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Considerações Finais 84

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo foi desenvolvido em dois componentes  (1) a busca de possíveis associações entre os resultados observados na BIA e a ocorrência de hipertensão arterial e RCIU e (2) a avaliação do desempenho do método (BIA), em predizer as associações encontradas, comparado aos resultados da Dopplervelocimetria das artérias uterinas. Isto definiu os objetivos do estudo e os artigos a serem publicados

OBJETIVO 1  avaliar as possíveis associações entre os valores diretos, resistência e reactância, obtidos pela análise da BIA, no segundo e terceiro trimestres da gestação, e a ocorrência de hipertensão arterial e RCIU (ARTIGO 1);

OBJETIVO 2  comparar, o potencial preditivo dos dois métodos  BIA, testando o(s) parâmetro(s) que apresentasse(m) associação mais precoce (segundo trimestre), e Dopplervelocimetria/PIM das artérias uterinas, realizados nos mesmos períodos da gestação (ARTIGO 2).

Os resultados encontrados mostraram-se bastante animadores. No primeiro componente, um estudo de coorte prospectiva, avaliando 200 gestantes, indicou associação precoce (segundo trimestre) entre resistência/BIA, identificada por valores mais baixos que o observado em mulheres que desenvolveram apenas HG ou não desenvolveram hipertensão arterial, e a ocorrência de PE. No terceiro trimestre da gestação, manteve-se a associação resistência/BIA e PE e confirmou-se associação entre reactância/BIA e PE, ambas com valores diminuídos em relação aos demais grupos de gestantes (HG ou Controle). Estes resultados permitem propor o método

como preditor do risco de desenvolver PE, especialmente, considerando-se a associação mais precoce  resistência/BIA e PE.

No segundo componente, a análise retrospectiva dos resultados da coorte original, avaliou o desempenho desse novo método, considerando a associação mais precoce (resistência/BIA), comparado ao índice PIM/Doppler das artérias uterinas. Os resultados evidenciaram que para os pontos de corte, inferior a 510 Ω para a resistência/BIA e superior a 0,78 para o PIM/Doppler, (1) os índices de Sensibilidade foram estatisticamente semelhantes para os dois métodos, respectivamente, 86,7 e 73,3%; (2) a Especificidade da resistência/BIA (73,3%) foi estatisticamente superior à demonstrada pelo PIM/Doppler (49,7%); (3) a associação dos dois métodos, em série, apresentou maior valor de Especificidade (86,5%) que a associação em paralelo (40,0%) e (4) a aplicação dos dois métodos em série definiu melhor o risco para o desenvolvimento de PE, identificando RR de 7,32, com IC95% de 2,79 – 19,22. Estes resultados sugerem que o uso dos dois métodos em série traria benefícios para o prognóstico destas gestações de risco.

Considerando esses resultados e o custo relativamente baixo da BIA, tanto em equipamento como em recurso técnico e humano, seria viável a aplicação universal deste método, complementada pelo PIM/Doppler, de maneira mais seletiva. Concluindo, esses resultados, inéditos, permitem recomendar a resistência/BIA como método triador do risco de desenvolver PE, devendo ser complementado pelo PIM/Doppler, apenas nos casos positivos.

Estas pesquisas devem continuar e, nesse contexto, a análise de impedância bioelétrica poderá trazer novas contribuições na elucidação dos mecanismos

Considerações Finais 86 fisiopatogênicos implicados na origem das manifestações clínicas dessa doença. Poderá, ainda, se tornar importante aliado na definição de medidas preventivas, diferenciadas e mais adequadas a cada tipo de evolução desse quadro.

Abre-se, assim, uma perspectiva ampla de pesquisa. Mais estudos são naturalmente necessários para (1) validar os resultados aqui encontrados; (2) investigar possíveis associações entre medidas de resistência e reactância/BIA e outros desfechos desfavoráveis e, sobretudo, avaliar (3) o desempenho da BIA em idades gestacionais mais precoces e (4) eventuais medidas de prevenção em gestantes com resultados anormais desse método.

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