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Chegando ao fim desta dissertação, foi possível verificar que podem ter sido cometidos erros ou que existiram falhas que tiveram implicação nos nossos resultados e em concreto no nosso mapa de potencial. Apesar de nos parecer que o mapa, tendo em conta as variáveis utilizadas, as ponderações dessas variáveis e a predição de Sítios Arqueológicos que foi possível observar, respondeu às condicionantes observados, isto é, tendo em conta que no momento em que observamos os resultados da Regressão Logística, a mesma só explicaria o nosso modelo em 66% e ainda seria uma percentagem mais baixa para a predição dos Sítios arqueológicos em sim, 52,5%, podemos sempre afirmar que o nosso mapa de potencial, não estará de acordo com os pressupostos a que nos propusemos. Agora, deveria ter sido possível por em prática os testes e as validações necessárias ao modelo, mas que, como explicamos anteriormente, não o conseguimos fazer por não conseguirmos aceder a esses dados.

Outra dúvida que levantamos é a possibilidade das nossas variáveis, tanto independentes como dependentes, sofreram efeitos nefastos logo na sua amostra base. Sendo que, por exemplo, os nossos Sítios Arqueológicos usados como amostra, foram selecionados tendo em conta um momento e período cronológico algo longo e não muito bem definido, que era uma das questões que procurávamos explorar, que tipo de ocupação seria predominante e característica. Neste caso, podemos dizer que a nossa abordagem pode não ter sido a melhor. Num futuro, penso que a abordagem será muito mais pelo caminho de primeiro ser tentado caracterizar bem melhor os sítios e ocupações de habitat deste período e apenas posteriormente, com mais certeza dessa informação partir para a produção de um Modelo Preditivo.

Parece ter sido essa a principal falha, e logo numa fase inicial do trabalho, a exploração dos dados e sua caracterização, deveria ter tido um cariz de muito maior importância e de maior enfoque.

Isto porque, existindo uma maior heterogeneidade do que homogeneidade entre as variáveis dependentes, os nossos sítios, também existirá um comportamento nocivo por parte das variáveis dependentes que serão as caracterizadoras e as fundamentais para a regressão logística que nos dará os dados para obter o nosso mapa de potencial.

Penso que mesmo assim, ficaram bases para um futuro, em que se possa enveredar por uma abordagem diferente para responder a esta mesma questão. Por via da mesma metodologia, no caso a Regressão logística, ou com alguma outra, como a Análise Multicritério ou a utilização de Redes Neuronais. Isto, a priori.

Pois em termos da sua pertinência para o Ordenamento do Território, penso que as mais valias se mantêm, como tem sido demonstrado por diversos autores citados ao longo deste trabalho. A gestão do Património Cultural e Arqueológico deve ser um fator importante a considerar no desenvolvimento urbano e não só. Refiro urbano, porque quando existe uma grande pressão que vá destruir e afetar os solos em meio não urbano, como por exemplo uma grande obra pública, já existe essa preocupação, por exemplo, presente nos estudos de Impacte Ambiental. Agora, quando o contexto é urbano, não existe muito essa cultura nem essa metodologia, sendo tratado cada caso como um caso, ao invés de ser encarada como uma zona especial de proteção ou salvaguarda como se tratasse de uma REN ou RAN. A longo prazo traria bastantes benefícios naquilo que é o planeamento e a gestão do território, até de uma forma muito mais sustentável e pensada em termos futuros.

Esperemos que as ilações aqui retiradas possam servir para que num futuro se continuem a produzir Modelos Preditivos, no caso, ou mesmo que se experimentem as ferramentas e potencialidades dos Sistemas de Informação Geográfica na Arqueologia, no seu estudo e na simbiose que é possível e necessário com o Ordenamento do Território.

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