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Por intermédio do presente trabalho tentou-se destrinchar os principais aspectos acerca da ação de regresso proposta pelo Instituto Nacional do Seguro Social em face do autor do homicídio que resultou no pagamento, por parte da autarquia previdenciária, de benefício previdenciário.

Primeiramente, sob o ponto de vista da legalidade exsurgem dois pontos importantes. Por um lado, a Lei de Benefícios somente prevê a ação ressarcitória em casos de negligência do empregador em relação às normas de higiene e segurança do trabalho, carecendo, o Instituto Nacional do Seguro Social, de base legal para expansão desse direito subjetivo a outras hipóteses. Por outro lado, a Lei de Custeio, mesmo levando em consideração o princípio constitucional da diversidade da base de financiamento da Previdência Social, exige, para estabelecer outra fonte de custei, além das já previstas, interposição legislativa, limitando, mais uma vez, a atuação da autarquia previdenciária.

Sob o enfoque da responsabilidade civil, destaca-se que esta possui três pressupostos: a conduta, o dano e nexo causal. A pretensão do Instituto Nacional do Seguro Social esbarra na ausência de dano, uma vez que o pagamento de pensão por morte não é prejuízo e sim missão institucional, e mesmo que fosse, esse dano não é direto, elemento dito essencial pela jurisprudência pátria para que se responsabilize civilmente, e nem mesmo indireto, o que também afasta uma possível exceção legal relativa à necessidade do dano direto. Quanto ao nexo causal, temos que o homicídio é causa remota do pagamento da pensão por porte, quebrando o possível nexo entre a conduta e o suposto dano.

Por fim, com o crescente destaque que a sociedade moderna dá às suas constituições, devemos analisar qualquer coisa sob seu filtro. Desse modo, o poder do Estado de sancionar os administrados encontra óbice nos princípios da dignidade da pessoa humana, vetor interpretativo dos direitos humanos, e na proporcionalidade, vista, aqui, como uma necessidade de adequação entre a sanção empregada e o resultado que se quer obter. No caso em análise, a autarquia previdenciária não deve gravar ainda mais aquele que já poderá ser civil (em ação de danos morais e matérias) e penalmente responsabilizado.

Diante de todo o exposto, defende-se a alteração do posicionamento do Superior Tribunal de Justiça em ações da mesma natureza, porquanto todos os argumentos pendem em desfavor da Advocacia Geral da União. Ressalta-se que tal mudança é perfeitamente possível, uma vez que a composição da Segunda Turma já foi alterada, sendo composta, agora, pelos ministros Francisco Falcão, Mauro Campbell, Herman Benjamin, Assusete Magalhães e Og Fernandes.

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