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A consciência e os movimentos da alma

O amor dá certo, quando se submete às leis superiores e a uma ordem superior. Todas as tragédias ocorrem naquele ponto em que alguém acha que, com seu amor, pode burlar essas leis e ordens e torná-las nulas. Também as tragédias em família se baseiam nessa presunção. Por exemplo, quando uma criança acha que pode salvar seus pais, tomando para si mesma as dores ou expiando a culpa deles. Com isto, exalta-se sobre seus pais e retira-lhes a dignidade. É verdade que, assim, age por amor e sente-se em harmonia com sua consciência e por isso é inocente. No entanto, está agindo contra uma ordem superior e, por isso, está fadada ao insucesso.

A consciência nos seduz através da sensação de inocência, para que transgridamos os limitesestabelecidos e é por isso mesmo, por confiarmos nela, que nos leva a tanta infelicidade e sofrimento. Por isso, reconheceremos as leis superiores somente quando conseguirmos escapar da influência da consciência até o ponto em que sejamos levados por um movimento da alma, que permaneça em harmonia com as leis superiores e a ordem superior.

para James O que vimos na constelação com você foi um movimento da alma, que ultrapassou os limites da consciência e, num nível superior, encontrou uma solução que reconciliou todos com todos.

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ERDADEERDADE

A verdade muda. O que considerávamos, nos anos anteriores, como sendo verdadeiro e válido, mais tarde prova ser incompleto e ultrapassado. Nesse sentido, a verdade é mutável.

A questão é: afinal, por que e quando? Quando passamos a interiorizá-la como se pudéssemos possuí-la. Essa verdade é mutável, porque a realidade prova ser mais forte, ou seja, é algo que não nos é dado de mão beijada ou que dependa de nossa vontade ou de nosso anseio. Ao contrário, prova ser algo que, como adversário impiedoso, impõe-se por seus efeitos e nos obriga ao reconhecimento e à submissão.

Essa verdade nos é predeterminada e revelada apenas parcialmente, à medida que lidamos, de forma cuidadosa, com o que nos defronta como sendo realidade, estando abertos ao aprendizado e à medida que nos submetemos a essa realidade, onde ela assim o exigir. Por isso, apenas as realidades pensadas parecem ser imutáveis e eternas. O real em si sempre manifesta sua riqueza e sua profundeza de modo apenas provisório e limitado, ocultando-nos a maior parte e o todo. Por isso, mesmo aquilo que nos parece ser contraditório pode estar acolhido dentro do todo e cada contradição pode, também, ser verdadeira à sua maneira. Portanto, o que dentro da lógica nos parece contraditório pode, contudo, provar ser verdade, quando avaliado conforme seus efeitos e sua duração, entretanto, somente como uma parte da verdade.

Visto a partir da essência da verdade, ou seja, a partir da percepção de que a plenitude e a profundeza dessa verdade permanecem quase totalmente ocultas para nós; o evidente e aquilo que pode ser comprovado estão, antes, localizados em sua superfície ou em sua periferia. Até que ponto e em qual extensão pode ser estimado pela intensidade da emoção, da comoção e da abrangência com que nos afeta. Por exemplo, uma obra poética que nos parece obscura pode captar o que somos de maneira mais plena e profunda do que muito argumento científico, pois atrás de suas palavras pressentimos algo maior e mais profundo do que as próprias palavras dizem. Por isso a experimentamos frequentemente como mais próxima da verdade.

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SSENCIALSSENCIAL

No essencial alcança-se o descanso, pois ele realiza. Quanto mais nos desviamos do essencial tanto mais irrequietos, desatentos e confusos nos tomamos. Por isso, podemos ler nas linhas de nossa vivência até que ponto estamos conectados a ele ou até que ponto nos afastamos dele.

Quando chegamos ao essencial, sentimos que estamos indo adiante, que algo está chegando à sua meta e, de certa forma, sentimos que, ali, algo essencial está se desenvolvendo.

O essencial é comum a muitas pessoas e coisas. Por isso, nele deixamos o particular, o estreito, o ávido e o desmedido para trás; somos inseridos, disponíveis, abrangentes e dedicados.

O essencial — diferente do não-essencial — perdura e, porque pode ser calmo e sereno, começa muitas vezes sendo discreto. No entanto é, também, persistente. É agradável e, no decorrer do tempo, acaba sendo carregado por muitos.

Como se chega ao essencial? Sobretudo através do esperar, pois o essencial não se mostra imediatamente, apenas no momento certo.

Às vezes, quando já nos desviamos do essencial, pode demorar muito até que o alcancemos novamente, pois ele também requer despedidas.

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ERTOERTO

O certo é algo próximo que é, ao mesmo tempo, necessário epossível sem despender muito esforço. Permanece em harmoniacom o ambiente e dele retira sua compreensão e sua força. Por isso, permanece modesto, não oprime; é benfazejo mesmo quando, de repente, intervém incisivamente pois, após a ação, silenciosamente ele se retrai de novo.

Apesar de estar totalmente direcionado ao que lhe está próximo, atua para muito além disso, assim como a raiz nutre os galhos mais afastados do tronco de uma árvore, apesar de nunca chegar a vê- los. Por isso, também nós, quando fazemos o que nos compete no âmbito mais próximo, não precisamos nos preocupar com o distante.

Quando, ao contrário, preocupamo-nos com o distante e achamos que podemos forçá-lo, com a nossa preocupação, a tomar um rumo que nos parece mais cômodo ou melhor, acabamos por perder-nos em sua diversidade e nos enfraquecemos.

O certo acontece no momento certo, no local certo e, portanto, no ponto exato onde a ação se toma possível.

Odistante dificilmente pode ser alcançado pela ação, considerando tanto o local quanto o momento. Ao mesmo tempo, ao nos preocuparmos com o distante, o possível próximo nos escapa e, com ele, aquilo que conta.

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ENTROENTRO

A diversidade que encontramos no mundo, na profundidade se baseia em algo que lhe é comum. Na profundidade ela flui e se aglutina em algo singular, de onde tira sua energia, sua determinação, sua singularidade. Portanto, apesar de, superficialmente, parecer diversa e, muitas vezes, até contraditória, cada coisa está ligada às outras de maneira equivalente e, no final, confunde-se com elas.

Por isso, podemos confrontar a diversidade de duas maneiras. A primeira, quando observamos o singular em sua diversidade ou em sua contradição e na luta ―por um lugar ao sol‖ — usando aqui uma imagem para o impulso no Ser, que o impele adiante. Então, a diversidade e a individualização do diverso talvez possam nos confundir a tal ponto de nos abrirmos apenas a uma fração e ignorar ou negar aquilo que nos parece estranho no outro ou, até mesmo, nos assusta.

Podemos também nos expor ao todo em sua diversidade de tal maneira que o percebemos como se viesse do interior, do seu centro. Isso pressupõe que o encontramos a partir de nosso próprio centro, permanecendo, ao mesmo tempo, concentrados em nós mesmos, bem como abertos ao muito em sua diversidade para, dessa forma, apreendê-lo como unificado por dentro e por fora.

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MOR MOR

O amor une de duas maneiras: no bem, quando alcança sua meta e no mal, quando fica impedido de alcançar sua meta. Nesse últimocaso, o amor se transforma em ódio. No entanto, o ódio, para além da separação, não une menos que aquele amor que alcança sua meta sem separação. O ódio, muitas vezes, nos une a um antagonista, até mesmo de forma mais duradoura e com força exacerbada. Porém, quando os amantes se reencontram após a separação e após o sofrimento que padeceram e que causaram, seu amor é mais puro, mais cuidadoso e mais respeitoso do que era antes. Estão cônscios da fragilidade e da vulnerabilidade de seu relacionamento até mesmo no cotidiano e ficam, então, mais moderados, menos exigentes e mais tolerantes do que antes.

Para desenvolver-se, o amor precisa de ambas as maneiras, se bem que somente dentro de determinados limites. Quando esses são ultrapassados, o abismo entre os amantes vivos se torna intransponível. Mas não entre os amantes mortos. O que não for realizado aqui em vida se toma imprescindível entre os mortos, se quiserem completar a sua morte no sentido de que lhes seja concedido perecer e esvair-se definitivamente, esquecendo e sendo esquecidos.

Essa afirmação é ousada. Ninguém pode conferi-la. Se algo nela fosse verdadeiro, seria apenas uma pequenina pedra em um mosaico infinito. Contudo fiz essa afirmação pois ela atua — mesmo que, talvez, não em proveito dos mortos — porém, de forma remediadora e reconciliadora para os vivos que eram próximos aos mortos, por exemplo, seus filhos ou netos.

No trabalho com as Constelações Familiares, os representantes dos vivos são colocados ao lado dos representantes dos mortos. Apesar da ausência física das pessoas reais, vivas ou mortas, que estão sendo representadas, elas se tornam presentes nos representantes. Tanto que estes sentem e procedem como se estivessem conectados à alma dos ausentes e como se as almas dos mesmos os possuíssem durante aquele período. Neste processo fica visível que os mortos, que não conseguiram reaproximar- se em vida, alcançam a paz na morte, quando o amor, que não conseguira alcançar sua meta, devido ao ódio ou injustiça, posteriormente anula a separação e, com isso, também o ódio e a injustiça.

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MORMOR

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AIOR AIOR

Bastante amor é vínculo. É instintivo e frequentemente cego. Com esse amor cego, as crianças fazem algo por amor, um amor que perpetua uma infelicidade, ao invés de terminá-la. Assim são as crianças.

Quando nos tomamos adultos e nos expomos à diversidade da realidade, se ficamos presos dentro do amor infantil nos limitamos a uma pequena parcela da realidade, ou seja, àquela parcela da realidade que corresponde, aproximadamente, àquilo que foi possível, em compreensão e amor, dentro de nossa família. Esse é um amor menor.

Esse amor menor nos leva a aceitar uns e excluir outros, por exemplo, um outro povo, uma outra cultura, uma outra religião. Permaneceremos estreitos.

Quando o amor cresce torna-se amplo e concilia, em sua própria alma, mais e mais daquilo que, antes, foi recusado ou temido. Assim, transcende-se o amor menor e, ao final, consegue-se harmonizar, dentro da alma, muitas diferenças e contradições: vida e morte, saúde e doença, vítima e agressor, também o mal, a culpa — o todo.

Além disso, passamos a viver, por assim dizer, não somente aqui no presente, mas também estamos conectados com tudo que existiu antes de nós; não somente com os vivos, mas também com os mortos. O reino dos mortos, quando comparado ao reino dos vivos, é muito maior e atua continuamente no reino dos vivos, pois estamos alicerçados em nossos antepassados. Em nós eles continuam atuando. Também, tudo que deixa de existir na natureza ressurge em algo diverso e novo.

Quando nos abrimos a esse ciclo, para que tudo que passou, por assim dizer, reviva em nós, e quando concordamos que também pereceremos e, apesar disso, continuamos a atuar no perecer, somos unos em nosso amor, com tudo antes e depois de nós e, naturalmente, com tudo aqui, em nosso presente.

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OUTRO OUTRO

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MOR MOR

Quando olho nos olhos de um ser amado e digo: ―Eu amo você‖,estou abrindo-lhe o meu coração — e tocando o seu.

Mas, será que ele poderá, realmente, confiar em meu amor? Meu ^amor será forte o suficiente para aguentar firme até o fim e passar por todas as provas possíveis, ou essa frase não estaria

sobrecarregando a ele e a mim?

Meu amor ganha força, quando não for desejado e sustentado unicamente por mim — e quando não for direcionado apenas ao outro, mas também àquilo que é maior do que ele, que determina seu destino e que o reivindica para si. Portanto, devo ampliar esta frase ―Eu amo você‖ até que, nela essa outra dimensão seja reconhecida e abrangida. Então, digo ao outro não tão somente ―Eu amo você‖ e, sim, digo-lhe ―Eu amo você — e aquilo que conduz a mim e a você.‖ Eu amo você — e aquilo

que conduz a mim e a você.

Aquilo que conduz a mim e a você talvez nos conduza, por um certo tempo, pelo mesmo caminho. Portanto, nos une nesse caminho de maneira íntima e afetuosa. Depois, cada um de nós talvez se dê conta que está sendo conduzido por um outro caminho a um outro destino. Aquilo que nos conduz poderá, e talvez até deva, nos separar. Quando vemos e reconhecemos tal possibilidade, o que acontece com nosso amor? Terá, então, chegado ao fim?

Não. É justamente aquilo que parece estar nos separando que nos une, de maneira mais profunda. Assim, nos tomamos unos tanto com o ser amado quanto — juntamente com ele — com algo maior. Esse amor é a base do respeito. Eu somente respeito o outro como ele é quando, primeiramente, também respeito o que o conduz. E também somente respeito a minacomo eu sou quando, antes, também respeito o que me conduz.

Agora podemos perscrutar dentro de nossa alma o que isto significa para os nossos relacionamentos. Por exemplo, quando numa relação a dois, homem e mulher dizem um ao outro: Eu amo você — e aquilo que conduz a mim e a você. Ou quando pais dizem a seus filhos: Eu amo você — e aquilo que conduz a mim e a você. Ou quando uma criança diz ao pai ou à mãe: Eu amo você — e aquilo que conduz a mim e a você.

Podemos também dizer esta frase a um doente, que nos pede ajuda: Eu amo você — e aquilo que conduz a mim e a você. Então, talvez possamos compreender o sentido de sua doença e o caminho ao longo do qual esta o conduz. Talvez, também, possamos compreender se somos capazes de ajudá-lo, se formos convocados para tal. Então, não seremos nós os únicos que, apoiados por nosso conhecimento e nossa experiência, estaremos intervindo em seu destino. Seremos conduzidos por algo que transcende a nós e a ele e ao qual ambos nos submetemos, da mesma maneira.

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OSSEGO DOOSSEGO DO

CC

ORAÇÃOORAÇÃO

Conhecemos as palavras de Santo Agostinho: ―O nosso coração está inquieto enquanto não sossegar em Vós.‖ O que estas palavras nos dizem hoje em dia? Como encontraremos, no cotidiano, o sossego do coração, o sossego da alma, o sossego do espírito?

Encontraremos esse sossego quando concordarmos com tudo que nos move assim como é; quando concordarmos conosco mesmos assim como somos; quando alcançarmos a harmonia com aquilo que antes, talvez, não quiséssemos que fosse verdade; quando não mais nos opusermos àquilo que parecia barrar o nosso caminho.

Quando tivermos encontrado esse sossego do coração, estaremos, também, em harmonia com nossos pais, nossos irmãos, nossos antepassados e nosso destino. Quando aceitarmos nosso parceiro ou nossa parceira como ele ou ela é, sem o desejo de promover a mínima modificação nele ou nela — qualquer que seja — também estaremos em paz com ele ou ela e teremos sossego. Se tivermos filhos e os aceitarmos assim como são, com seu destino singular, suas capacidades singulares, seus limites singulares, seu amor singular, estaremos em paz com eles e teremos sossego.

Quando estivermos lidando com outros grupos que talvez possam parecer difíceis e que tememos poder estar contra nós e se, apesar disso, os aceitarmos assim como são, exatamente do modo como são, sossegaremos e, talvez, nos tomaremos irresistíveis para eles.

Partindo do sossego do coração, também podemos alcançar a harmonia com outras camadas sociais, outras religiões, outras raças, outros povos. Quando os aceitamos assim como são, a desconfiança cessa.

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Aforismos:

Aforismos: Amor

O amor é forte como a morte, e não recua. Alguns têm a ilusão de que seu sofrimento salva o mundo.

Mas, muitas vezes, rouba a felicidade de muitos outros. Sem amor não há solução.

Pouco amor, pouco efeito.

Junto a homens bons ou mulheres bondosas é preciso mudar. O que vem do coração não dá trabalho.

Quem está vivo também é capaz de amar.

O mais difícil no amor, muitas vezes, não é a sua presença e sim, a sua confissão.

O âmago do amor é intocável. Sem homens não há crianças.

Nada mais fácil do que fazer um filho, e, no entanto, é o mais grandioso. O amor purifica o outro das próprias imagens — e da própria intenção.

Amor? Vem de longe e vai longe. O que é uma referência sem amor?

O amor guarda segredo. Cão em corda comprida prefere voltar.

O rubor desaparece quando se ama os desejos secretos. Não há nada maior que a mãe.

Quem procura o vinho, procura a mãe.

Os filhos querem que os pais sejam grandes, não iguais. Não se deve procurar os pais que se afastaram.

O amor permanece. Dor do coração se cura com a mãe.

Quando se reconhece a ligação, o desligamento se torna fácil. O grande amor está acima do uso mesquinho. Quem ama com exclusividade não ama o todo.

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XPERIÊNCIA XPERIÊNCIA

O experienciar tem por base uma expansão, seja ela interior, doego para o próprio corpo, para a própria alma, para o própriopensamento; seja para além do próprio ser, em direção ao outro que nos defronta e que se estende para além de nós.

Nossos órgãos dos sentidos e nossos membros possibilitam este estender-se para além de nosso corpo: visão, audição, olfato, tato, paladar. Quando a eles se junta o movimento, podemos passar as mãos em algo e agarrá-lo, e com os nossos pés podemos nos aproximar daquilo que está longe e o sentir de perto. Assim, transferimos o exterior para dentro de nós e o interiorizamos. Ao mesmo tempo também estamos, com isso, dirigindo para o exterior, tornando-nos parte dele enquanto o modificamos, seja porque o desenvolvemos — consideremos, por exemplo, o cultivo e cuidado de plantas e animais — seja porque o destruímos. Enquanto o destruímos, uma parte de nós também desaparece.

Tal experiência pode ser descuidada, porque permanece irrefletida e, portanto, exterior, ou, pode ser atenciosa, até mesmo devota, pois apreende algo essencial ―daquilo lá fora‖, por assim dizer, toca seu íntimo, recebendo daí uma resposta e um aviso. Estabelece com o exterior uma relação, como que de alma para alma, pela qual compreende o próprio ser e ―aquilo lá fora‖ como parte de um todo maior e, dessa forma, consegue harmonizar-se com ele. Assim, o exterior se torna expe- riência interior de uma maneira muito especial.

Afora essa experiência exterior, há também uma experiência interior, por exemplo, de bem-estar ou de dor. Também experimentamos que, independente do exterior, podemos imaginar algo, sonhar com algo e fazer planos, criando, assim, para nós um mundo interior.

Agora, podemos transferir a imaginação desse mundo interior para o exterior, confrontando o mundo exterior com as imagens, expectativas e metas desse mundo interior e querendo subjugá-lo ao interior ou medindo o imaginário do mundo interior em comparação ao exterior, moderando um conforme o outro,harmonizando ambos e, assim, expandindo, aprofundando e enriquecendocada um através do outro. Também aqui setrata, em última análise, da harmonia com um todo maior, com uma alma comum maior.

Nesse sentido poderíamos entender as duas últimas estrofes do 14a Soneto de Rilke da Segunda

Parte dos Sonetos a Orfeu4.

Se alguém as embalasse em sono profundo, e, a elas se aninhando, adormecesse junto, amanheceria leve e distante das coisas do mundo? Ou, talvez, se ele ficasse, elas florariam em tudo, a louvar o convertido. Ora também oriundo, irmão das irmãs do vento, pelos prados de veludo.

4 Trecho retirado da obra: Os sonetos a Orfeu - Elegias de Duíno— Rainer Maria Rilke; tradução e seleção,

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ENTIMENTOSENTIMENTOS

Muitos sentimentos têm algo a ver com uma situação real, por exemplo, a morte do pai, a perda da mãe, uma separação prematura da mãe, a morte de uma criança ou com o amor entre homem e mulher. Em todos esses sentimentos, os olhos estão bem abertos. Quando somos testemunhas de tais sentimentos podemos compartilhá-los sem renunciar a nós mesmos, antes pelo contrário, sentimo-nos enriquecidos quando compartilhamos esses sentimentos. Sentimo-nos mais humanos. Chamo esses sentimentos de sentimentos primários.

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