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Esta pesquisa partiu da experiência da pesquisadora como professora-tutora de um polo de apoio presencial de uma instituição superior de ensino, que buscou teorias e autores da literatura que evidenciassem questões importantes referentes à inserção das novas tecnologias de comunicação e interação na educação, com foco especial na relevância da função do professor-tutor, bem como ao acolhimento e ao feedback individualizado, como oportunidades de diminuir a insegurança do estudante frente às novas tecnologias e ao processo de ensino e aprendizagem realizado na modalidade EAD.

Pretendeu-se, portanto, apontar diretrizes para o trabalho do professor-tutor, colaborando para uma reflexão mais assertiva sobre sua interação com o estudante, apontando para a importância da qualidade nos feedbacks.

Estudar as teorias do Design de Interação para compreender mais adequadamente a própria função acadêmica, aperfeiçoar o olhar para a importância da interação/interatividade para o correto acolhimento e a permanência do estudante nos cursos a distância ajudou esta pesquisadora a refletir sobre novas possiblidades de agir como professora-tutora Toda esta pesquisa auxiliou a se poder afirmar que a interação pode vir a ser um grande modificador no processo de ensino e aprendizagem, não só na modalidade EAD, mas também para toda forma de desenvolvimento humano.

Com o crescimento da EAD nos últimos tempos, esta pesquisa se fez relevante ao discutir a função do professor-tutor dentro de um processo crítico-reflexivo para uma inovação educacional. Pode ser acertado afirmar que as autoridades educacionais e mesmo as próprias Instituições de Ensino Superior (IES) que oferecem cursos na modalidade EAD (o que em nosso país está crescendo assustadoramente) precisam “olhar” mais atentamente para a qualidade do que estão oferecendo. Em alguns casos, o estudante é visto como mercadoria, pois as IES abrem polos em locais, muitas vezes, inapropriados, oferecendo cursos a “R$1,99” com qualidade de material didático e de qualificação profissional dos tutores, no mínimo, duvidosas. Há casos em que o polo não oferece qualquer suporte ao estudante, somente

atendimento telefônico ou via AVA para contato com os professores-tutores que estão, muitas vezes, em outros estados ou países e que, por falta de preparação/formação, não conhecem os diferentes aspectos sociais, econômicos, culturais, dentre outros, que estão imbricados no processo de ensino e aprendizagem daquele indivíduo estudante.

A experiência vivida na EAD por esta pesquisadora possibilitou a aprendizagem de estratégias de acolhimento individualizadas, que fizeram com que o olhar se voltasse para o estudante que chega à EAD como um indivíduo, colaborando para que ele a entenda como um projeto novo de vida que traz muitos desafios a serem enfrentados. Neste sentido, esta pesquisa demonstra que cabe aos professores-tutores conscientizarem-se de que eles fazem a diferença nesse espaço de atuação profissional como profissionais da educação e não meros agentes administrativos.

É fato que a função representativa docente passa por modificações e adequações em razão do desenvolvimento humano e da sociedade que quer rapidez na qualificação profissional. Espera-se, por meio desta pesquisa, poder colaborar para que novos olhares possam se constituir e que não só as IES qualifiquem melhor os futuros professores-tutores, mas possibilitem uma formação continuada para além da tutoria, sendo fonte de novas pesquisas sobre o assunto.

Considerando o percurso da EAD até o presente, pode-se dizer que a formação do professor-tutor deve ser balizada no conhecimento das TIC, mas, em especial para a compreensão das relações humanas que estão intimamente ligadas neste fazer profissional. Desse modo, o estudante poderá sentir-se acolhido, sabendo que por trás da máquina há uma pessoa com quem ele pode contar.

Ressalta-se que há muito a se pesquisar em relação à tutoria e à função do professor-tutor, especialmente, em meio ao cenário mundial educacional atual, em que todos os níveis de ensino estão utilizando as TIC para fazer chegar o conteúdo e o conhecimento aos estudantes. Mais do que nunca, é preciso repensar o papel do professor-tutor, seja na EAD, ou em “trabalho remoto”, mas com o olhar para as relações humanas, sobretudo.

O mais importante é o que isso significa: além de aumentar as ofertas de cursos na modalidade EAD, a função de professor-tutor ainda não é reconhecida pelo Ministério do Trabalho e tampouco pelos órgãos educacionais. Embora exista a avaliação externa estabelecida pelo MEC para os cursos de graduação, muitas IES treinam seus estudantes para tal prova, para assim elevar a classificação.

Nesse sentido, entendem-se que a qualificação vai depender de cada IES e, sendo assim, será imprescindível se criar parâmetros para qualificar professores- tutores, uma vez que a formação de professores–tutores é o que impacta diretamente na qualidade do serviço oferecido e na formação do estudantes para o mercado de trabalho, num ciclo diretamente ligado aos resultados da sociedade.

Finalmente, considera-se que todas as reflexões realizadas a partir desta dissertação são apenas um contributo à formação de novos professores-tutores. Deixa-se, portanto, a indicação para que novas pesquisas sejam feitas para a elaboração de um guia de orientações para o trabalho na tutoria apoiado no Design de Interação.

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ANEXO B – Termo de Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE)

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