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Considero a realização do presente estudo de grande importância para o desenvolvimento e valorização da enfermagem, à medida que possibilita que o enfermeiro compreenda a necessidade de adquirir e desenvolver competências gerenciais, haja vista as intensas transformações que tem ocorrido no mundo do trabalho em saúde, atuando de maneira mais eficaz no gerenciamento e na assistência de enfermagem em seu ambiente de trabalho.

Nesse sentido, podemos perceber que essas inúmeras modificações no mundo do trabalho em saúde, principalmente em decorrência da globalização e dos avanços tecnológicos, tem exigido uma mudança no perfil dos profissionais que atuam na área da saúde pública, já que o trabalho neste nível de atenção tem como foco a prevenção de agravos, a promoção, proteção e recuperação da saúde. Sendo assim, entendo que a ampliação do âmbito de ação da enfermagem no nível local acarreta em novas atribuições e exigências por parte dos enfermeiros, que necessitam mobilizar competências e gerenciar com base nestas para atender de forma mais adequada às novas demandas dos serviços de saúde.

Entendendo a importância da gestão dos serviços de saúde com base nas competências, procurei inicialmente no meu estudo identificar o conhecimento dos enfermeiros em relação às competências gerenciais, levando em consideração os fatores que facilitam e dificultam o gerenciamento em enfermagem, além das estratégias

educativas utilizadas para o aprimoramento da equipe de enfermagem na atenção básica de saúde, de modo a responder ao primeiro objetivo do meu estudo.

Pude perceber através dessa investigação que os profissionais enfermeiros sabiam identificar as competências gerenciais do enfermeiro, entendendo a necessidade de mobilizá-las de acordo com as demandas da unidade de saúde. No entanto, esses profissionais relataram que existem alguns elementos que dificultam suas atuações na unidade. Porém, um depoimento que me chamou atenção em relação a esse aspecto ressalta que a maior das dificuldades está na falta de vontade e acomodação dos profissionais dentro das unidades.

Penso que como a profissão de enfermagem é um trabalho essencialmente de equipe, é necessário que todos os profissionais estejam integrados e se esforcem sempre para fazer o melhor, independentemente das condições adversas que sejam impostas. Esse é um ponto fundamental que refletirá em facilidades e em melhores resultados no gerenciamento e na assistência à saúde da população.

Outro aspecto que me chamou atenção entre os enfermeiros entrevistados, foi à facilidade em trocar experiências, em dialogar, expor suas opiniões não só entre eles, mas também com a direção da unidade, com os técnicos e auxiliares de enfermagem, com outros profissionais de outras áreas e também com os usuários dos serviços. Essa comunicação interpessoal é bastante satisfatória nesse cenário, o que é na minha concepção um fator essencial e facilitador para a atuação do enfermeiro como líder de equipe e responsável pelo gerenciamento de uma unidade básica de saúde.

Percebi também que os enfermeiros realizam seu serviço com autonomia, recebendo diversas vezes suporte de outros profissionais para melhor execução de determinada função, sendo este um indicador também bastante relevante já que envolve a realização do trabalho multidisciplinar preconizado pelo sistema de saúde.

Caracterizo como um problema relevante a pouca preocupação dos enfermeiros gerentes em relação à realização de cursos, treinamentos, isto é, a qualificação de sua equipe na unidade. Notei que os enfermeiros não têm uma estratégia educativa para estar capacitando sua equipe e também não procuram estimulá-los ao aprimoramento de seus conhecimentos, o que em minha opinião pode gerar diversos problemas na assistência de enfermagem, uma vez que têm ocorrido transformações rápidas no perfil da clientela, nas

patologias e na maneira de cuidar do outro, sendo assim necessário que o enfermeiro, como responsável pela sua equipe, busque alternativas e tome decisões para melhor capacitar e motivar seus profissionais, visando uma assistência à saúde mais criativa, inovadora , que atenda às novas exigências do setor saúde.

Em um segundo momento, compreendendo que a gestão por competências envolve um processo de aprendizagem e desenvolvimento contínuos, procurei entender como havia se dado a formação profissional dos enfermeiros e quais competências eles acreditavam ser importantes para o gerenciamento dos serviços de saúde e aquelas que precisavam adquirir e desenvolver para gerenciar de maneira mais adequada a atenção básica de saúde, tendo como meta responder ao segundo objetivo da pesquisa.

Com relação à formação dos enfermeiros pude notar que todos eles estão bastante preocupados em aprimorar seus conhecimentos e aperfeiçoar seus saberes em algumas áreas específicas de maneira contínua. Isso é um fator essencial para o crescimento profissional de cada um, para o crescimento e valorização da profissão de enfermagem e também para a melhora na atenção á saúde, visto que profissionais mais qualificados e competentes geram possibilidades de inovação, melhores rendimentos e benefícios para o mundo do trabalho em saúde.

Entretanto, apesar de constatar que grande parte dos profissionais entrevistados tinha a consciência da necessidade de continuar estudando e se aprimorando para torna-se cada vez mais crítico e atuante dentro do seu cenário de trabalho, notei que muitos deles colocavam diversas barreiras para a manutenção desses conhecimentos atualizados, o que acarretava em problemas organizacionais e dificuldades no processo de tomada de decisões e no planejamento das ações de saúde mais adequado a realidade da instituição.

Percebi que os profissionais entrevistados consideraram importante para o gerenciamento dos serviços de saúde competências como conhecimento e liderança também citados por estes como elementos que precisam desenvolver para atuar de forma mais ideal na atenção básica de saúde. Nesse prisma, penso que todos os sujeitos entrevistados, mesmo aqueles com pouco tempo de experiência na área apresentam conhecimento científico bastante apurado, habilidades práticas satisfatórias e atitudes na grande maioria das vezes coerentes com as necessidades organizacionais. Além disso, percebi que apesar da maioria indicar a liderança como competência desafiadora, a maioria

têm perfil para se tornar um líder eficiente e criativo que atue com base no planejamento das ações de saúde, proporcionando assim, uma assistência de enfermagem mais condizente com a realidade.

Foi possível através da elaboração dessas duas categorias responder aos objetivos do estudo, sendo alcançados de maneira satisfatória. Entretanto, acredito que a investigação realizada no presente estudo não tem caráter de conclusão, uma vez que são necessários outros estudos no sentido de acompanhar o desenvolvimento de competências gerenciais pelo enfermeiro atuante na atenção básica de saúde, diante das intensas alterações que ocorrem nos paradigmas em saúde pública.

As lições que tirei e as sugestões que faço para que haja uma melhor qualidade no gerenciamento de enfermagem, é que se torna imprescindível a busca permanente por esses enfermeiros, de capacitação e aprimoramento de seus conhecimentos, seja por meio de cursos, por meio de leitura de livros e artigos científicos como forma de embasar suas ações. Além disso, como forma de contribuição do meu estudo também recomendo que haja uma mobilização por parte de todos os enfermeiros na busca pela capacitação e motivação de sua equipe e uma maior inserção por parte do enfermeiro na educação em saúde.

Estar inserido em um cenário tão abrangente e propício a mudanças constantes como a unidade básica de saúde foi também um desafio para mim, visto que precisei me empenhar na aquisição e no aperfeiçoamento dos meus conhecimentos em relação a todo o processo que envolve o serviço público de saúde, para realizar o estudo com mais fidedignidade e coerência.

Considero, portanto, que a realização deste estudo foi bastante enriquecedora, pois me proporcionou uma experiência bastante relevante sendo possível entender mais profundamente as funções do enfermeiro dentro da UBS e, principalmente a importância da aquisição e desenvolvimento de competências para que as ações de saúde sejam verdadeiramente condizentes com as demandas e necessidades de saúde.

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