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Conhecimento dos aspectos históricos das Histórias em Quadrinhos

5.1 PERFIL INICIAL DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA EM FORMAÇÃO

5.1.1 Conhecimento dos aspectos históricos das Histórias em Quadrinhos

Esta subseção apresenta a visão dos professores de Matemática em formação quanto à importância dos aspectos históricos das Histórias em Quadrinhos. Todas as informações foram obtidas a partir das notas de campo e do questionário aplicado nos primeiros momentos do desenvolvimento da pesquisa. A seguir é apresentado um diagrama que tem por finalidade apresentar separadamente cada opinião dos professores de Matemática em formação quanto ao conhecimento que cada um tem acerca de HQs.

A não participação de três dos sujeitos participantes envolvidos na pesquisa se deu em virtude do não comparecimento dos mesmos à aula de 08 de abril de 2015, quando aplicado o questionário.

É salutar destacar que todos os professores em formação disseram conhecer HQs. Essa homogeneidade nas respostas dadas não ocorreu quanto à finalidade de HQs. Das respostas apresentadas, a maioria foi sobre finalidades de entretenimento e de educação conforme pode ser observado na Figura 27.

Figura 27:Visão Inicial dos Professores de Matemática em Formação.

O diagrama acima foi desenvolvido objetivando representar as visões dos professores de Matemática em formação a partir das respostas dadas por eles na pergunta dois do questionário que foi:Você já leu uma história em quadrinhos?Se sim, explique como foi? No diagrama, o círculo que representa o entretenimento está a esquerda, a direita estão as respostas dadas, de que HQs possuem características educacionais. Por fim, a interseção representa as respostas que afirmam que HQs possuem duas características. Os professores de Matemática em formação descritos são tratados por nomes fictícios: Nara, Breno, Jarbas,

Marta, Saulo e Pedro. Achamos por bem analisar apenas o que foi desenvolvido pelos seis

professores em formação, pois eles participaram de todas as etapas do trabalho.

Boa parte dos professores em formação entende que HQs têm a importante função de entreter os leitores. Esta afirmação diz respeito à ideia que se tem de que Histórias em Quadrinhos são produzidas apenas para fins de entretenimento:

“as histórias em quadrinhos que já li foram para diversão e foi bastante legal, pois através dos desenhos, dos balões das falas, podemos entender melhor as histórias”(Nara, questionário, abril de2015).

Esta mesma professora em formação disse em sala de aula que gosta de ler HQs. Disse também que lia Histórias em Quadrinhos apenas para se entreter. Nara foi a única que se posicionou dizendo que HQs são formas de entretenimento.

Dando continuidade à visão que cada um dos professores de Matemática em formação sobre HQs, Breno disse que fez uso de Histórias em Quadrinhos na escola quando estava no Ensino Fundamental, que produziu uma História em Quadrinho. Jarbas comentou que leu HQs apenas na disciplina de Português. Os professores disseram conhecer HQs e entendê-las como um meio de entreter e de educar, ou seja, a relação de entreter e educar. Saulo disse que já leu várias HQs que contemplavam a interseção entre entretenimento e educação:

“é uma experiência divertida, inovadora, onde aprendemos o conteúdo e apreciamos o trabalho Artísitico. Ler só por diversão e em alguns livros didáticos apenas na resolução de exercícios” (Saulo,Notas de Campo, 04/03/2015).

Saulo afirmou que já leu várias HQs e ressaltou que a maioria das Histórias que lia era apenas para entreter, e que depois que conheceu a Revista em Quadrinhos Sesinho percebeu que algumas HQs tinham como objetivo passar conhecimento.

Por fim, Pedro disse que também leu várias HQs, que HQs não só possuem o intuito de entreter, mas também permitem ao leitor adquirir habilidades de leitura e interpretação de balões de comunicação.

Concluir que todosos professores em formação conhecem aspectos históricos de HQs apenas levando em consideração o que eles responderam em uma pergunta pode estar errado. O que se pode concluir sobre a visão dos professores em formação é que eles conhecem as finalidades, em maior evidência no mundo, a função de entreter e de educar. Como afirmam Rama et al. (2004, p. 7):

Sem dúvida, os quadrinhos representam hoje, no mundo inteiro, um meio de comunicação de massa de grande penetração popular. Nos quatro cantos do planeta, as publicações do gênero circulam com uma enorme variedade de títulos e tiragens de milhares ou as vezes de milhões de exemplares, avidamente adquiridos e consumidos por público fiel. Mesmo o aparecimento e a concorrência de outros meios de comunicação e entretenimento, cada vez mais abundantes, diversificados e sofisticados, não impediram que os quadrinhos continuassem, neste século, a atrair um grande número de fãs.

Podemos concluir que os professores em formação desconhecem a história das Histórias em Quadrinhos, pois em nenhum momento da primeira etapa da pesquisa eles se mostraram conhecedores da trajetória difícil que HQs passaram ao longo dos tempos. Ao perceber que os professores em formação desconheciam os antecedentes das Histórias em Quadrinhos, apresentamos a eles o trabalho do famoso quadrinista William Erwin Eisner, mais conhecido como Will Eisner.

Foi apresentado por meio da exibição de slides aos professores de Matemática em formação um pouco da obra de Eisner Quadrinhos e Arte Sequencial:

Figura 28:Slide apresentando o criador da arte sequencial. Fonte: Arquivos do autor

Todos receberam informações quanto aos elementos essenciais das Histórias em Quadrinhosapós apresentação da arte sequencial. Alguns professores se mostraram entusiasmados com HQs:

Poxa professor! Não entendia muito bem a respeito dos elementos que são necessários para a produção de uma História em Quadrinho. Foi legal conhecer essas técnicas, eu já tinha feito algumas historinhas, mas eu acho que não as fazia pensando nesses detalhes todos (Saulo, Notas de Campo, 22 abril de 2015).

Saulo, apesar de ter construído algumas HQs, desconhecia a história das HQs, bem como os elementos essenciais que devem constar em qualquer história narrada em quadros. Nesse sentido, o professor em formação que se dizia conhecedor dessa forma de expressão cultural, após apresentação, afirmou:

Não sabia que para construir histórias em quadrinhos eu tinha que conhecer todos esses detalhes técnicos (Saulo, Notas de Campo, 22 abril de 2015).

Nesse sentido, Eisner afirma que “tradicionalmente, a maioria dos profissionais com quem trabalhou produzia suas obras de arte de forma intuitiva. Esses não tinham ideia de que esse veículo exigia mais habilidade intelectual” (EISNER 1989, p. 57).