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A saúde mental de profissionais da saúde vem sendo estudada, com destaque para problemas como o abuso e dependência de substâncias psicoativas, a síndrome da sobrecarga de trabalho e estresse. Conforme foi verificado a literatura aponta que esses problemas não seriam exclusivos de médicos, sendo encontrados também entre profissionais que executam atividades envolvendo alto grau de contato emocional com outras pessoas, como é o caso particular dos profissionais da saúde mental. Além dos altos custos para os sistemas de saúde e para as famílias, o trabalho em saúde mental gera um ônus de pouca visibilidade – a sobrecarga dos profissionais.

Pesquisas demonstram o trabalho em saúde mental é potencialmente um fator de estresse e esgotamento, podendo afetar a qualidade da assistência e, em casos extremos, inviabilizar a continuidade dos serviços, no entanto é importante analisar se está sobrecarga é sentida diferentemente entre profissionais da saúde mental e profissionais dos mais diversos setores.

O objetivo deste trabalho foi analisar a prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) entre trabalhadores dos CAPs Bayeux, Santa Rita, João Pessoa, Guarabira, João Pessoa – Valentina, Pedras de Fogo, Campina Grande, Sousa, Conde, Bananeiras, Solânea, Belém e Sapé e associações com o perfil sociodemográfico e com as características do trabalho. Todos os 98 profissionais em atividade, trabalham entre 3 e 264 meses no mesmo local e setor.

O presente estudo mostrou que a prevalência dos transtornos mentais comuns é semelhante à encontrada na literatura mundial. 11,2% dos profissionais apresentaram transtorno mental comum, verificado pelo SRQ-20 e associações significativas foram observadas com tipo de trabalho, nível de satisfação, idade e uso de medicação para dormir.

Embora a amostra seja pequena, é significativa para afirmar que o trabalho nos CAPS, exige maior capacitação dos profissionais envolvidos, a mudança de trabalho constante, onde a permanência é normalmente de dois anos é um fator a ser avaliado entre estes profissionais, haja vista os vínculos com os pacientes do serviço são cada vez menores, o que torna os trabalhadores cada vez menos envolvidos com o paciente do CAPS.

Os dados demográficos não podem ser associados com fatores etiológicos ou precipitantes. A incidência se deu mais em homens, mas o gênero também não pode ser um fator de afirmação significativa.

Concluímos que o TMC é um conjunto de sintomas que freqüentemente permeia os trabalhadores, inclusive os dos CAPS, o que deve ser fruto de investigação e de cuidados por parte das secretarias de saúde dos estados e municípios a fim de poder proteger esses trabalhadores no seu campo de atuação, haja vista, são estes os designados para tratar os doentes mentais, tratá-los também deve ser uma meta primordial.

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