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Esta investigação teve o apoio dos estudos da tradução baseados em corpus (Baker, 1993), da linguística de corpus (Berber Sardinha, 2004) e de uma abordagem interdisciplinar de Camargo (2005). Também, o emprego do programa computacional WordSmith Tools nos auxiliou na obtenção dos dados e das análises.

No que tangem aos resultados, trataremos da variação, adição e omissão nos MRs. A seguir, abordaremos a variação, adição e omissão nas FLs. Por seu turno, trataremos da explicitação e simplificação nos TTs.

Na análise efetuada por meio das tabelas 2 (p. 80) a 5 (p. 90), observou-se que os TOs apresentaram um maior índice de variação (18,1%) e Pontiero, em seus TTs, por sua vez, registrou uma frequência maior de omissão (4,5%) e adição (2,5%) nos MRs.

Por sua vez, na investigação efetuada por meio das tabelas 6 (p. 96) a 9 (p. 105), pôde-se observar, que os TTs registraram uma maior porcentagem de variação (11,6%) e Aletti, também em seus TTs, apresentou uma frequência maior de omissão (2,5%) e adição (2,2%) de MRs.

No tocante à variação entre os quatro tradutores, com relação aos MRs, ocorreu em uma frequência maior nos romances HE (31,9%) e PC (18,1%), de Lispector, se comparados com suas respectivas traduções para o inglês, HS (22,4%) e NH (14,4%). Todos os outros resultados indicaram que os tradutores e TTs apresentaram uma maior frequência de variação de MRs, se comparados com as obras de Lispector, escritas originalmente em português, analisadas individual ou conjuntamente. Outrossim, estes dados indicam um nível maior de variação entre traduções e tradutores, se comparados com as obras originais e autora.

Na comparação do uso de repetições na análise dos MRs, pôde-se constatar que Clarice Lispector recorreu a reiterações em maior quantidade do que as presentes nas obras

traduzidas, tanto para o inglês como para o italiano. Comparando as duas direções tradutórias, o inglês apresentou um maior nível de repetição que o italiano.

Acerca da ocorrência de omissão entre os quatro tradutores nas obras selecionadas para análise, os resultados mostraram que os TTs e respectivos tradutores registraram uma proporção maior de omissão. Outrossim, estes dados indicaram um maior uso de omissão em traduções observadas individualmente e também por parte dos tradutores tomados conjuntamente.

Na análise efetuada por meio das tabelas 11 (p. 126) a 14 (p. 139), pôde-se notar que os TOs (57,5%) apresentaram um maior índice de variação, enquanto que os TTs de Pontiero registraram a maior porcentagem de adição (3,3%) e de omissão (2,3%).

Por seu turno, na investigação efetuada por meio das tabelas 15 (p. 146) a 18 (p. 157), observou-se que os TOs (25,3%) registraram uma maior porcentagem de variação e, por sua vez, o TT de Desti apresentou o maior índice de adição (2,3%). Os TTs de Aletti e Desti não registraram nenhuma omissão de FL.

Na comparação do uso de repetições na análise das FLs, pôde-se constatar que Clarice Lispector recorreu a reiterações em maior quantidade do que as presentes nas obras traduzidas, tanto para o inglês como para o italiano. Comparando as duas direções tradutórias, o italiano apresentou um maior nível de repetição que o inglês.

No tocante à investigação de variação de FLs nos TOs de Lispector, em relação a seus respectivos TTs em inglês e italiano, notamos que houve um maior uso de variação em traduções e, no caso de tradutores e autora, Lispector apresentou a maior porcentagem de variação, no que diz respeito aos respectivos TTs para o inglês.

Pudemos observar também, por meio de nossa análise, que tanto na investigação dos quatro tradutores analisados conjuntamente, quanto no exame dos TTs conjuntamente, os TTs para o italiano (135.016 itens) se assemelham mais aos TOs (131.749 itens) que aos TTs para

o inglês (152.905 itens), no que diz respeito à extensão dos textos, bem como das aproximações encontradas, em relação aos TOs, no que tange à análise efetuada de MRs e FLs. Como constatamos anteriormente, o maior número de variações, adições e omissões, tanto na análise dos quatro tradutores conjuntamente, quanto dos TTs conjuntamente, ocorreu nos TTs para o inglês, evidenciando, no que diz respeito à análise efetuada, um maior distanciamento com referência aos TOs.

Comparando os tradutores para o inglês, observou-se que Pontiero apresentou a mais alta frequência de variação, adição e omissão de MRs e FLs. Por seu turno, Desti (maior frequência de variação de MRs e FLs, bem como maior quantidade de adição nas FLs) e Aletti (maior frequência de omissão nos MRs e FLs, bem como maior quantidade de adição nos MRs), tradutoras para o italiano, apresentaram resultados similares, uma vez que registraram respectivamente três frequências mais altas.

Já observando os quatro tradutores e Lispector conjuntamente, notamos que o inglês se sobressaiu com Pontiero (maior quantidade de omissão nos MRs e FLs) e Levitin (maior frequência de adição de FLs no TT), seguido por Lispector (a maior quantidade de variação nos FLs), e, por fim, o italiano, representado apenas por Aletti (maior frequência de variação nos MRs).

Por seu turno, verificando os resultados das análises de TOs e TTs para o inglês e italiano, com as análises de TTs para o inglês e italiano e os respectivos TOs, bem como com as análises dos quatro tradutores conjuntamente e as obras de Lispector, notamos que a última vai ao encontro das demais, uma vez que a omissão ocorre em quantidade maior em Pontiero (TTs para o inglês), enquanto o maior uso de MRs e FLs e os resultados de variação entre os TTs para o inglês (Levitin - maior frequência de adição de FLs no TT), os TTs para o italiano (Aletti - maior frequência de variação nos MRs), bem como os TOs de Lispector (maior quantidade de variação nos FLs) foram semelhantes. Acreditava-se que os tradutores fossem

adicionar mais dados em seus TTs, já que possuem extensão maior que os respectivos TOs, com exceção de Vc. Porém, esta suposição não pôde ser verificada, uma vez que os resultados dos TTs para o inglês (maior frequência de FLs em WW) foram parecidos, ou seja, apenas Levitin, dos quatro tradutores selecionados para análise, sentiu necessidade de adicionar FLs em seu TT. Como os TTs são mais extensos, supunha-se que apresentariam uma menor quantidade de omissão. Porém, como pudemos observar, os TTs para o inglês, por Pontiero, indicaram o maior nível de omissão. Já a respeito da variação, acreditávamos que Lispector utilizaria em uma proporção menor a variação. Todavia, não foram estes os resultados que obtivemos por meio de nossa análise. A investigação mostrou que os resultados no tocante à variação nos TOs, referindo-se aos MRs, bem como nos TTs para o italiano, com relação às FLs, foram semelhantes.

Acerca da explicitação, notou-se que todos os TTs, com exceção de Vc, apresentaram um número maior de itens, sugerindo explicitação por parte dos tradutores. Porém, no que concerne aos MRs e FLs, notamos que apenas Levitin, dos quatro tradutores selecionados para análise, adicionou um maior número de FLs em seu TT. Remetendo-se ao artigo de Baker (2004), notamos que nossa pesquisa não vai ao encontro da investigação efetuada pela pesquisadora, no que diz respeito ao maior uso de adição de MRs nos TTs. Verificamos que Pontiero, tradutor de três das quatro obras traduzidas para o inglês, obteve um maior nível de omissão de MRs e FLs em seus TTs, ao invés de obter um maior nível de adição de MRs e FLs.

No que tange à simplificação, notamos que os TTs para o inglês apresentaram uma variedade vocabular menor (formas e razão forma/item padronizada), se compararados aos TTs para o italiano e aos respectivos TOs, sugerindo que os tradutores, na direção português=>inglês, facilitaram as obras para seu público leitor. Observa-se que apesar de os TTs para o inglês possuírem um maior número de itens, se comparados aos TTs para o

italiano e aos respectivos TOs, apresentaram também a menor variedade vocabular, além do maior nível de omissão de MRs e FLs, por parte de Pontiero. Acreditávamos que, por Clarice Lispector utilizar a repetição em seus TOs, haveria uma variedade vocabular menor em suas obras, porém, como pudemos notar, a variedade vocabular apresentada nos TOs foi maior que os TTs para o inglês. Lispector é considerada uma escritora complexa para se ler. Talvez venha daí a necessidade que os tradutores para o inglês sentiram, consciente ou inconscientemente, de tornar a escrita clariciana mais acessível, em virtude de uma melhor compreensão da obra como um todo para o seu público leitor.

Podemos comentar que a originalidade desta pesquisa está nos resultados encontrados, uma vez que divergem daqueles que seriam esperados (maior nível de adição e variação nos TTs, e por os TTs serem mais extensos que seus respectivos TOs, a omissão apareceria nos TTs em uma pequena quantidade).

Também, tivemos que nos restringir aos objetivos de nossa pesquisa, delimitando nosso estudo. Outras investigações podem surgir a partir desta, por exemplo, a respeito do acréscimo e / ou redução de palavras, por parte dos tradutores, nos MRs e FLs, dentre outras.

Deste modo, podemos verificar a abrangência do corpus paralelo para a análise dos MRs e FLs traduzidos. A investigação baseada em corpus apresenta resultados com uma maior precisão e sistematicidade, uma vez que cada TO e TT foi analisado individual e conjuntamente, sendo possível observar não apenas o comportamento linguístico dos tradutores, mas também da autora, no tocante à variação e maior ou menor emprego de MRs e FLs.

Esperamos que nosso estudo venha a acrescentar informações e contribuir para as pesquisas futuras dentro dos estudos da tradução baseados em corpus, particularmente no que concerne ao uso de MRs e FLs nos TOs e TTs.

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