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Figura 9 – Vista da escola pelo lado de fora.

Fonte: Foto registrada pela pesquisadora (2013).

A escola pesquisada Dolores Garcia Paschoalin está situada à Rua José de Albuquerque, 68, Jardim Masé, Jandira/SP, CEP 06.604-145, código do CIE: 908563, e-mail e908563a@see.sp.gov.br e tem como mantenedor o governo do estado de São Paulo, no ato legal: Decreto nº 26.851, de 6 de março de 1987. Está sob a supervisão da Diretoria de Ensino da cidade de Itapevi da Grande São Paulo.

Ela funciona em dois turnos diurnos e um noturno – das 7h às 12h20, 13h às 18h20 e das 19h às 23h. Essa escola é compartilhada com a prefeitura, sendo que os alunos utilizam o mesmo espaço, e são atendidos do ensino fundamental ao médio. Porém, as aulas do ensino médio são no período noturno, não havendo assim contato com os alunos da prefeitura.

A Escola Dolores Garcia Paschoalin se localiza em uma região periférica do município de Jandira, sua clientela é proveniente dos seguintes bairros: Jardim Sorocabano, Jardim Heneide, Jardim Mazé, Novo Horizonte, Jardim Brotinho, Mirante, entre outros. Algumas famílias, segundo a direção da escola, dependem de benefícios do governo, tais como a Bolsa Família, para subsistência, já outras vivem em situações econômicas mais favoráveis, com casa e carro próprio.

A escola pesquisada está na lista do estado de São Paulo como “escola prioritária” (SÃO PAULO, 2013). Segundo o próprio governo de São Paulo, algumas unidades de ensino são consideradas com vulnerabilidade educacional e o percentual de alunos no nível de proficiência “abaixo do básico” em língua portuguesa e em matemática é significativo. Para tentar reduzir a desigualdade de aprendizado foi criado o programa Educação – Compromisso de São Paulo, que prevê intervenção, acompanhamento e monitoramento, por meio das coordenadorias.

Está localizada em um bairro predominantemente residencial, com um crescimento recente de comércios de pequeno porte, como: mercado, granja, pizzaria, farmácia e outros. Nas proximidades da escola não há locais públicos para os jovens realizarem atividades esportivas, culturais ou de lazer, sendo a quadra da escola (Figura 10) o espaço que a comunidade utiliza.

Figura 10 – Espaço da quadra na escola.

Fonte: Foto registrada pela pesquisadora (2013).

A cidade de Jandira tem, geograficamente, terrenos acidentados com desníveis acentuados. Um fato interessante de notar na construção dessa escola é que a quadra fica num nível abaixo da estrutura do prédio escolar, esse fato acontece na maioria das escolas estaduais dessa cidade. É interessante observar que de certa forma a Educação Física é vista fora da escola como tendo um espaço abaixo, como se não pertencesse à escola (não quero, com isso, privilegiar esse espaço como exclusividade da Educação Física, nem tampouco achar que este é o único espaço para essa aula. Analiso dessa forma porque muitas vezes é um local socialmente e culturalmente reconhecido para a Educação Física). Ainda nessa linha de raciocínio, é

interessante notar como estruturalmente a Educação Física nessa escola foi sendo construída, basta analisar sua planta, que não consta a quadra em seu projeto (Figura 11).

Figura 11 – Planta da escola.

Fonte: Fornecida pela direção escolar (2013).

De acordo com Louro (2013a), a escola, por meio de sua estrutura, delimita os espaços. Servindo-se de símbolos e códigos, ela afirma o que cada um pode ou não fazer, ela separa e institui. Informa o “lugar” dos pequenos e dos grandes, dos meninos e das meninas. Através de seus quadros, crucifixos, santas ou esculturas, aponta aqueles (as) que deverão ser modelos e permite, também, que os sujeitos se reconheçam (ou não) nesses modelos. O prédio escolar informa a todos (as) sua razão de existir. Suas marcas, seus símbolos e arranjos arquitetônicos “fazem sentido”, instituem múltiplos sentidos, constituem distintos sujeitos.

O espaço escolar de vivência e controle do corpo discente geralmente é a sala de aula, isso não implica dizer que não existam outros espaços ocupados pelos alunos: o pátio, os corredores, os banheiros, a biblioteca, a sala do diretor etc. e onde os sujeitos também são controlados pelos funcionários da escola ou pela própria estrutura. Uma técnica ou estratégia observada de controle nessa escola é o mapeamento das carteiras. A direção escolar, com o corpo docente, nomeia no início do ano cada carteira com o objetivo de que os alunos não dispersem com conversas desnecessárias em sala de aula. Sendo assim, todos têm seus devidos

lugares registrados e todos os professores têm o controle por meio da lista piloto de cada sala de aula.

Dessa forma, a estrutura física e o próprio currículo, que são artefatos culturais, organizam, classificam, ordenam e hierarquizam as pessoas em seu interior. Escolas, prisões, entre outros, são dispositivos de relações de poder na tentativa de moldar os indivíduos e manter a ordem e a disciplina com efeitos ideológicos. A ideia de comparar a arquitetura escolar, com a arquitetura carcerária surgiu a partir da leitura da obra de Michel Foucault “Vigiar e Punir – o nascimento da prisão” (2006), que constrói um paralelo a respeito da arquitetura das chamadas “instituições de sequestro”, sendo estas, as prisões, os quartéis, os hospitais e as escolas, que levavam este nome por retirarem os indivíduos do convívio social, internando-os com o objetivo de treinar e controlar suas condutas e pensamentos. Tais instituições eram responsáveis por atitudes de vigilância e adestramento dos corpos e das mentes que abrigavam, por meio da disciplina.

Depois dessas pinceladas de como é e onde está localizada essa escola, no próximo item abordaremos a intervenção com o Círculo de Cultura e a etnografia, que possibilitaram outras vivências aos alunos e alunas e permitiram coletar outras informações a fim de identificar como o currículo interferia nas identidades femininas nessa escola.

3.2 INTERVENÇÃO NA PRÁTICA ESCOLAR: CÍRCULO DE CULTURA E A

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