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8.2. Conjunto dos núcleos Alter e Sorraia

Em relação à Coprocultura já estabelecemos que é um factor apenas indicador do rigor do método de McMaster e, de acordo com os dados obtidos, podemos afirmar que o método de McMaster é barato, expedito, rápido e, bastante rigoroso, independentemente das dúvidas que nos levante a capacidade de amostragem e extrapolação.

Por este motivo, neste e noutros trabalhos, entendemos que este é um método a seguir pela sua simplicidade, sem perda da capacidade de extrapolação. No caso dos núcleos de Cavalos de Przewalski e Sorraia esta extrapolação não seria necessária pois todos os elementos do núcleo constam da amostragem realizada no trabalho. No entanto, existem outras populações de Cavalos de Przewalski e de Sorraias no mundo, podendo este trabalho ser um indicador do que poderá ocorrer sob determinadas condições de produção, maneio e ambientais.

Uma vez que estabelecemos as contagens pelo método de McMaster como um bom indicador fizemos toda a nossa análise circular sobre esta variável resposta.

Assim sendo, e reportando-nos aos testes de Kruskal-Wallis para cada factor vamos agora interpretá-los de acordo com os resultados para os núcleos em conjunto, já não fazendo a análise do factor Coprocultura, pois já provou a sua utilidade.

Começamos pelo factor Erva. Seria de esperar importância por parte deste factor e assim corresponderam os resultados. Três dos cinco estádios são passados na erva e é o seu consumo que permite a reinfecção do hospedeiro. Sabemos que a erva possibilita também a deslocação das larvas desde as fezes até um ponto em que os animais se alimentem uma vez que não o

fazem junto das fezes. O tamanho da erva é também importante pois os equídeos são animais com capacidade limitada de pastoreio, pois apenas conseguem consumir erva a partir de uma determinada altura.

Sabemos também que durante os meses de Verão na zona do Alentejo não há erva, levantando- nos o problema de recontaminação de uma pastagem que não existe. É deste ponto de vista que entendemos como perfeitamente natural, mais do que por causa da temperatura ou da humidade, que as contagens sejam muito mais reduzidas. Sabemos também que é no Outono que a migração de S. vulgaris termina e portanto que há maior eliminação de ovos, sugerindo também alguma evolução adaptativa por parte dos estrongilídeos. O hospedeiro aumenta a eliminação de ovos exactamente na altura em que começa a ser viável a sua sobrevivência no meio exterior. Seguidamente passamos ao factor Idade. Sabemos que quanto mais velho é um equídeo menor é o grau de parasitismo a que está sujeito Klei & Chapman, (1999), declaram existir uma correlação negativa entre a idade e os ovos eliminados nas fezes, consistente com o desenvolvimento de imunidade apresentando os equídeos mais novos níveis de OPG mais elevados (Osterman Lind et al.,1999; Döpfer et al., 2004; von Samson-Himmelstjerna et al., 2006;e Becher et al., 2010). A nossa regressão linear prova isso mesmo para todas as populações estudadas neste trabalho. Num conjunto hospedeiro-parasita que se mantém há 75 milhões de anos terá necessariamente que haver alguma adaptação, pelo que assumimos como normal que ao longo da vida de um equídeo que o conjunto hospedeiro-parasita encontre um equilíbrio.

Sabemos que os poldros são aqueles que mais sofrem, tanto em quantidade como em tipo de parasitas presentes. De acordo com Madeira de Carvalho et al. (2007) os poldros são os mais afectados tanto em quantidade, nível de OPG, como em tipo de parasitas apenas precedidos pelos asininos.

Por fim, o factor Consanguinidade tem uma importância grande. Podemos observar que é um factor relevante e agravador do parasitismo gastrintestinal, indiciando que animais mais consanguíneos sofrerão mais com parasitas. Observando a correlação entre os dois factores obtemos valores baixos, no entanto com um nível de significância 0,05 podemos ver que o p-value = 0.002296 demonstra que este valor é relevante.

Deve ser tomado em consideração que os níveis de consanguinidade dos indivíduos dos diferentes núcleos têm diferentes distribuições. O núcleo Alter tem a grande maioria dos seus indivíduos com baixo nível de consanguinidade e os restantes com alto nível de consanguinidade, significando que não há valores intermédios. Pelo contrário, no núcleo Sorraia todos os indivíduos têm valores altíssimos de consanguinidade. Em termos de inferência este facto não representa um problema mas é digno de ser revisto descritivamente.

Passamos à interpretação da importância de cada um destes factores de acordo com os testes de Kruskal-Wallis.

De todos os factores testados, a erva, a consanguinidade, o mês e a raça têm importância estatística comprovada. De acordo com Herd (1986b), já foi demonstrada a existência de picos sazonais levando-nos a crer que a altura do ano é um factor importante. Aliás neste trabalho é possível observar estes dois picos sugerindo a importância deste factor. Duncan & Love (1990)

explicam o pico sazonal primaveril com a maturação dos pequenos estrongilídeos, até então em hipobiose.

O factor Raça é também relevante, mas para comprovar mais a fundo precisaríamos de mais tempo e de outros métodos, provavelmente com recurso à genética para determinar resistência ou susceptibilidade. Com os dados disponíveis podemos adiantar que parece haver uma forma diferente de lidar com os parasitas por parte de cada raça.

Em relação às contagens de larvas L3 em coproculturas podemos verificar uma prevalência de 99,99167% portanto a quase totalidade das coproculturas identificou larvas L3. Dentro desta quase totalidade temos a presença de apenas dois tipos de organismos, Strongylus vulgaris e Cyathostomum sensu latum, e a sua prevalência individual é de 100%.

Ao longo do ano as coproculturas mantiveram as mesmas percentagens relativas de cerca de 80-20%, sendo o maior grupo o dos ciatostomíneos. Houve uma pequena variação verificada em Setembro em que os Strongylus vulgaris registaram um aumento da sua percentagem relativa, atingindo os 40%. Este facto fora já explicado por Duncan & Love (1990) in Madeira de Carvalho (1991) em que a migração e a maturação de S. vulgaris no Hemisfério Norte: “Nos países quentes temperados, que apresentam Inverno húmido com temperaturas moderadas e um Verão seco, o nível máximo de L3 na pastagem é atingido no Outono”.

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