• Nenhum resultado encontrado

Com o progresso técnico-científico, com ênfase no conhecimento, torna-se imprescindível a busca de novas competências que influenciem o modelo de organização do trabalho, de forma a determinar atitudes profissionais associadas aos sistemas sociais de relações e interações múltiplas, nos diversos contextos, abrangências e especificidades (ERDMANN et al, 2006).

O desígnio pela busca da melhoria das práticas implica em mudanças no comportamento individual/coletivo/organizacional, nos processos de trabalho, na disponibilização de informações e na inclusão da reflexão crítica. A atribuição de valores às questões intelectuais e modificação da maneira de trabalhar com o conhecimento contribuem para a transformação do melhor pensar e do fazer, numa perspectiva tanto teórica quanto prática (ERDMANN et al, 2006).

Dias et al (2003) abordam a proposta do ensino emancipatório na semiologia para a enfermagem. Em especial, por esta ser a essência do curso, caracterizando-se como momento singular de construção da teoria/prática capaz de preparar os futuros enfermeiros para o cuidado humanístico. Ressalta-se também a importância da disciplina como suporte para as práticas assistenciais da enfermagem desenvolvidas em disciplinas posteriores.

Ressalta-se que, embora a HM seja um procedimento simples, ainda requer mudança de hábito, e existem discrepâncias entre conhecimento da HM e sua prática. Tipple et al (2007) em estudo com alunos da área de saúde de Goiás/GO destacaram que, apesar da maioria das situações nas quais exista necessidade de HM tenha sido citada, nenhuma apresentou índices superiores a 50%. Percebe-se que existe lacuna entre o reconhecer a necessidade de uma prática e sua adesão, pois, embora os alunos conheçam a técnica e a importância das mãos como veículo de contaminação cruzada, a adesão é baixa.

É notória e preocupante a falta de um perfil de continuidade no percurso formativo, transformando o aprendizado em algo fragmentado, o que prejudica a formação do aluno. Para agravar a situação, os métodos de avaliação utilizados são incipientes para detectar a forma como o conhecimento e o comportamento em relação à HM são aprendidos e praticados em todas as disciplinas (VAN DE MORTEL, 2009).

Para Ito e Takahashi (2002) é fundamental, na avaliação de um conteúdo, observar como o aluno trabalha o conhecimento adquirido, aproveita o aprendizado, e o aplica; qual o seu comportamento nas diversas situações e progresso no uso de instrumentos e recursos, bem como sua capacidade de usar a inteligência e o julgamento crítico; favorecendo a concretização da assistência proveniente do processo educativo eficiente.

A aprendizagem do procedimento de mensuração da PA tem gerado constante preocupação para as instituições formadoras, uma vez que se trata de procedimento realizado comumente na prática dos enfermeiros, sendo uma das suas atribuições, e a correta execução assegura confiabilidade e imagem de excelência da instituição de saúde e da profissão. (ALAVARCE; PIERIN, 2011; BOLL; IRIGOYEN; GOLDMEIER, 2012).

Segundo Alavarce e Pierin (2011), ensinar os graduandos de enfermagem, mantê- los atualizados e, sobretudo, avaliá-los quanto à mensuração da PA tem sido desafio para a academia. São notórias as deficiências nos conhecimentos e habilidades dos estudantes e profissionais acerca da mensuração da PA. Ribeiro e Lamas (2012) mostram como fonte de erro na medida da PA os próprios cursos de graduação, que podem não estar preparando adequadamente os profissionais para o procedimento.

Estudo com enfermeiros de uma Unidade de Terapia Intensiva adulto verificou que esses profissionais apresentaram conhecimento insuficiente sobre a medida direta e indireta da PA, com nota média de 4,6 no questionário aplicado. Metade dos pesquisados sentiu-se pouco satisfeito com relação ao que sabe sobre PA. Hiatos entre teoria e prática podem interferir no desenvolvimento da habilidade, o que sugere a necessidade de estratégias de avaliação da execução do procedimento e de educação continuada, com o desígnio de evitar defasagem do conhecimento (ALMEIDA; LAMAS, 2013).

O processo de punção venosa é uma das atividades rotineiramente desenvolvida pelos profissionais de saúde, especialmente pela equipe de enfermagem. A competência técnica para o correto desempenho desse procedimento exige conhecimentos provenientes da anatomia, fisiologia, microbiologia, farmacologia, psicologia, dentre outros, além da habilidade manual (TORRES; ANDRADE; SANTOS, 2005). Infelizmente, etapas do desenvolvimento do procedimento são suprimidas, fato este que torna os pacientes susceptíveis a eventos adversos sejam eles infecciosos ou não (FERREIRA; PEDREIRA; DICCINI, 2007; TORRES; ANDRADE; SANTOS, 2005).

Pesquisa com acadêmicos de enfermagem também identificou falhas quanto à execução do procedimento de PVP. Os erros ocorreram em etapas que são fundamentais para a eficácia do procedimento, como fatores ligados à proteção e segurança do cliente e do profissional, ao conforto e bem estar do cliente (ALVES; MACHADO; MARTINS, 2013). Nesse sentido, o conhecimento e habilidade da equipe de enfermagem tornam-se fundamental, uma vez que lhe permitirão desempenhar o procedimento corretamente e prevenir a ocorrência de possíveis complicações (BATALHA et al, 2010).

Parte dos alunos de enfermagem concorda que aprendem e assimilam melhor os procedimentos quando são realizados por eles próprios, porém, nem sempre na aprendizagem prática é possível encontrar oportunidades (JARZEMSKY; MCGRATH, 2008). O espaço físico em que o estudante aprende o procedimento de sondagem vesical de demora, suas condições físicas e a instrumentalização utilizada influenciam diretamente na apreensão dos conhecimentos e no desenvolvimento de suas habilidades (BALDUÍNO et al, 2012).

A sondagem vesical de demora é um procedimento complexo, para sua execução é necessário aplicação de conhecimentos de base científica, e tomada de decisões imediatas por parte do enfermeiro. O conhecimento da equipe de enfermagem torna-se fundamental pelo fato da SVD ser um dos principais fatores de risco para infecção em pacientes hospitalizados (CHERAGHI; SALSALI; SAFARI, 2010).

Evidencia-se a necessidade de mudança na concepção hegemônica tradicional do ensino, baseada no pensamento racionalista e concentrada na produção do conhecimento, buscando investir em visão mais interacionista, problematizadora das práticas e saberes, estimulando à produção do conhecimento por sensibilidade e autocrítica (MOURA; MESQUITA, 2010).

A formação profissional que se almeja para os graduandos de enfermagem deve fundamentar-se em conhecimentos e na ética, associada à capacidade para a resolução de problemas, por meio do desenvolvimento do raciocínio crítico, da autonomia, da criatividade e comunicação, proporcionando a sedimentação das competências profissionais (BARLEM et al, 2012).

Assim, o ensino na enfermagem busca a formação do profissional capacitado à prestação de cuidados de saúde ao ser humano, mediante embasamento científico e o envolvimento de habilidades que superem a formação centrada na doença, considerando o cliente holisticamente (MOURA; MESQUITA, 2010).

4 MÉTODO

Documentos relacionados