• Nenhum resultado encontrado

Inicialmente, é necessário considerar que o trabalho em questão contribuiu com a compilação de significativas informações espaciais a respeito da disposição dos sistemas ambientais e da distribuição dos usos no sistema Mirim-Mangueira-

Patos. Essa reunião de dados secundários, assim como a elaboração de dados primários, contribuirá na configuração de uma base de dados geográficos ou

Geodatabase em Sistema de Informação Geográfica (SIG) da área de estudo.

Ao considerar os resultados propriamente ditos, no estuário da Lagoa dos Patos, observa-se que os sistemas de maior Frequência de Ocorrência na análise intra-atividade não possuem maior intensidade de risco, porém as áreas com maior importância no Cenário 3, o qual avalia a inter-atividade da categoria Impacto da Atividade sob os Serviços Ecossistêmicos, são as mesmas observadas como de maior risco na avaliação de Risco Cumulativo para os Ecossistemas. Em relação ao Cenário 1, as áreas indicadas como de maior Importância Socioeconômica da Atividade, situadas nas margens próximas a desembocadura, aparecem dentre as áreas de maior risco. Quando se considera os resultados da classificação de conflitos, nas áreas que possuem maior Risco Cumulativo para os Ecossistemas há ocorrência das duas classes de conflitos, predominando a disputa por recursos naturais, sendo essas áreas os baixios.

Ainda, o sistema de canal meandrante interlagunar aparece na análise de Frequência de Ocorrência intra e inter-atividade, como aquele de maior intensidade de usos, 7 e 3, respectivamente, e é refletido como um sistema de alto Índice de Importância em todos os resultados do módulo Overlapping Use. Porém, na classificação de conflitos seu recurso natural e seu espaço são disputados entre as atividades de pesca e agricultura, assim como por usos urbano, portuário e de mineração.

Na Lagoa Mirim, os sistemas que possuem maior Frequência de Ocorrência também não se apresentam como áreas de maior risco, exceto pela Lagoa Mangueira, a qual possui áreas de maior Risco Cumulativo, intensidade de usos e alto Índice de Importância na análise intra-atividade, assim como no Cenário 3. O sistema de campo, o qual apresenta maior risco quanto mais próximo de áreas em que há atividade de agricultura, é o que apresenta menor importância na análise dos três cenários inter-atividade, mas são sistemas que possuem três ocorrências de uso em seu espaço na análise intra-atividade. É por esse motivo, que na classificação de conflitos a concorrência se dá por espaço e não por recurso.

O sistema de áreas úmidas na análise intra-atividade apresenta alta Frequência de Ocorrência, 4 usos, mas nas outras análises do módulo Overlapping

os Ecossistemas, os limites desse sistema se apresenta como expressivas áreas de risco, o que pode ser comprovado quando se observa o resultado da classificação e análise dos conflitos, que ocorrem entre pesca e agricultura, lazer e agricultura, e entre as próprias áreas úmidas e os usos urbano, agrícola e pecuário.

Em relação as áreas prioritárias à gestão, a escolha se dá pelo fato de serem áreas legalmente protegidas e que, teoricamente, devem ser sistemas ambientais preservados ou utilizados de forma sustentável para continuarem a fornecer serviços ecossistêmicos. No entanto, deve ser levado em conta que os usos são necessários para o desenvolvimento das populações costeiras, assim como para o fortalecimento das atividades econômicas e sociais e, por isso, também, devem ser consideradas as áreas mais significativas para que tais atividades ocorram. Sendo assim, a criação e a atribuição de três categorias para as áreas selecionadas como prioritárias à gestão atende as necessidades de preservação, conservação e desenvolvimento.

É real a necessidade de se conhecer a respeito da disposição dos usos nos sistemas terrestres e aquáticos, assim como os consequentes conflitos, pois tais informações proporcionam base para seleção de áreas que necessitem de políticas públicas de gerenciamento de usos, bem como facilitam na tomada de decisão dos gestores ambientais. Esse conjunto analítico, assim como a aquisição das informações espaciais, que podem ser alteradas e manipuladas de acordo com cenários alternativos de gestão, são ferramentas essenciais aos instrumentos de organização do territorial, como o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE).

A integração dos métodos aplicados em tal análise, através da utilização de modelos ecossistêmicos, obtém resultados esperados em políticas públicas de macrozoneamento, planejamento e monitoramento, que tenham como necessidade produtos de geoprocessamento e de sensoriamento remoto como demandas claras. Por tal motivo, foi desenvolvido um fluxograma com os passos do processo aplicado no trabalho em questão (Figura 39) e que pode ser replicado por instituições públicas de meio ambiente.

Identificar e descrever sistemas ambientais, serviços ecossistêmicos, benefícios ecossistêmicos e os beneficiários, da mesma maneira que os usos predominantes do sistema Mirim-Mangueira-Patos, auxiliaram na avaliação das áreas mais importantes tanto para atividades econômicas e sociais, quanto para aquelas relacionadas as questões de conservação e preservação. Assim como ampararam a avaliação dos riscos aos ecossistemas, na classificação e análise das consequências dos conflitos dominantes nos sistemas ambientais naturais e na seleção de áreas prioritárias a iniciativas de gestão.

Essa sequência metodológica tem como exemplo base o fluxograma dos passos ao processo do Planejamento Espacial Marinho (PEM), em que dentro da etapa de definição e análise da existência de conflitos se tem como necessidade o mapeamento dos ecossistemas importantes, o mapeamento das atividades existentes e a avaliação da existência de conflitos, propondo ao final o desenvolvimento de um plano de zoneamento alternativo. No entanto, algumas etapas não foram seguidas nessa sequência metodológica, devido à falta de tempo hábil para as mesmas, como na etapa de pré-planejamento, em que são envolvidos os stakeholders, principalmente na definição de metas e de objetivos para tal zoneamento.

A sequência metodológica aplicada tem como princípio fornecer subsídios a proposição de diretrizes que facilitem em relação a alocação dos usos, visando a organização espacial, a mitigação de conflitos e a preservação e conservação de ecossistemas. Dessa forma foi possível diagnosticar as condições de distribuição de atividades, permitindo desenvolver alternativas adequadas a redução de conflitos e diretrizes que levem a melhor configuração dos usos no sistema Mirim-Mangueira- Patos, ou seja, ao planejamento espacial lagunar e estuarino.

É imprescindível que, cada vez mais, ferramentas de geoprocessamento e de sensoriamento remoto sejam utilizadas para a configuração de elementos que forneçam base informativa para a Gestão com Base Ecossistêmica (GBE) de sistemas costeiros e aquáticos.