistas no estado. Essa conjuntura resulta do baixo dinamismo do mercado interno, ao mesmo tempo em que concorre para a sua persistência. Vale mencionar que a média nacional de pessoas ocupadas em atividades não remuneradas e para o próprio consumo é de 9,5%, menos da metade da taxa apresentada pelo Maranhão.

economia familiar, em atividades agrícolas e urbanas. São basicamente os trabalhadores do setor informal da economia, ocupados nos pequenos negócios familiares. Nesse sentido, depois do setor primário, responsável pela ocupação de 72% desse contingente, são justamente as atividades de comércio e reparação – as mais representativas do setor informal da economia – as que mais absorvem trabalhadores na situação de “não remunerados”, chegando a 20% desse total.

Muito abaixo do setor primário, são as atividades de comércio e reparação que ocupam o segundo lugar na absorção da população ocupada total, incorporando 18% dos trabalhadores. Essa taxa é bem próxima da média nacional. Também são próximas as participações do total de ocupados nos setores Administração pública (4,9% na média nacional e 4,5% no estado), Educação, saúde e serviços sociais (9,2% nos dois casos), outros serviços coletivos, sociais e urbanos (4% na média nacional e 3% no Maranhão).

De fato, a peculiaridade na distribuição da população ocupada no Maranhão em relação à média do país deve-se, principalmente, à relativamente muito elevada participação das atividades agrícolas e da proporção relativamente muito menor de trabalhadores inseridos nas atividades Indústria de Transformação e Indústria – 6% do total de ocupados comparados à taxa média nacional de 14%.

Tabela 05

Pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência por