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A partir do referencial teórico, podemos perceber que o uso da cópia continua sendo uma prática bastante comum nas salas de aula brasileiras, entretanto esta, quase nunca faz sentido enquanto recurso didático.

Foi demonstrado na pesquisa que a cópia assume diversos usos em sala, porém na maioria deles os alunos são levados a copiar desnecessariamente muita coisa por muito tempo, e não apresentam avanço na escrita. Não basta ter propósito social, é preciso haver aprendizagem e para que se tenha alguma utilidade didática a cópia precisa ser ressignificada pelos professores. Para isto, estes precisam levar em conta o tipo de relação que existe entre a forma como o ato de copiar é apresentada na escola e como existe fora dela, no dia a dia, fazendo com que o ato de copiar seja significativo para os estudantes. Desse modo, é condição imprescindível, para a cópia ter algum sentido na perspectiva da alfabetização inicial, o fato de ficar claro que todos aqueles que copiam estão copiando para um determinado fim e não só porque a professora pediu que copiassem.

Entendendo o livro didático enquanto recurso didático bastante utilizado no país, tendo inclusive um programa específico criado pelo governo federal legitimando e difundindo seu uso, vimos, a partir do livro “Vivenciando a linguagem” que essa

“ressignificação” do uso da cópia vem sendo contemplada nos novos livros de alfabetização, cujo objetivo é alfabetizar letrando, mesmo que ainda misturadas a atividades que contemplam o método “tradicional”. Isso, sem dúvida, é bastante positivo na busca de uma alfabetização completa, que contemple “o para além” da decodificação do código, mas posicione o sujeito num patamar seguro dos usos sociais da língua, tornando a prática pedagógica do alfabetizador mais eficiente e sem espaço para brechas, acontecendo de modo global e satisfatório.

Ao concluir esta pesquisa retomo ao objetivo de investigar se as propostas de atividades do livro didático analisado orientam para a cópia como forma de apropriação do sistema de escrita alfabético da Língua Portuguesa.

Tal livro propõe a cópia sob uma nova perspectiva, com propostas de atividades que não orientam para uma cópia descontextualizada e mecânica, mas contempla a apresentação de atividades que contribuem à prática do letramento e compreendem a cópia, nesse contexto, como estratégia metodológica dentro do livro didático de Alfabetização para o processo de ensino e aprendizagem da língua escrita.

O desafio que está posto ao educador é buscar um caminho que faça sentido para o aluno, aliando o uso do livro didático em sala a um contexto que envolva respeito à autonomia do mesmo e aos seus conhecimentos prévios, bem como à sua realidade. A ação do professor deve estar voltada a promoção das aprendizagens significativas dos seus educandos.

Desta forma, concluo que a relevância da atuação docente no que diz respeito ao uso da cópia em sala de aula precisa vencer as barreiras da dinâmica infraestrutural dos sistemas de ensino, bem como de sua própria zona de conforto, onde fica mais fácil fazer “aquilo que estamos acostumados a fazer”. Deste modo será plenamente possível objetivar uma prática alfabetizadora com significados positivos não só para o uso da cópia, mas também na realização de produções textuais espontâneas, contação de histórias, estímulos na formação do leitor criança, leitura da imagem, leitura da palavra, leitura de mundo.

Assim sendo, façamos tanto do uso da cópia quanto do livro didático em sala de aula, ferramentas da qual, a partir do momento que temos propriedade de seus usos significativos, escolhas acertadas em nossa prática docente.

REFERÊNCIAS

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ANEXOS

ANEXO 3

ANEXO 6

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