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Na atual década, a responsabilidade ambiental das empresas participantes da possível contratação surgiu como mais um critério a ser observado no certame, precisamente na fase de julgamento objetivo das condições do procedimento seletivo, ainda tímido se comparado aos clássicos critérios de melhor preço, melhor técnica e melhor técnica e preço.

A responsabilidade ambiental nas licitações deveu-se aos apelos mais recentes de sustentabilidade, aliados aos exemplos que a unidade gestora licitante deve proporcionar à sociedade como modelo que é. A exemplo da norma contida no artigo 225 da Constituição Federal, é dever comum do Estado e da sociedade a manutenção de um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Ausentes de respaldo lógico encontrar-se-iam as contratações que não observassem o direito explicitado no supracitado artigo, visto que haveria colaboração para o desrespeito a outros direitos tidos como fundamentais e ocupantes da posição mais alta, como o direito à vida ou à saúde.

Infere-se, portanto, a necessidade de se garantir procedimentos licitatórios capazes de prezar pela manutenção da boa qualidade das condições socioambientais.

Muito embora a aplicação desse critério na avaliação dos concorrentes tenha sido posto em discussão maior a partir de uma modalidade licitatória específica, o Regime Diferenciado de Contratações, a nova interpretação dada à vantajosidade administrativa traz o surgimento tímido deste critério aliado às contratações públicas sustentáveis. É certo que a proposta mais vantajosa para o ente licitante deve observar não apenas o viés econômico, intimamente relacionado com o menor custo para a Administração, mas ainda a eficiência do serviço ou bem contratado e os impactos a longo prazo dos convênios e contratos firmados, por serem de interesse público primário.

Insta salientar que a exigência administrativa de licitar observando o critério de responsabilidade ambiental dos participantes não afasta o caráter competitivo dos certames, tendo em vista, além do respaldo legal para este comportamento do Poder Público, a formação de um universo competitivo entre licitantes que oferecem produtos e serviços que atendem às demandas de sustentabilidade.

Com efeito, a introdução de requisitos editalícios que contemplem atuações sustentáveis das empresas concorrentes constitui um avanço em prol da efetivação de políticas públicas igualmente sustentáveis, nas quais a colaboração da sociedade seja apenas uma resposta salutar e coerente às ações que promovem os entes da Administração Pública.

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A escolha dos particulares, através de procedimentos licitatórios e futuros contratos administrativos firmados com o Poder Público, portanto, recebeu um tratamento diferenciado nos últimos anos, proveniente de novas interpretações quanto ao que se entende como melhor opção para a Administração. Compreendeu-se, assim, que tornar como critério de julgamento objetivo a responsabilidade ambiental dos concorrentes, dentro do cenário socioambiental e jurídico, auxilia na melhoria da qualidade de vida da sociedade e no atendimento aos princípios e direitos fundamentais exigíveis por todos.

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