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Em um mundo de perfeita transparência, no qual uma rede de anúncios saberia a identidade real de todos os usuários que clicam em seus anúncios, a fraude de clique seria muito mais fácil de identificar. Nesse cenário, seria muito mais fácil gerenciar o mau comportamento de um dado usuário – por exemplo, a repetição de cliques em um mesmo anúncio – ou os cliques que foram iniciados por usuários maliciosos ou por bots seriam de fácil identificação. Uma rede de anúncios poderia ir ainda mais adiante e referenciar bancos de dados contendo perfis de usuários que clicaram em seus anúncios, e talvez criar uma estrutura de preços de cliques altamente refinada, baseada no valor que um determinado usuário potencialmente gastaria, ou ainda criar uma compensação diferenciada, baseada em reputação, para publicadores que consigam gerar cliques de determinados usuários. O esquema proposto nesta seção difere desse mundo ideal em dois sentidos básicos:

1-  Conhecimento parcial: dada a natureza fragmentada dos bancos de dados sobre comportamento de usuários, e as políticas de privacidade normalmente difundidas por grupos de regulação, o conhecimento geral dos padrões de cada usuário é modesto, restringindo-se a possibilitar à rede de anúncios o conhecimento de que um determinado clique foi originado por um humano com intenções provavelmente honestas. Não é foco deste trabalho uma diferenciação forte entre usuários, embora os protocolos de comunicação pudessem ser utilizados para suportar este objetivo.

2-  O navegador como meio de transporte: ao invés de contar com um repositório central de dados, este esquema confia nos navegadores dos usuários para compartilhar informação entre as entidades participantes. Esta abordagem ajuda eliminar complexidade técnica e protege a privacidade dos usuários.

A princípio, a abordagem aqui proposta poderia suplantar completamente todos os esquemas atuais e tradicionais de segurança de pagamento por clique, já que incorpora os mecanismos atuais de detecção e os estende para incluir um aspecto valioso, o da prevenção

contra cliques automatizados, problema que, de acordo com Ciciliano (2015), constitui até 85% dos cliques fraudulentos atuais em redes de anúncios online. Assim, utilizá-la simultaneamente a um esquema tradicional, como uma forma de complementação, parece ser a opção mais indicada. Em todo caso, a abordagem aqui proposta certamente poderia ser lançada de forma experimental por alguma rede de anúncios com impacto mínimo nos negócios atuais e, na medida em que obtivesse garantias de sucesso, ser expandida. Esta abordagem não só é uma nova visão e paradigma para o combate da fraude de clique, mas provê também uma grande oportunidade de controlar essa fraude.

6 Resultados e Validação

Como resultado da proposta de abordagem acima, foi desenvolvido o protótipo de rede de anúncios online que denominamos de ClickSafe Project, e pode ser encontrado no site http://www.clicksafe-project.com. Conforme o diagrama de componentes apresentado na seção 5, o mesmo tem o propósito de ser uma ferramenta de exibição de anúncios simples de maneira segura. A parte de segurança segue a arquitetura proposta no Capítulo 5, com autenticação por Google NoCAPTCHA reCAPTCHA e validação de cupons. A simplicidade dos anúncios segue a crença de que links no formato texto são efetivos e muito menos irritantes, é baseada no modelo PPC, em um modelo de leilão às escuras, no qual os anunciantes competem entre si para a exibição de determinadas palavras-chave, cuja ideia baseia-se na percepção de que, na medida em que uma palavra é mais comum, mais valor é necessário para que determinado anúncio apareça após uma busca. Um benefício desse tipo de estrutura de anúncios é que normalmente é bem mais relevante, já que o anúncio exibido será relacionado com um padrão de navegação do usuário, tais como buscas realizadas em ferramentas de pesquisa online, ou ainda devido a sites recentemente visitados.

A porção de software desse protótipo foi desenvolvida em linguagem PHP e fez uso dos recursos CSS e Javascript para facilitar o processamento de imagens e a experiência dos usuários no uso dos serviços. A hospedagem se deu no serviço UOL Host (http://www.uol.com.br/uolhost), sob um ambiente de sistema operacional Linux e banco de dados MySQL. O sistema foi testado nos navegadores Google Chrome, Mozilla Firefox e Internet Explorer em suas versões para PC, e para dispositivos móveis nos navegadores Google Chrome e Safari, nos sistemas operacionais iOS e Android kitkat e jellybean.

Até o momento, a solução concentra seu foco em aspectos operacionais para inviabilizar a fraude de clique em cima de um cadastro pré-existente. Em outras palavras, até o

momento dessa proposta de tese, não há interface do tipo “painel de controle”, e o cadastro de clientes e anúncios tem que ser feito manualmente e diretamente no banco de dados. Portanto, não desenvolvemos heurísticas para exibição de anúncios em função de geolocalização, de busca em ferramentas online ou por contexto, como referenciados no Capítulo 2. Todos esses pontos podem ser tópicos para trabalhos futuros e gerariam individualmente uma pesquisa como esta.

Trata-se também de uma interface para testes que, com a exceção do uso do CAPTCHA clicável Google NoCAPTCHA reCAPTCHA, não aprofundou aspectos de interface gráfica, carecendo, até o momento, portanto, de um estudo e um diagnóstico para a escolha de uma interface adequada para o seu uso. O diferencial desta solução está, portanto, no fato de introduzir um novo passo de dificuldade significativo no sentido de combater a fraude de clique.