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A CONFIGURAÇÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS NO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR EM GOIÁS

4.1 – Introdução

Não obstante o estudo em foco não se restringir a uma visão local a respeito da educação superior, é preciso ressaltar que uma questão central tem orientado todo esse trabalho, qual seja: qual a recente lógica de expansão desse nível de ensino em Goiás? Tendo esta questão como norte, os dois próximos capítulos buscam mapear a configuração do campo da educação superior em Goiás na atualidade a partir de dados coletados na pesquisa de campo, dando ênfase nas políticas públicas do governo estadual destinadas à educação superior. Nesse sentido, o foco deste capítulo dirige-se à Universidade Estadual de Goiás. O quinto capítulo, por sua vez, discute a configuração do setor privado em educação superior em Goiás.

4.2 – Estratégias de pesquisa e definição da amostra

Como visto anteriormente, a Universidade Estadual de Goiás tem sido uma das principais instituições responsáveis pela recente expansão do número de matrículas na educação superior no Estado de Goiás. Resta saber, a partir dos dados coletados em pesquisa, quem são os atores que compõem esta instituição? Para responder essa questão foram

aplicados 572 questionários aos estudantes desta universidade e 67 aos professores.165 Note-se que o propósito central dos questionários aplicados a esses dois grupos de atores foi identificar, em termos socioeconômicos e culturais, os professores e estudantes que compõem a Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Não obstante os cursos de Licenciatura Plena Parcelada (LPP) terem sido os principais vetores da expansão do número de matrículas em cursos presenciais de graduação no seio da Universidade Estadual de Goiás, sobretudo entre os anos 2001 e 2003, este estudo foca, predominantemente, os cursos presenciais de graduação ofertados regularmente por esta instituição. Nesse sentido, foram aplicados questionários a estudantes de 14 cursos de graduação, sendo 13 deles “regulares” e um do Programa Emergencial de Formação de Professores, denominado de Licenciatura Plena Parcelada. Conforme se pode notar na tabela 4.1, os estudantes que responderam questionário estavam matriculados em cursos de oito unidades universitárias.

Tabela 4.1 – Número de estudantes da UEG que responderam questionário por unidade universitária, curso e modalidade.

Unidade Universitária Curso Modalidade Nº de Alunos

Anápolis – UNUCET Farmácia e Bioquímica Bacharelado 08 Anápolis – UNUCET Química Industrial Bacharelado 16 Anápolis – UNUCET Engenharia Civil Bacharelado 23 Anápolis – UNUCET Arquitetura e Urbanismo Bacharelado 24 Goiânia – Esefego Fisioterapia Bacharelado 52 Goiânia – Esefego Educação Física Parcelada* 57 Goiânia – Laranjeiras Comunicação Social Bacharelado 47

Inhumas Pedagogia Licenciatura 87

Inhumas Letras Licenciatura 24

Ipameri Agronomia Bacharelado 43

Itaberaí Sistemas de Informação Bacharelado 40

Morrinhos Ciências Contábeis Bacharelado 48

Morrinhos História Licenciatura 42

Palmeiras de Goiás Ciências Biológicas Licenciatura 61 Total de estudantes que responderam questionário 572

* Licenciatura Plena Parcelada

4.3 – Caracterização dos estudantes da Universidade Estadual de Goiás

165 Note-se que dentre os vários atores que compõem a Universidade Estadual de Goiás este estudo focou

principalmente os professores e estudantes. A exceção foi uma entrevista realizada com o diretor de assuntos institucionais dessa instituição.

De acordo com dados do MEC/Inep a Universidade Estadual de Goiás (UEG) registrou, no ano de 2006, 25.478 matrículas em cursos presenciais de graduação, sendo que deste montante 23.387 foram realizadas em unidades ou pólos universitários localizados no interior do Estado de Goiás. Nesse mesmo ano as mulheres constituíam 69,8% do público estudantil da instituição em foco. Em relação aos 572 estudantes da Universidade Estadual de Goiás que responderam os questionários a eles destinados, no início de 2008, cumpre dizer que cerca de 60% pertenciam ao sexo feminino, sendo 228 homens e 344 mulheres.

O público estudantil da Universidade Estadual de Goiás que respondeu questionário é bastante jovem. Nesse sentido, 72,6% dos estudantes pesquisados estão na faixa de idade correspondente à educação superior, isto é, possuem de 18 a 24 anos. Torna-se necessário reconhecer que existe uma diferença significativa, em termos de idade, entre os alunos dos cursos regulares de graduação e dos cursos da Licenciatura Plena Parcelada (LPP). Na medida em que os cursos da LPP destinam-se a professores que já se encontram inseridos no mercado de trabalho os estudantes de tais cursos tendem a ser mais velhos. Assim, de 57 estudantes do curso de Educação Física da Licenciatura Plena Parcelada que responderam questionário apenas seis possuem idade entre 18 e 24 anos. Por outro lado, quando se considera apenas os estudantes dos cursos regulares o percentual de jovens de 18 a 24 anos sobe de 72,6% para cerca de 80%.

Entre os estudantes com até 30 anos de idade que responderam questionário, a proporção de mulheres é um pouco superior à de homens, 89,8% para elas e 86,8% para eles. Entre os estudantes que possuem acima de 40 anos essa relação se inverte. Enquanto 6,1% dos homens declararam possuir acima de 40 anos, entre as mulheres esse percentual foi de apenas 1,7%. Na medida em que um elevado percentual dos estudantes da UEG que responderam questionário são jovens, a maioria de tais estudantes declararam ser solteiros (79,7%). Outros 17,7% afirmaram ser casados e os demais eram divorciados ou separados ou se encontravam numa outra situação conjugal.

Mais de 70% dos estudantes pesquisados declararam possuir no máximo dois irmãos, sendo que 3,1% afirmaram não possuir nenhum irmão, 41,8% disseram possuir apenas um e 29,4% declararam possuir dois irmãos. Os demais possuem três (10,3%), quatro (6,3%) ou cinco ou mais irmãos (9,1%). O fato do público estudantil da Universidade Estadual de Goiás

que respondeu questionário ser composto predominantemente por uma população jovem e solteira traduz-se no elevado percentual de estudantes que declararam não possuir filhos (82,7%). Os dados coletados apontaram para uma correlação direta entre idade, estado civil e o fato do indivíduo possuir ou não filhos. Nesse sentido, dentre os 415 estudantes que declararam possuir até 24 anos apenas 3,9% possuem filhos e dos 456 que afirmaram ser solteiros 95,2% disseram não possuir filhos.

Não obstante o público estudantil pesquisado ser considerado bastante jovem, em razão da elevada proporção de estudantes de 18 a 24 anos de idade e pelo fato de que cerca de 40% do alunado ter declarado que ingressou no ensino superior logo após ter concluído o ensino médio, 41,4% de todos os estudantes pesquisados declararam que fizeram cursos preparatórios ao vestibular, os chamados “cursinhos”. Note-se que cerca de 37% dos estudantes pesquisados ingressaram na UEG de um a três anos após terem concluído o ensino médio, 10,1% de quatro a seis anos, 5,4% de sete a dez anos e 7,2% ingressaram na universidade após dez anos ou mais de conclusão do ensino médio.

No caso da Universidade Estadual de Goiás os dados coletados em pesquisa indicam que um elevado número e percentual de alunos não moram na mesma cidade em que estudam. Para se ter uma idéia, de 572 estudantes que responderam questionário 35,3% afirmaram não residir na cidade em que cursam o ensino superior. Conforme se pode notar na tabela 4.2, a seguir, as duas unidades universitárias da Universidade Estadual de Goiás localizadas em Goiânia concentram a maior proporção de alunos que estudam e residem na mesma cidade, cerca de 85% cada uma. Numa situação inversa está a Unidade Universitária de Itaberaí, pois 63,8% dos estudantes daquela unidade declararam morar em outra cidade. Registre-se ainda que 64,7% dos estudantes que participaram da pesquisa afirmaram morar com os pais e 18,4% com esposo(a) e filhos. Os demais declararam morar com colegas ou sozinhos.

Tabela 4.2 – Número e percentual de estudantes da UEG que responderam questionário por unidade universitária e pelo fato de se morar ou não na cidade em que estuda

Mora na mesma cidade em que estuda? Unidades Universitárias

Sim Não Total

Anápolis – UnUCET 35 49,3% 36 50,7% 71 Goiânia – Esefego 93 85,3% 16 14,7% 109 Goiânia – Laranjeiras 40 85,1% 7 14,9% 47 Inhumas 53 65,4% 28 34,6% 81 Ipameri 28 63,6% 16 36,4% 44 Itaberaí 25 36,2% 44 63,8% 69 Morrinhos 50 55,6% 40 44,4% 90 Palmeiras de Goiás 46 75,4% 15 24,6% 61 Total 370 64,7% 202 35,3% 572

Os estudantes da Universidade Estadual de Goiás que responderam questionário usam freqüentemente (27,3%) ou muito freqüentemente (50,9%) o computador. Mais de 50% dos alunos pesquisados afirmaram fazer uso do computador em suas próprias residências, cerca de 20% no trabalho e outros 20% em locais não mencionados, como em Lan House, por exemplo. Apenas 4,4% dos estudantes pesquisados declararam fazer uso do computador na unidade universitária da UEG em que estudavam. Conforme 24,7% dos estudantes que responderam questionário os mesmos fazem uso do computador para entretenimento, 39,3% afirmaram utilizar o computador predominantemente para trabalhos escolares e 18,9% para o exercício profissional, no local de trabalho. Os demais declararam utilizar o computador para outras finalidades, como para realização de operações bancárias e comunicação via e-mail. Os dados indicam ainda que 86,2% dos estudantes que responderam questionário declararam ter acesso à Internet. Como se pode observar a partir do gráfico 4.1, a seguir, os referidos alunos possuem um bom conhecimento em informática.

Gráfico 4.1 - Conhecimento dos estudantes da UEG que responderam