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APVP feminino São Paulo

5.4. Considerações finais

Compreender a estrutura espacial e a dinâmica da mortalidade decorrente das causas externas no Estado de São Paulo, nos anos de 2000 e 2010, por meio do uso do indicador APVP, possibilitou identificar as características desta mortalidade, as diferenças entre áreas geográficas do estado onde ocorreram as maiores taxas bayesianas local de APVP e discutir sobres estas diferenças.

O presente estudo reforçou a relevância do uso do Indicador APVP na análise da mortalidade precoce, em especial da mortalidade decorrentes das causas externas e evidenciou a importância dos trabalhos de mapeamento, que aliados à metodologia clássica enriquecem a análise e são úteis para o direcionamento de políticas públicas.

A análise exploratória identificou áreas de maior risco de APVP para o grupo das causas externas, considerando alguns de seus agrupamentos, entretanto, estudos futuros devem testar estas hipóteses construindo modelos inferenciais quantitativos. Análises de autocorrelação, teste de detecção de aglomerados (“cluster”) e de regressão logística poderão ampliar a análise e confirmar as hipóteses levantadas no presente estudo.

Outros estudos poderão ser realizados para compreensão da dinâmica da mortalidade decorrente de cada um dos agrupamentos aqui estudados, com análise de subagrupamentos desses óbitos, de grupos etários, buscando relacioná-los com alguns fatores determinantes. Para este tipo de análise pode-se utilizar as técnicas de análise aqui empregadas, porém, acrescentando um período temporal na análise.

Todos os resultados apresentados e discutidos evidenciaram a ocorrência dos óbitos em idade prematura para o grupo das causas externas e seus agrupamentos, e consequentemente, como apontado por Mendes (2011; 2012), com grande custo social, econômico e pessoal, que esta mortalidade acarreta.

Deve-se considerar que nem toda e sequer a maior parte das violências cotidianas acabam em morte, mas a morte representa o grau extremo da violência que a relação entre os seres humanos pode atingir (WAISELFISZ, 2008).

De cada pessoa que morre por causas violentas, muitas resultam lesionadas e/ou sofrem uma grande variedade de problemas físicos ou psíquicos (WAISELFISZ, 2008; MENDES, 2011; SEADE, 2013).

Desta forma, as consequências da mortalidade decorrentes das causas externas determinam grandes repercussões na saúde pública do Estado de São Paulo, salientando a importância e a necessidade do Sistema Único de Saúde (SUS) desenvolver uma rede de atendimento de urgências e emergências em todas as regiões do estado (SÃO PAULO, 2012b), assim como a implantação de serviços de reabilitação.

Estudos mostram que os acidentes e violências têm altos custos hospitalares, aparecem na sexta posição em número de internações, mas estiveram em terceiro lugar em termos de valor total pago pelo SUS, consumindo R$ 155.091.524,39 dos cofres públicos, em 2005 (GAWRYSZEWSKI et al., 2006).

O profissional da saúde tem um importante papel na prevenção desta mortalidade, na identificação e intervenção dos possíveis fatores de risco

(ENSP/FIOCRUZ, 2013; SEADE, 2013). Entretanto, a prevenção das causas

externas deve envolver não somente a saúde pública, mas também a segurança pública, a educação, a promoção social e, ainda, o interesse de todos os cidadãos (SEADE, 2013).

A implementação de bancos informatizados, que possibilitem o acesso às informações referentes ao indicador anos potenciais de vida perdidos para vários grupos e agrupamentos de causas básicas de óbitos, para um determinado período e localidade, nos padrões do CDC e das experiências de outros estados do país, como Minas Gerais e Santa Catarina, poderia ser um avanço para a valorização do estudo da mortalidade precoce, considerando as inúmeras informações que estes estudos geram, contribuindo para o direcionamento das políticas públicas para prevenção desses eventos.

Portanto, não basta quantificar os óbitos de causas evitáveis, deve-se sim, quantificar as vidas que se perdem, os anos que estas vidas deixam de viver.

Conclusão 137

Conclusão

Os Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP) decorrentes da mortalidade por causas externas apresentaram variações significativas no Estado de São Paulo entre os anos 2000 e 2010.

A maior redução de APVP se deu na mortalidade por agressões. Os maiores incrementos deram-se nas quedas e nas lesões autoprovocadas intencionalmente.

Os acidentes de transporte passaram a ser o principal grupo, em número absoluto de APVP, seguidos das agressões e das lesões autoprovocadas intencionalmente em 2010.

A menor idade média de ocorrência do óbito foi observada nos afogamentos e a maior nas quedas.

As mudanças foram observadas nos dois gêneros, sendo mais expressiva no gênero masculino. A sobremortalidade masculina ficou evidenciada.

A análise espacial evidenciou padrões distintos nas distribuições do APVP, das taxas brutas e das taxas bayesianas global e local para o grupo das causas externas, acidentes de transporte, agressões e lesões autoprovocadas intencionalmente. Identificou mudanças nos padrões de distribuição das taxas bayesianas local de APVP entre os anos e distribuições diferenciadas entre os agrupamentos estudados.

Compreender a estrutura espacial e a dinâmica da mortalidade decorrente das causas externas no Estado de São Paulo, nos anos de 2000 e 2010, por meio do uso do indicador APVP, possibilitou identificar as características desta mortalidade, as diferenças entre áreas geográficas do estado onde ocorreram as maiores taxas bayesianas local de APVP e discutir sobres estas diferenças.

O presente estudo reforçou a relevância do uso do indicador APVP na análise da mortalidade precoce, em especial da mortalidade decorrente das causas externas e do seu desempenho como um indicador para análise de iniquidades sociais e de saúde e evidenciou a importância dos trabalhos de mapeamento, que aliados à metodologia clássica enriquecem a análise e contribuem com subsídios para que o direcionamento das políticas públicas possa ser pautado pela promoção da equidade.