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Conhecimento, uma questão de Continuidade

No documento Requalificação da Quinta da Piela (páginas 72-74)

José Matosso António Barreto

18. Conhecimento, uma questão de Continuidade

Após esta conclusão relativamente ao significado de “Continuidade”, sentiu-se uma necessidade de fazer uma pesquisa mais aprofundada relativamente ao ter- ritório, com o objectivo de angariar mais informação, de encontrar linhas que potenciem uma nova abordagem, de forma contínua com o existente.

“O escalonamento, numa pequena distância, de produtos complementares ali- mentava, portanto, um comércio constante, apesar de os transportes serem nessa altura lentos e difíceis.

Tanto mais que a ligação rápida e barata, por meio do rio, aos centros exteriores, e a uma cidade onde se situava o entreposto do grande comércio internacional - o Porto -, permitia também as trocas com áreas económicas mais dinâmicas ainda, e trazia ao Douro a circulação intensa e fecundante do dinheiro. [...] Assim, foi o rio Douro que ligou este enclave mediterrânico no meio das terras altas, chuvo- sas e frias, não só ao Entre Douro e Minho e às terras ribeirinhas do Vouga, mas também à longínqua Inglaterra. Foi por ele que os requintes meridionais puderam chegar primeiro à mesa dos fidalgos e burgueses britânicos. Quando se apercebe- ram disso fizeram aí uma das suas primeiras explorações «coloniais».” (104)

Sem necessidade de debruçar muito sobre a história completa do Rio Douro, tam- bém é importante conseguir focar as pesquisas relativamente aos pontos que têm pertinência suficiente na evolução do projecto e que são um apoio ou justificação das acções projectuais numa medida de continuidade com o existente.

Relativamente ao Rio Douro, além das qualidades naturais, que já foram “des- vendadas” na viagem descrita no CAP.12, conta-nos a história que o Rio Douro foi dos principais elementos que proporcionou a oportunidade no crescimento económico destas regiões. Enquanto elemento de deslocação fluvial.

A história está repleta de momentos que marcaram o Rio Douro, uns melhores, outros piores, sendo que a deslocação por barco nem sempre terá sido fácil, ten- do ocorrido diversos acidentes com embarcações que transportavam as pipas de vinho até à Invicta. Felizmente hoje podemos alegar que o Rio Douro se encontra “Domado”, e as suas travessias se transformaram em passeios que oferecem uma ligação com a Natureza única.

“Para todos os efeitos, o Ri o Douro é mais Espanhol do que português. A sua Bacia hidrográfica, primeira ou segunda maior da Península Ibérica, co- bre cerca de 100 000 km2. Ora, desses, apenas 20 000 se situam em território português. Mas bem sabemos que quantidade não é qualidade: o Douro portu- guês tem os seus pergaminhos, deu nme a província, a vinho e a cidades. Este rio, autêntica fonte de vida e de história, bem chega para dois povos.” (105)

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No entanto, a pesquisa relativamente ao Rio Douro não é suficiente para adquirir premissas com força suficiente para actuar na Quinta, pois a sua extensão é de- masiado vasta para conseguir generalizar a sua importância. O que nos interessa para este efeito é perceber qual a ligação passada que este terá tido com a Quinta, para conseguirmos obter algumas directrizes que nos ajudem a reformular algo consistente com continuidade.

Neste momento faz-se uma chamada a um dos representantes do Terreno, para conseguir adquir essa informação, pois não existia informação na base de dados online.

Nota: gostaria de referir aqui a importância de interagir pessoalmente com pesso- as que poderão ser uma grande valia enquanto fontes de informação válida para as pesquisas, não só através da sua experiência de vida com os locais em questão, mas também por serem detentores de informações do ponto de vista do utilizador, que podem ser momentos de inflexão no nosso trabalho.

Após alguns momentos ao telefone com um dos representantes do Terreno, fomos surpreendidos pelos dados que ele nos forneceu. O nome verdadeiro da quinta é “A Quinta da Piela”, um nome bastante sugestivo, mas a sua essencia tem um propósito muito mais interessante. A quinta da Piela localiza-se num dos pontos de paragem do Rio Douro, onde as embarcações que traziam o Vinho do Porto vindos do Alto Douro, paravam para a ceia, descansarem por momentos, ou até mesmo pernoitar. A casa de apoio a esta actividade era a ruína que contém mais área, e localiza-se central ao terreno.

Estes novos dados adquiridos foram sem duvida estimulantes para a proxima pro- posta. Percebeu-se mais uma vez a importância do Rio Douro e o quão este pode beneficiar a proposta. Então em suma, decidiu-se ser assertivo no que toca ao Rio Douro enquanto meio de deslocação, e decidiu-se que o acesso ao terreno para a parte Turística (da parte dos clientes) seria feito apenas pelo Rio Douro, de maneira a que a experiência seja o mais pura possível na relação do Homem com a Natureza. Mantendo também uma continuidade na história, a Ruína que era an- tigamente utilizada enquanto apoio às embarcações, ganha novamente o mesmo sentido mas para o turísmo, fortalecendo a ideia de continuídade na história, e re- solvendo a questão do apoio necessário aos módulos turísticos. Esta decisão vem oferecer também uma nova oportunidade à Zona superior do terreno habitacional. Sendo que a estrada superior já não necessita de receber os clientes dos módulos, o seu tratamento pode ser repensado para ter um carácter mais secundário.

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Interior

“The Self”

No documento Requalificação da Quinta da Piela (páginas 72-74)