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Esta sessão apresenta um quadro geral da estrutura das receitas municipais da Região Metropolitana de Belém – RMB, em 2003, formada pelos municípios de Belém, Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Bárbara. Do total de 1.878.490 habitantes residentes na RMB, Belém concentra 70,41% dessa população, seguida de Ananindeua, com 22,54%, cabendo aos três demais municípios apenas 7,05%. A dominância populacional da capital paraense no contexto metropolitano se repete na estrutura das receitas municipais analisadas. Para efeito de apresentação dos dados, optou-se pela divisão espacial em três áreas: Belém, Ananindeua e os demais municípios. Discrimina-se as principais rubricas referentes às receitas municipais, com destaque para alguns itens de despesa. Na terceira e última sessão, desenha-se o perfil da receita per capita.
A Tabela 30 apresenta a composição da receita municipal e evidencia a diferença entre a capital e os demais municípios metropolitanos. Com os dados é possível verificar que quanto à Receita Tributária Própria no Município de Belém as receitas tributárias próprias desse município correspondem a 92,83% do total arrecadado na RMB e apresentam-se significativamente superiores às arrecadadas nos demais municípios metropolitanos, a saber: Imposto Sobre a Propriedade Predial, Territorial e Urbana – IPTU, 95,61%; Imposto Sobre Serviços – ISS, 91,30%; Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis – ITBI, 91,60%; e Taxas e Contribuição de Melhoria, 94,91%. Já no Município de Ananindeua: as receitas tributárias próprias correspondem a 5,79% do total da RMB, com destaque para o Imposto Sobre Serviços – ISS que representa 72,42% do total arrecadado. Nos demais
municípios: representam apenas 1,37% do total das receitas próprias arrecadas na RMB, sendo o Imposto Sobre Serviços – ISS também a maior arrecadação, com 67,88 %. Assim como resumo metropolitano, depreende-se que as Receitas Tributárias Próprias da RMB representam 15,37% da Receita Corrente Líquida e 14,94% da Receita Total Líquida arrecadas nessa região. Destaca-se o Imposto Sobre Serviços – ISS que corresponde a 58,92% do total das Receitas Tributárias Próprias e representa 9,06% da Receita Corrente Líquida, ambas metropolitanas.
Quanto às Transferências Correntes, os dados indicam que Belém recebe 79,11% das transferências provenientes da União destinadas a RMB, sendo a mais significativa a referente ao Sistema Único de Saúde (52,86%), seguida pelo Fundo de Participação do Município – FPM (37,17%). Quanto às transferências estaduais, Belém recebe 81,50% do total repassado aos municípios metropolitanos, sendo que a quota parte do ICMS é a mais expressiva e corresponde a 88,44% do total das transferências estaduais destinadas ao município de Belém. O Município de Ananindeua recebe 14,01% das transferências federais destinadas a RMB, sendo as mais significativas as referentes ao Sistema Único de Saúde (47,28%), seguida pelo Fundo de Participação do Município – FPM (38,88%). Quanto às transferências estaduais, Ananindeua recebe 15,13% do total repassado aos municípios metropolitanos, sendo que a quota parte do ICMS é a mais expressiva e corresponde a 85,52% do total das transferências estaduais destinadas a esse município. Enquanto a participação dos demais municípios da RMB no recebimento de transferências federais e estaduais apresenta-se inexpressivo, corresponde a 6,88% das transferências da União e 3,37% das transferências do Estado, sendo os mais expressivos o FPM (54,95%) e o ICMS (87,99%), respectivamente. Portanto, as Transferências Correntes, compostas por transferências da União, dos Estados, do Sistema Único de Saúde e de Outras Transferências (intergovernamentais e convênios) correspondem a 71,63 % da Receita Corrente Líquida da RMB. Já as transferências da União para a RMB são significativas e correspondem a 64,26% do total das transferências correntes, seguidas das transferências estaduais que representam 27,63%, ambas calculadas sobre o total das Transferências Correntes. A transferência mais significativa da União para a RMB refere-se ao Sistema Único de Saúde que corresponde a 50,85%; na seqüência, o Fundo de Participação do Município – FPM representa 38,63% do total repassado aos municípios; a quota parte do Imposto Sobre Circulação e Serviços – ICMS, transferido pelo Estado aos municípios da RMB, corresponde a 83,09% do total das transferências
estaduais. O total das Transferências Correntes corresponde a 73,70% do total da Receita Corrente Líquida, observa-se, portanto, uma dependência dos municípios da RMB com relação às Transferências Correntes, em especial das provenientes da União.
Quanto às demais transferências, os dados indicam que: somente os municípios de Belém e Marituba recebem a transferência do Sistema Único de Saúde – SUS, sendo que o valor repassado a Belém corresponde a 90,60% do total. Quanto a transferências intergovernamentais, o repasse mais expressivo refere-se ao FUNDEF, sendo que Belém recebe 64,24%, Ananindeua 23,88 e os demais municípios 11,88%, entretanto, todos os municípios, com exceção de Belém, recebem complementação do Fundef, cabendo a Ananindeua 66,65% e aos demais 33,35%. Quanto à transferências de convênios, as transferências estaduais para os municípios são mais expressivas que as transferências da União nessa categoria. O Estado repassa, por meio de convênio, 60,36% para o município de Belém, enquanto Ananindeua e os demais municípios recebem 27,26% e 12,30%, respectivamente. Os convênios repassados pela União representam a metade do valor repassado pelo Estado e estão assim distribuídos: Belém – 61,61%; Ananindeua – 6,54%; os demais municípios – 31,85%.
No que se refere ao quadro de receitas patrimoniais, Belém representa 92,21% do total arrecadado no item Receita de Valores Mobiliários da RMB, cabendo 6,27% a Ananindeua e 1,52% aos demais municípios, sendo esse o item mais significativo nessa categoria de receita. Quanto às Receitas de Capital, Belém representa 88,35% do total desse item, cabendo aos demais municípios 7,77% e ao município de Ananindeua 3,88%.
Finalmente, o perfil da Receita Total Líquida Per Capita é o seguinte: » Belém: a Receita Total Líquida corresponde a R$ 503,10/habitante. » Ananindeua: representa R$ 232,02/habitante.
» Demais municípios: apresentam uma Receita Total Líquida de R$ 311,19/ habitante (Marituba: R$ 280,70/hab; Benevides: R$ 321,86/hab.; e Santa Bárbara do Pará: R$ 486,60/hab.).
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A trajetória da gestão da RMB nos reporta a três momentos marcantes. O primeiro deles foi o de sua própria institucionalização com os municípios de Belém e Ananindeua em 1973, pelo governo federal, como uma decisão geopolítica. O segundo foi o da promulgação da Constituição de 1988, e conseqüente alteração dos mecanismos de gestão que viabilizavam procedimentos de abrangência metropolitana. E o terceiro foi a sua instituição pelo governo estadual em 1995, com a inclusão dos três novos municípios – Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará, a partir de pleitos políticos e pressões do setor privado pela unificação de tarifas de serviços públicos.
Segundo Lisboa Júnior (2001), os primeiros anos de gestão da RMB foram dedicados à instrumentalização, com ações realizadas pela Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (CODEM), integrante da estrutura administrativa do Município de Belém, enquanto o governo estadual implantava o Sistema Estadual de Planejamento. Em seguida, a gestão metropolitana foi concentrada na Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN), sendo mantida a CODEM como seu braço executivo. Durante este período iniciado com a institucionalização em 1973 até o final da década de 1980 foram tomadas diversas providências relativas ao planejamento e sistematização de informações do espaço metropolitano, a partir dos quais foram traçadas as diretrizes das políticas setoriais de saneamento, transporte e habitação, executadas no período posterior (1983 a 1986).
A década de 1980 e início dos anos 90, período marcado por ações esparsas, seja para a gestão metropolitana, seja pelos esforços de articulação da gestão de políticas de