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Sendo um tema com doutrina escassa dentro do ordenamento jurídico brasileiro, o presente trabalho de pesquisa foi de suma importância para ampliar os

37 [2014] EWHC 885 (Comm), Queen's Bench Division Commercial Court, Mr Justice Popplewell, 28 March 2014.

conhecimentos sobre tema tão presente no âmbito das relações contratuais, proporcionando maior contato com os meandres do Direito Marítimo internacional.

Tendo como ponto de partida o desenvolvimento histórico do Direito Marítimo, é inegável o papel de relevância das relações contratuais no âmbito da economia mundial, remontando ao período desde a era Antes de Cristo. Com o processo de globalização, essas relações se expandiram ainda mais proporcionando negociações entre partes de países, e consequentemente, sistema jurídicos mais variados.

Dentre os contratos no âmbito do Direito Marítimo, os de Afretamento podem ser citados como um dos mais utilizados. Tendo com players a figura do fretador e do afretador, as cartas-partidas são essenciais para a estipulação de seu conteúdo. Os conflitos que o permeiam podem ser inúmeros, desde questões envolvendo o não pagamento do frete, denominado no mercado como hire, a quando navio ultrapassa o tempo de estadia, devendo pagar uma quantia denominada demurrage em razão da sobrestadia.

Nesse cenário, foi apresentado que, ao negociarem contratos internacionais, uma preocupação comum entre partes são as barreiras impostas pelas legislações e normas internas que muita das vezes possui dispositivos com aplicações conflitantes, além de temerem a imparcialidade ao ter seus conflitos julgados pela jurisdição estatal da outra parte, o que gera a ausência de segurança jurídica.

Assim, a Arbitragem Marítima Internacional surge como solução para superar os possíveis impedimentos que essas barreiras poderiam gerar, inclusive, maior tempo no período de negociação para eleger o foro contratual dentro da jurisdição estatal. Esse instrumento possui características como celeridade, possibilidade de escolha pelas partes da lei aplicável, confidencialidade e especialização dos árbitros em relação ao objeto da lide, além da possibilidade de solucionar litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

No que diz respeito aos Contratos de Afretamento, as Cláusulas Compromissórias já vem sendo amplamente utilizada nas Cartas Partidas, como a de arbitrarion na New York Produce Exchange, conhecido como NYPE 93, e a

Dispute Resolution Clause, presente no formulário da Baltic and International Maritime Council.

Em relação aos Tribunais Arbitrais internacionais, as decisões se fazem relevantes para a construção de jurisprudência sedimentada na área, principalmente

de cortes especializadas como a LMAA, com sede em Londres e um dos tribunais mais tradicionais.

Dessa forma, foram abordados aspectos relacionados à utilidade do instituto da cláusula compromissória com a previsão da utilização da arbitragem como método alternativo para resolução de conflitos originados dos contratos de afretamento, notadamente se apresenta como um tema relevante dentro do atual cenário que envolve as relações de afretamento de navios e embarcações, e a utilização de cartas-partidas com esse conteúdo.

Concluiu-se que, já sendo uma realidade sedimentada no mercado de

shipping, a cláusula compromissória nos contratos de afretamento marítimo se

apresentam como uma solução efetiva no que a promover maior segurança jurídica dentro das relações jurídicas, assim como, decisões mais satisfatórias.

Por fim, em relação à realidade brasileira, apesar da arbitragem já ser prevista na legislação pátria há décadas, ainda é possível perceber certo distanciamento por parte dos operadores do direito acerca do tema. Assim, urge a necessidade do estímulo da cultura arbitral dentro das relações contratuais, possibilitando assim, o desafogamento do Sistema Judiciário e a promoção de procedimentos mais céleres e eficazes, com maior atuação de profissionais especializados na área.

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