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Após sua aprovação em Seminário de Qualificação, aos 28 de novembro de 2016, o projeto de pesquisa do qual resultou a presente dissertação foi submetido eletronicamente ao Comitê de Ética em Pesquisa [CEP] do Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia, através da Plataforma Brasil, sob o CAAE n. 62558116.7.0000.5686, com o protocolo devidamente instruído e documentação correlata, em vistas ao exame de seus aspectos éticos, em observância ao disposto nas Resoluções n. 510, de 7 de abril de 2016, e 466/2012, do CNS (Brasil. MS, 2012, 2016). A autorização para a coleta de dados foi aprovada através do Parecer Consubstanciado n. 1.960.457, emitido pelo CEP supracitado, aos 12 de março de 2017. Alguns dias depois, a coleta de dados foi iniciada. Concluída a investigação, foi enviado ao referido CEP, através da Plataforma Brasil, o Relatório Final do estudo. Aos 7 de novembro de 2017, o aludido CEP, por meio do Parecer Consubstanciado n. 2.368.720, aprovou em definitivo a pesquisa, viabilizando, assim, a defesa da dissertação.

Na primeira das duas visitas que fez à unidade, o pesquisador conduziu o Processo de Consentimento Livre e Esclarecido a que se refere a Resolução n. 510/2016 do CNS (Brasil. MS, 2016). Dentre as várias formas de comunicação e registro desse consentimento elencadas na resolução, optou-se pela expressão escrita. Tal escolha se baseou em um dispositivo da referida resolução, o qual estabeleceu que, caso o consentimento não fosse registrado por escrito, ao participante deveria ser garantido o acesso ao registro do seu consentimento sempre que solicitado. Todavia, por se encontrarem em um contexto de privação de liberdade, seria bastante improvável que eles fossem autorizados a terem acesso a algum dos outros meios de registro da concessão do consentimento previstos na resolução, tais como áudio, filmagem, mídia eletrônica e digital etc. O registro em papel, porém, poderia ser anexado aos prontuários dos jovens, o que, de fato, ocorreu. Estes poderão acessá-lo assim que liberados.

Antes da entrevista narrativa, portanto, foi aplicado, a cada participante, um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido [TCLE] (Apêndice E). O TCLE forneceu aos jovens todas as informações relevantes sobre a pesquisa sinalizadas pelas resoluções pertinentes (Brasil. MS. CNS, 2012, 2016). Ao assiná-lo, eles confirmaram sua intenção de participar voluntariamente do estudo e autorizaram a gravação e a utilização de suas vozes para fins acadêmicos. O TCLE estava escrito em linguagem clara, compatível com a realidade dos participantes e de fácil entendimento para o suficiente esclarecimento sobre a pesquisa. Após a leitura do TCLE e antes de sua assinatura pelos jovens, o pesquisador se colocou à disposição para esclarecer todas as dúvidas e ansiedades que apresentassem, pelo tempo que se fizesse necessário. O TCLE foi assinado em duas vias, uma ficou com o pesquisador e a outra, que deveria ser entregue aos participantes, o que não era institucionalmente possível, foi passada às mãos dos profissionais de referência para que eles a anexassem aos prontuários dos jovens, a fim de que estes a acessassem após o término da medida.

O TCLE também explicitou os riscos e os benefícios envolvidos na pesquisa, bem como as providências que seriam tomadas para minimizar esses riscos. Dentre os principais riscos da investigação, destacou-se a possibilidade de as entrevistas tocarem em assuntos difíceis para os participantes, os quais poderiam acabar mobilizando-os emocionalmente, provocando-lhes constrangimento, inibição ou desconforto. Por essa razão, o TCLE deixou claro aos participantes que eles não eram obrigados a responder a nenhuma pergunta, tampouco a discorrer acerca de um fato ou temática que pudesse acarretar-lhes prejuízo psicológico, de modo que poderiam ficar em silêncio caso não se sentissem à vontade para

continuarem falando. Como estratégia mitigadora desse risco, e de outros riscos afins, é possível assinalar o acompanhamento psicológico que os participantes têm à disposição no estabelecimento onde foi realizada a coleta de dados. Este conta com uma competente equipe de profissionais de psicologia prontos para prestar um atendimento psicológico qualificado aos participantes, contornando, assim, eventuais mobilizações emocionais incidentalmente desencadeadas pelas entrevistas.

Quanto aos benefícios da pesquisa, que também foram sinalizados no TCLE, salientou-se o potencial catártico, para os participantes, do relato de suas histórias, o qual se configurou como um importante espaço de ressignificação do passado e de perspectivação do futuro, possibilitando a construção de projetos de vida. Outro benefício da investigação reside em sua dimensão visibilizadora e potencializadora de vozes e vivências comumente relegadas e silenciadas pela sociedade, o que pôde favorecer o fortalecimento da autoestima dos participantes ao fazê-los perceber que o que eles têm a dizer tem valor e, portanto, merece ser escutado. Por fim, como outro benefício do estudo, reitera-se seu potencial contributivo para o avanço dos conhecimentos sobre o envolvimento criminal juvenil e subsidiador do desenvolvimento de políticas públicas de prevenção da criminalidade.

A proteção da imagem, da intimidade e da identidade dos participantes da pesquisa, e de terceiros por eles mencionados em seus relatos, bem como a preservação do sigilo e da confidencialidade de suas informações pessoais, tal como defendido por Brasil (MS. CNS, 2012, 2016), foram garantidas por meio do ocultamento e da substituição dos nomes próprios citados. Por um lado, as cidades aludidas pelos entrevistados, ou verificadas em seus respectivos prontuários individuais, assim como nomes de pessoas, não foram reveladas; por outro, os participantes foram identificados por nomes fictícios, escolhidos por eles próprios.

A Resolução n. 466/2012 do CNS (Brasil. MS, 2012) incluiu, no leque de fatores que cooperam para a eticidade da pesquisa, “comunicar às autoridades competentes, bem como aos órgãos legitimados de Controle Social, os resultados e/ou achados da pesquisa” (III.1, m). Ademais, a Portaria n. 351/2016 (Bahia. SJDHDS. FUNDAC, 2016) estabeleceu que, “ao concluir a pesquisa, o pesquisador deve disponibilizar uma cópia do trabalho à … FUNDAC” (Art. 11). Nesse sentido, será enviada uma cópia da dissertação de mestrado que resultará da presente pesquisa à FUNDAC, bem como à unidade socioeducativa onde foi realizada a pesquisa. Ademais, o pesquisador se colocará à disposição dessas entidades para apresentar oralmente os resultados do estudo nos espaços e momentos por elas designados.