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Com base nos diálogos em grupo e individual, constatou-se que todas as mães tinham conhecimento do que é aleitamento materno exclusivo, mesmo assim, em algum momento anterior aos seis meses de vida do filho, deixaram de praticá-lo. Dos fatores analisados, os que demonstraram associação com o desmame precoce foram insegurança, idade e a baixa escolaridade da mãe, juntamente com o fato de a mãe retornar ao trabalho. Outro fato importante para o desmame foi a influência cultural, valores transmitidos pelas famílias.

Devido às culturas enraizadas e aos fatores que levam a ocorrência do desmame precoce, faz-se necessário à capacitação dos profissionais em saúde, para atuarem de forma a informar as mães e incluírem os familiares sobre os benefícios da amamentação e a sua importância, sendo que os mesmos devem estar aptos a oferecer suporte às mães que amamentam, ou que se prepararem para tal. Devem aproveitar as oportunidades que surgem, utilizando as consultas de pré-natal, visitas domiciliares, acompanhamento puerperal, como período e local de promoção do aleitamento materno.

No entanto, para enfrentar a problemática do desmame precoce, é necessário que o enfermeiro tenha, além da fundamentação científica e de competência técnica, também o conhecimento da realidade da usuária/mãe, dos seus sentimentos e das suas necessidades e, a partir desse cenário, propor uma prática educativa que reconheça os conhecimentos prévios, pautada no contexto de vida, no diálogo e no compartilhamento de conhecimentos e experiências. A prática educativa para promoção da amamentação, realizada durante o pré-natal e período puerperal, é uma importante estratégia para reduzir o desmame precoce, estimular o aleitamento materno, sua manutenção e retorno do mesmo. É necessário que os profissionais estejam sensibilizados para esta questão, preparados e capacitados para os manejos diante de problemas com o aleitamento materno. A cooperação dos familiares e a mídia no incentivo ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida da criança é fundamental.

Há necessidade de rever a formação dos profissionais de saúde, sobretudo médicos para não induzirem e prescreverem o uso do leite artificial. O fortalecimento e implantação das unidades básicas de apoio ao aleitamento materno nos munícipios e unidades básicas, realizando articulações com escolas e instituições da área de abrangência da unidade de saúde, se mostra um caminho para a redução do desmame precoce e, consequentemente, da desnutrição, da obesidade problemas alérgicos e respiratórios e diminuição da morbimortalidade neonatal e infantil.

O emprego de uma prática educativa criativa, capaz de sensibilizar as mães para a importância do aleitamento materno exclusivo em prol da saúde de seus bebês, despertando a confiança dessas na capacidade de amamentar, contribui para o crescimento e desenvolvimento de crianças mais saudáveis, na realidade onde estão inseridos. A prática educativa constitui-se, assim, um espaço de socialização de conhecimentos, de interação e aproximação do núcleo familiar com a unidade básica e enfermeiros da unidade de saúde capaz de mobilizar e fortalecer os potenciais das usuárias/mães e de seus familiares para rever, intervir e mudar as condições de saúde familiares e da própria vida.

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