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Conhecer o modelo e actuar sobre os processos de evolução das áreas edificadas

Monitorizar as áreas edificadas periurbanas

1. Conhecer o modelo e actuar sobre os processos de evolução das áreas edificadas

O PROTAML deverá ser um plano de carácter estratégico, ou deverá ser antes um plano de zonamento apto a definir o crescimento, mantendo as densidades possíveis, e/ou adequadas a uma área metropolitana como a GAML? Que tipos de problemas geram gradientes de densidade elevados, numa área metropolitana essencialmente monocêntrica, como é o caso de Lisboa? O modelo apresentado (figura IV.1) reflecte, de certo modo, o que foi dito nesta dissertação e, poderá responder a algumas das questões enunciadas.

Figura IV.1 - Modelo conceptual dos quatros processos de crescimento urbano nas áreas periurbanas (Ford; 1999)

Fonte: Adaptado de Ford, T. 1999

Área rural Periurbana Região Periferia Centro metropolitano Suburbanização Contra-urbanização Migrações centrípetas Barreira 125

A GAML é “polarizada” por um centro metropolitano, de grande “massa” que é Lisboa, em torno da qual se desenvolvem coroas sucessivas de áreas edificadas.

Contudo, a GAML tende a passar de uma estrutura centrada e quase exclusivamente dependente de Lisboa, a um sistema territorial complexo no qual a periferia irá desempenhar, cada vez mais, funções de articulação inter-regional com um papel importante na organização e equilíbrio de toda a área metropolitana.

Quando as áreas urbanas e periurbanas têm características tão díspares, há que tomar medidas, sobretudo ao nível da legislação, que controlem melhor a repartição espacial das densidades. Conhecer, desta forma, o limite do gradiente de densidade possibilitará uma melhor gestão dos espaços periurbanos, a uma escala metropolitana.

Adaptando o modelo conceptual de Tânia Ford, (figura IV.2) à GAML, verificamos que se poderá adequar à realidade metropolitana. Até aos 20km de distância do centro encontramos o centro metropolitano, onde se localizavam os clusters mais “urbanos”, as áreas com tendência para a estabilidade, e as áreas de forte dinamismo.

Figura IV.2 - Aplicação do modelo conceptual de Ford (1999) à GAML

Fonte: Adaptado de Ford, 1999.

Na área central aparecem ainda algumas freguesias inseridas no mesmo cluster, a área de contágio e as mais periféricas dentro deste centro metropolitano, já se inserem na área de franja. A área suburbana é limitada até aos 30km do centro, e inserem-se nela, sobretudo as freguesias da área de franja embora também já apareçam algumas freguesias da franja litoral e também algumas freguesias da franja rurbana.

A região perirurbana situa-se num perímetro até aos 45km de distância ao centro metropolitano e contém, sobretudo, as freguesias da franja litoral e rurbana. São estas as áreas que apresentam maiores disparidades tanto ao nível das densidades como do uso do solo, coexistindo áreas edificadas com áreas não edificadas, com características bastante distintas.

Quais as motivações á alteração das áreas edificadas, sobretudo nos últimos anos?

A este propósito, o PROTAML (2000) refere também que, a formulação da estratégia territorial para a GAML tem presente a expressão da Região Metropolitana entendida na interdependência de três dimensões territoriais, mas neste caso com maiores expressão espacial que as apresentadas na aplicação do modelo conceptual de Ford (1999):

- “A Área Metropolitana Central, constituída pelos contínuos urbanos que envolvem as duas margens do Tejo e pelos espaços mais directamente dependentes e articulados com o núcleo central metropolitano, a cidade de Lisboa.

- A Periferia Metropolitana, que integra uma estrutura urbana polinucleada, descontínua, fortemente interdependente, com uma estreita relação entre espaços urbanos e espaços rurais, na qual se destaca um conjunto de centros pela dimensão demográfica, dinâmica económica e relativa autonomia funcional em relação à Área Metropolitana Central.

- A Região de Polarização Metropolitana, que abrange um vasto espaço do território nacional onde se desenvolvem relações económicas, sociais e culturais em grande parte induzidas e polarizadas pela Área Metropolitana Central.”

Este documento acrescenta ainda que, a melhoria das condições de acessibilidade proporcionadas pela expansão e modernização das infra-estruturas de transportes tem constituído um dos principais indutores da reconfiguração da GAML e do alargamento da sua área de influência, ou seja, que o conceito de difusão das periferias, deriva sobretudo das melhorias na acessibilidade, uma vez que toda a Região Metropolitana se estrutura fundamentalmente com base nos principais eixos de transporte nacional e inter-regional, os quais estabelecem corredores privilegiados de inter-relações territoriais. Estas infra-estruturas deveriam ser positivamente estruturantes, ao invés de contribuir para aumentar ainda mais mas a desordem que se vive sobre tudo nas áreas periurbanas, onde “(…) o semear de edifícios vai contribuir para destruir o que poderia ser, numa perspectiva da procura de qualidade, a sua principal vantagem comparativa, a de um enquadramento verde e rural, romântico.” Carvalho, (2003).

O PROTAML considera ainda as áreas periurbanas como “Espaços Problema” estes espaços abrangem as áreas periféricas fragmentadas e desestruturadas com tendência para a

desqualificação urbana e ambiental e que apresentam dificuldades, pela sua localização e dimensão territorial, e que denotam um acentuado declínio urbano e fortes processos de degradação. Segundo este estudo, estes espaços correspondem a extensas áreas a reordenar e a revitalizar onde será difícil inverter tendências a curto prazo, porém não apresentam medidas concretas para o fazer.

Um ponto negativo na realização deste trabalho foi a falta de informação relativa aos movimentos dos commuters, também chamados movimentos pendulares, que permitiria saber qual a origem e o destino dos migrantes e as suas motivações, e porque escolhem determinado local para viver em detrimento de outro.

Será necessário alertar as instituições produtoras de informação estatística para a disponibilização deste tipo de dados, que permitiria aprofundar o estudo realizado e também seria possível retirar algumas outras conclusões que desta maneira não são possíveis de obter. Deste modo, a falta desta informação impede de modo claro a compreensão do fenómeno da descontinuidade espacial nestas áreas periurbanas.

A expansão das áreas periurbanas segue maior incremento em áreas com mais acessibilidade, nomeadamente as que são servidas por auto-estradas e vias rápidas e/ou outras que concentrem outros factores de actratividade. São disso exemplo os parques de ciência e tecnologia, como no caso do Tagus Park, os parques industriais, como o de Palmela, ou ainda áreas residenciais com edifícios unifamiliares como é o caso da Aroeira, ou Quinta do Peru em Azeitão (Setúbal).

Na tabela IV.1 poderemos observar alguns dos objectivos da implementação de politicas urbanas distintas em áreas periurbanas, tal como o fizeram alguns dos autores enunciados no capítulo I.

Tabela IV.1 - Objectivos de implementação de politicas urbanas distintas em áreas periurbanas

Objectivos Áreas edificadas periurbanas Equipamentos periurbanos Infraestruturas periurbanas

Estrutura Controlar/conhecer o sector Criar equipamentos locais, escolas Criar áreas pedestres

urbana imobiliário infantários, centros de dia

Estrutura ambiental Espaços públicos e de lazer e Diversificação dos espaços Criar trilhos e pistas de

e de lazer preservação de zonas verdes de recreio e lazer ciclistas

Estrutura Acessibilidades, articulação Rede mais conexa Incentivar o uso do transporte

viária dos modos de transporte público

Estrutura comercial Descentralização dos locais Equipamentos plurifuncionais Facilidade de acessos

e emprego de comércio para feiras, exposições, etc. conjugação emprego/habitação

A reorganização territorial da GAML, deverá assim depender de um processo de ordenamento do território que acompanhe as dinâmicas e tendências instaladas, as quais estão associadas, por um lado, às assimetrias e desequilíbrios socio-urbanísticos e funcionais, das áreas periurbanas, nas décadas anteriores, e também, às mudanças estruturais recentes decorrentes da alteração das condições de acessibilidade, da desconcentração de funções e actividades antes localizadas na cidade de Lisboa, e da progressiva descentralização para as periferias.

Neste caso as políticas urbanas deverão estar adequadas ao tipo de áreas em que vão ser implementadas.

É necessário conhecer as áreas periurbanas de modo a ser possível estabelecer critérios concretos dentro da política de ordenamento do espaço metropolitano e saber a que áreas poderão ser aplicadas, bem como as suas localizações.