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O ser CI da pessoa dependente no autocuidado reveste-se de uma dinâmica de aprendizagem de habilidades, no âmbito do cuidar instrumental da pessoa, mas também de competências relacionais, de saber estar e ser com o seu familiar ou amigo. É um processo exigente e complexo, para o qual concorrem vários factores, desde características pessoais, familiares, relacionais, e socioeconómicas. Assim, a compreensão da vivência do fenómeno de transição para o papel de CI, da pessoa que inicia o processo de dependência no autocuidado, constitui um fenómeno de particular interesse para os EEER.

Assim, o percurso que desenvolvi ao longo dos EC teve como ponto de partida a perspectiva de desenvolver competências enquanto futura EEER através no projecto designado por “A Intervenção do Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação na promoção da transição para o papel de cuidador da pessoa dependente no autocuidado”.

Para o desenvolvimento de competências foi necessário realizar um período de EC, em contexto domiciliário, numa ECCI, tendo sido planeados, implementados e avaliados CER quer à pessoa com dependência no autocuidado, quer aos seus CI, no sentido de facilitar o processo de transição para o papel de cuidador. As intervenções que delineei tiveram como pilar a relação de parceria com o CI, tendo em conta as suas características pessoais, o seu contexto familiar e social, e os recursos que a comunidade dispunha, perspectivando o respeito ético e deontológico de cada pessoa e CI, bem como a garantia da sua qualidade de vida.

No decorrer do EC, constatei que para promoção da transição para o papel de CI foi necessário desenvolver junto do CI: treino de técnicas específicas do autocuidado, nomeadamente, os cuidados de higiene, transferências e levante; realizar a supervisão da aquisição de habilidades no que concerne a estes domínios de autocuidado; suporte emocional, no âmbito de promover a adopção de

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estratégias de coping e melhor relação entre os CI e os seus familiares; e referenciação para entidades da comunidade, no que concerne à aquisição de produtos de apoio. As intervenções delineadas e implementadas junto da pessoa com dependência no autocuidado, contribuíram, de igual forma, para que a relação de parceria e proximidade nos CER fosse efectiva, potenciando o envolvimento dos CI no processo de cuidar.

Durante o período de EC constatei que a continuidade de cuidados entre o contexto hospitalar e a ECCI, na preparação do regresso a casa, reveste-se, frequentemente, de determinadas falhas, nomeadamente no que concerne ao envolvimento dos CI nos cuidados ao seu familiar. De facto, incluir a pessoa com dependência no autocuidado e o seu CI nos CER, tendo em conta as suas particularidades e o seu potencial, propicia um clima de cuidado holístico. Paralelamente, a promoção do treino de técnicas de autocuidado junto da pessoa e do seu CI, de acordo com os objectivos estabelecidos, é uma condição determinante de todo o processo de desenvolvimento de independência funcional bem como da transição para o papel de CI. Efectivamente, os pequenos ganhos graduais adquiridos pela pessoa com dependência no autocuidado em termos de funcionalidade, promovendo a participação do próprio e do seu CI nas AVD, constituiu um elemento facilitador para o processo de transição de ambos durante todo o desenvolvimento do processo de reabilitação.

Numa outra perspectiva, desenvolvi competências como EEER, mobilizando os conhecimentos adquiridos anteriormente, bem como os novos que surgiram decorrentes de situações específicas com que me deparei nos EC, como por exemplo os CER à pessoa com EM e o seu CI. A aprendizagem profissional, emergente dos EC que realizei assente na prática reflexiva dos cuidados e os conhecimentos complementaram-se de forma considerável no desenvolvimento e construção de competências.

A colaboração com as equipas de enfermagem dos dois EC no âmbito da melhoria continua e qualidade dos cuidados, nomeadamente, no que concerne à formação em serviço realizada, à elaboração de normas, ao instrumento de registo,

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bem como ao exemplo de manual de cuidador, constitui em si mesma uma estratégia da promoção da filosofia dos CER, com vista à mudança da metodologia de intervenção do EEER, na ECCI, através da criação de indicadores sensíveis aos cuidados prestados.

Tendo em conta que exerço funções numa equipa de cuidados domiciliários e face à constatação da realidade do considerável número de pessoas dependentes no autocuidado e, portanto, de CI que cuidam, na maioria das vezes permanentemente dos seus familiares urge repensar a estratégia de intervenção do EEER no sentido de promover favoravelmente a transição para o papel de cuidador. A concretização dos objectivos e actividades emanados do projecto fundamentados no processo de desenvolvimento de competências permitiu a constatação de que, face ao estudos já desenvolvidos em Portugal sobre a problemática dos CI é importante dar o outro passo, isto é, repensar modelos de intervenção juntos dos mesmos, sendo que os EEER estão dotados de competências específicas que permitem acção nesta área. Assim, creio que operacionalizar o objectivo, emanado do projecto de formação, relacionado com a criação de uma consulta de enfermagem de reabilitação com o intuito de promover o papel de cuidador, tendo por base o conceito de telehealth é um projectos futuros a reformular e a concretizar.

Por fim, creio que o percurso curricular efectuado, bem como os respectivos EC constituíram o início do meu percurso como futura EEER, sendo que o caminho presente e futuro incute uma necessidade de prática baseada na evidência, de índole reflexiva, que salvaguarde a qualidade e excelência dos CER e a sua importância para as pessoas.

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