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Os resultados sobre a demanda por atendimento em unidade de urgência, em Palmas, evidenciam um sistema fragmentado e com fragilidade na organização e articulação da rede de serviços de saúde nesta região do país. As características da população e os motivos revelam um sistema ainda insuficiente em prover a integralidade e a universalidade da atenção à saúde.

Desde a criação do SUS, registram-se grandes avanços, mas ainda há desafios a serem enfrentados em várias dimensões, seja técnica, política, social, administrativa, organizacional e/ou financeira. A disposição de ações e serviços compromete e limita o acesso universal e a integralidade da assistência, não responde às necessidades de atenção à saúde e, portanto, mantém um perfil epidemiológico marcado por doenças infecciosas, emergentes e crônicas.

A RAU foi estabelecida como estratégia de articulação e integração dos serviços e propõe a ampliação do acesso ao sistema com o aumento da oferta, no entanto, sua operacionalização depende de serviços e ações que atendam às necessidades da população; além disso, a APS ainda não assume integralmente sua função dentro da rede, de modo que os problemas relacionados à cobertura, disponibilidade de profissionais, estrutura e recursos insuficientes comprometem a proposta, e sobrecarregam outros serviços, dos demais níveis de atenção.

A UPA, enquanto componente da rede, deve estar articulada aos demais pontos e cumprir suas responsabilidades de acordo com seu nível de atenção; embora, na prática, tais unidades tenham sido substitutivas e consideradas porta de entrada, para muitos, “preferencial” do sistema de saúde dada a não resolutividade e insucesso da busca por atendimento em outros serviços, em especial, do nível da APS. Assim que, a busca por atendimento na unidade de urgência motivada por aspectos relacionados a não efetividade das ações ofertadas nas UBS/USF provoca a reflexão de fatores que precisam ser melhorados para que a APS se estabeleça como ordenadora da rede, coordenadora do acesso e resolutiva do cuidado.

As características da população usuária da UPA são reflexo do cenário epidemiológico da população do país, com a crescente carga de doenças crônicas agudizadas, causas externas, pincipalmente, acidentes de trânsito e aumento das doenças infecciosas. Esse panorama atual alerta para a necessidade urgente de adaptação do sistema de saúde que seja capaz de responder as necessidades da população. Sendo importante para isso, a criação de fluxo,

protocolos e o estabelecimento da comunicação entre os componentes do sistema, além de proporcionar condições e recursos suficientes para que os serviços atuem com resolutividade e eficácia.

Na realidade estudada, apesar do alto percentual de cobertura da APS, a demanda por atendimento na UPA é significativa, e os motivos que a justificam podem subsidiar os gestores e profissionais no processo de planejamento, desenho de estratégias e tomada de decisões voltadas para a integração e melhoria da qualidade dos serviços. Nesse sentido, a organização da RAU demanda ações estratégicas para a sua operacionalização, considerando as características e as necessidades da população, com capacidade de oferta e acesso efetivo em todos os níveis de atenção; ainda que valha considerar que muitas são as dificuldades e restrições.

A conjuntura atual marcada pela crise econômica, política e ética coloca em risco os direitos conquistados nos termos da Constituição e urge pelo engajamento da população na luta pela efetividade do sistema público de saúde. Diante disso, o fortalecimento do SUS e a sua consolidação como sistema de fato universal torna algo urgente e que depende em grande parte das lutas sociais, da valorização dada pela população, pois se não há (re) conhecimento sobre o sistema de saúde enquanto bem e direito público, reforça-se o julgamento da má qualidade e ineficiência, sustentado apenas na queixa, sem luta por assegurar saúde de qualidade, universal e integral.

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