• Nenhum resultado encontrado

4 CAMINHOS METODOLÓGICOS 4.1 Caracterização da Pesquisa

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo caracterizou a população de adolescentes usuários da RAPS municipal. Através da análise das respostas foi possível verificar a heterogeneidade presente nesta faixa de idade. Tanto a faixa etária (16 a 19 anos) quando o sexo (feminino) predominante entre os casos registrados corroboram estudos científicos que apontam como sendo a maior ocorrência de automutilação e ideação suicida em adolescentes com este perfil. Merece destaque três situações em que adolescentes já se consideram em situação de união estável, e duas delas serem menores de idade.

A família se apresenta vinculada, tanto a busca pelo cuidado, quanto ao suporte existente no próprio âmbito familiar. Os familiares, nos discursos, se constituem como os principais atores na experiência complexa de adoecimento mental, na qual vivenciaram os adolescentes entrevistados.

Apesar de suas limitações, o CAPS está presente em todos os discursos dos entrevistados, funcionando como porta de entrada, através de mecanismos de referência da AB, como espaço importante de cuidado em saúde mental. Mesmo com a existência de obstáculos à oferta de uma assistência de qualidade, principalmente quanto à estrutura física e de ambiência, se torna importante território de cuidado psíquico e social sendo fundamental seu fortalecimento através das políticas públicas de saúde que proporcionem aos usuários, em sofrimento mental, novas perspectivas de vida.

Assim como o CAPS, a vivência de uma relação constituída com o profissional psicólogo também é predominante em todos os discursos, seja ele vinculado ao próprio CAPS ou ao NASF-Ab. A importância do núcleo de apoio não está determinada apenas pelo atendimento clínico-ambulatorial proporcionado por esses profissionais, mas também pelas possibilidades de atuação multiprofissional junto a equipe de saúde da família com foco na promoção da saúde e valorização da vida.

De forma discreta, é perceptível também a presença da equipe de ESF e a existência do vínculo, ainda que não predominante no que foi exposto pelos adolescentes. O fortalecimento da Atenção Básica está vinculado ao da Estratégia Saúde da Família, principalmente, como porta aberta às situações de saúde mental, e estreitamento de vínculos das equipes de saúde com essa população até então afastada da assistência é fundamental para promoção da saúde e qualidade de vida.

Os resultados demonstraram a percepção dos adolescentes destacando-os como usuários do serviço de saúde e sujeitos capazes de desenvolver uma percepção crítica

57 sobre o sistema no qual estão inseridos. Os entrevistados são capazes de identificar e possuem percepções próprias do serviço de saúde mental e ainda têm visões de como o serviço deveria funcionar para ser de melhor qualidade e poder assistir às pessoas que necessitam, principalmente, quando passam por sofrimento psíquico.

O estudo permite que o discurso dos jovens possibilite o desenvolvimento de ações de promoção em saúde, e a construção de novas modalidades de prática assistencial, principalmente da Estratégia Saúde da Família. Considerar as particularidades inerentes a este grupo populacional é essencial para o trabalho em saúde. Por estarem às margens dos principais programas de atenção à saúde, torna-se complexa a prevenção de agravos em saúde mental, em especial a ocorrência de automutilação e ideação suicida.

A partir destes discursos foi possível desenvolver o fluxograma que possibilita uma visualização clara e objetiva de como se dá a RAPS no município. Este diagrama se traduz na prática, como um instrumento de gestão de cuidado, pois dada sua efetiva organização, proporciona aos adolescentes o conhecimento dos serviços de saúde para que alcancem resolubilidade e possam suprir suas demandas em saúde.

Por fim, em uma perspectiva futura, os adolescentes devem constituir-se como usuários ativos dentro do SUS sendo também corresponsáveis por produzir saúde junto à Estratégia Saúde da Família. Nesse sentido, através dos discursos analisados percebe-se a necessidade de implantar novos modelos de gestão e processo de trabalho referente à saúde do adolescente, por meio de um debate contínuo que envolva o controle social, serviços de saúde e gestores.

58

7. REFERÊNCIAS

ANTONACCI, M.H.; PINHO, L.B. Saúde Mental na Atenção Básica: uma abordagem convergente assistencial. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre (RS), março, 2011. n 32, v1, p. 136-142.

ANTONACCI, M.H.; PINHO, L.B. Saúde mental na Atenção Básica: uma abordagem convergente assistencial. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v 32, n 1, p. 136-42, mar. 2011.

BARROS, I.C. A importância da Estratégia Saúde da Família: contexto histórico. 2014. 34f. Monografia (Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família). Universidade Federal de Minas Gerais, Teófilo Otoni, 2014.

BENETTI, S.P.C. et al. Adolescência e saúde mental: revisão de artigos brasileiros publicados em periódicos nacionais. Caderno de Saúde Pública, v. 23, n. 6, p. 1273- 1282, jun, 2007.

BENETTI, S.P.C. et al. Problemas de saúde mental na adolescência: características familiares, eventos traumáticos e violência. Revista Psico-USF. Campinas (SP), v. 15, n 3. p. 321-332, set/dez 2010.

BOLSONI, E.B. et al. Consulta de Enfermagem em Saúde Mental na Atenção Primária em Saúde. Revista Eletrônica Saúde de Mental Álcool Drogas., São Paulo (SP), out-dez, 2015. n. 11, v. 4, p 199-207.

BORGES, T.L.; HEGADOREN, K.M.; MIASSO, A.I. Transtornos mentais comuns e uso de psicofármacos em mulheres atendidas em unidades básicas de saúde em um centro urbano brasileiro. Revista Panamericana Salud Publica, , 2015, n 38, v 3, p 195-201.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição Federal de 1988. Brasília: [s. n.], 1988. BRASIL. Lei nº 10.216 de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde

mental. [S. l.], 2001. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm . Acesso: 16 jul. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção psicossocial a crianças e adolescentes no SUS: tecendo redes para garantir direitos. Conselho Nacional do Ministério Público, Brasília, 2014. 60 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005.

BRASIL. Portaria ministerial nº 154 de 24 de janeiro de 2008. Cria os Núcleos de

59 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt0154_24_01_2008.html . Acesso em: 13 de mar de 2019.

BRASIL. Portaria Ministerial nº 224 de 29 de janeiro de 1992. Diretrizes e Normas para o Atendimento Ambulatorial/Hospitalar em Saúde Mental. Secretaria de Assistência/Atenção à saúde. Brasília, 1990. Disponível em: http://www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=7536 . Acesso em: 18 jul 2019.

BRASIL. Portaria nº 1.608 de 23 de agosto de 2004. Constitui Fórum Nacional sobre Saúde Mental de Crianças e Adolescentes. [S. l.], 2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2004/prt1608_03_08_2004.html . Acesso em: 31 de mai 2019.

BRASIL. Portaria nº 3.088 de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde

(SUS). [S. l.], 2011. Disponível em:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011_rep.html . Acesso: 13 de mar de 2019.

BRASIL. Resolução nº 466 de 22 de dezembro de 2012. Conselho Nacional de Saúde.

Diário Oficial da União. Disponível em:

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html . Acesso em: 12 jan 2019.

BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. [S. l.], 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 16 dez. 2018.

BRASIL. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. [S. l.], 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm. Acesso em: 16 dez. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde do Adolescente e Jovens na Promoção, Proteção e Recuperação da Saúde. Brasília, 2010. 132p. ISBN:979-85-334-1680-2.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. 2019. Suicídio: tentativas e óbitos por intoxicação exógena no Brasil, 2007 a 2016. Boletim Epidemiológico nº 15, v. 50, julho, 2019.

CAVALCANTI, K.B. (org.) Jogo de Areia: uma abordagem transdisciplinar para educação. 260 p. Natal: Edufrn, 2010.

CONILL, E.M. Ensaio histórico-conceitual sobre a Atenção Primária à Saúde: desafi os para a organização de serviços básicos e da Estratégia Saúde da Família em centros urbanos no Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, ano 2008, v. 1, n. 1, p.

60 S7-S27, 4 jun. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v24s1/02.pdf. Acesso em: 15 mar. 2019.

CRUZ, M.C.C.; FIALHO, M.T. A Caixa de Areia: Técnica projectiva e método terapêutica. Revista Análise Terapêutica, Portugal, v. 2, n 15, p. 231-241, 1998. EISENSTEIN, E. Adolescência: definições, conceitos e critérios. Revista Adolescência & Saúde, v. 2, n. 2, p.6-7. Rio de Janeiro, 2005.

FUKUDA, C.C.; GARCIA, K.A.; AMPARO, D.M. Concepções de saúde mental a partir da análise do desenho de adolescentes. Revista Estudos de Psicologia, v. 17, n. 2, p. 207-214, maio/agosto, 2012.

IBGE. Panorama das Cidades: Jucurutu, 2019. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/jucurutu/panorama . Acesso: 10 mar 2019.

JAGER, M.E., et al. O adolescente no contexto da saúde pública brasileira: reflexões sobre o PROSAD. Revista Psicologia em Estudo, Maringá, v. 19, n. 2, p. 211-221, abr- jun, 2014.

JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS, V., 2011,

MARANHÃO. ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: reflexão sobre algumas de suas premissas [...]. São Luiz: [s. n.], 2011. Disponível em: http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2011/CdVjornada/JORNADA_EIXO_2011/I MPASSES_E_DESAFIOS_DAS_POLITICAS_DA_SEGURIDADE_SOCIAL/ESTRA TEGIA_SAUDE_DA_FAMILIA_REFLEXAO_SOBRE_ALGUMAS_DE_SUAS_PR EMISSAS.pdf. Acesso em: 14 mar. 2019.

LOPEZ, S.B.; MOREIRA, M.C.N. Políticas Nacionais de Atenção Integral à Saúde e Adolescentes e Jovens e à Saúde do Homem: interlocuções e masculinidade. Revista Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 3, p. 743-752, 2013.

MANCINKO, J.; MENDONÇA, C.S. Estratégia Saúde da Família, um forte modelo de Atenção Primária à Saúde que traz resultados. Revista Saúde Debate, Rio de Janeiro, v 42, p. 18-37, set. 2018.

MARTINS, A.K.L et al. Práticas em saúde mental na estratégia saúde da família: um estudo exploratório. Revista de Pesquisa e Cuidado é Fundamental Online, Rio de Janeiro (RJ), jan-mar, 2015, n 7, v 1, p 1905-1914.

MINAYO, M.C.S.; GOMES, R.; DESLANDES, S.F. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. ed. 33. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.

MOREIRA, L.C.O.; BASTOS, P.R.H.O. Prevalência e fatores associados à ideação suicida na adolescência: revisão de literatura. Revista Quadrimestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v 19, n 3, p. 445-453. set/dez. 2015.

RAPOSO, C. A Política de Atenção Integral à Saúde do Adolescente e Jovem: uma perspectiva de garantia de direito à saúde? Revista Em Pauta, Rio de Janeiro, v. 6, n. 23, p. 117-138, julho, 2009.

61 REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA: CONTRIBUIÇÃO PARA COMPREENSÃO E CRÍTICA. 1ª. ed. rev. RIO DE JANEIRO: FIOCRUZ, 2008. 356 p. v. 1. ISBN 978-85- 232-0529-4.

SANTOS, A.A. et al. Automutilação na adolescência: compreendendo suas causas e consequências. Revista Temas em Saúde, João Pessoa, v. 18, n. 3, p.116-142. 2018. SANTOS, P.L. Problemas de Saúde Mental de Crianças e Adolescentes atendidos em um serviço público de psicologia infantil. Revista Psicologia em Estudo, Maringá (PR), v. 11, n 2, p. 315-321, mai/ago, 2006.

SCOZ, B.J.L. O Jogo de Areia (Sandplay): subjetiva e produção de sentidos. Revista Ciências & Cognição, v. 13, n 1, p. 47-55. Mar. 2008.

TAVARES, M.L.O. et al. Perfil de Adolescentes e Vulnerabilidade para o Uso de Álcool e Outras Drogas. Revista de Enfermagem, Recife (PE), 2017, n 11, v 10, p 3906- 12.

TAVEIRA, M.S. Inventário Turístico 2018: Jucurutu. Currais Novos: UFRN, 2018. 80 p.: il.color.

WERLANG, B.S.G.; BORGES, V.R.; FENSTERSEIFER, L. Fatores de risco ou proteção para a Presença de Ideação Suicida na Adolescência. Revista Interamericana de Psicologia, Glen Alen, v. 39, n. 2, p. 259-266. 2009.

WHO. Suicide in the World: Global Health Estimates. World Health Organization. p. 32. 2019.

WHO. Adolescents Mental Health. 2019. World Health Organization. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/adolescent-mental-health>

62

APÊNDICE I

1/2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO AOS PAIS OU

Documentos relacionados