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O objetivo deste trabalho foi conhecer as competências que os gestores de Enfermagem atuantes em hospitais privados da cidade de Volta Redonda no Estado do Rio de Janeiro percebem como suas e compará-las com as competências gerenciais requeridas pela empresa. Tendo como objeto de pesquisa, relatos coletados através de perguntas previamente elaboradas no qual foram direcionadas a gestores de três hospitais.

Uma organização hospitalar pode ser traduzida como um agrupamento de pessoas com o objetivo de atender às necessidades de outras pessoas. Ela compreende instalações, equipamentos (Hard), tecnologia, procedimentos, métodos (soft) e as próprias pessoas, que usam insumos obtidos na sociedade e os transformam em produtos (bens e serviços) oferecidos à sociedade. Sua sobrevivência é garantida enquanto consegue a satisfação de todas as pessoas envolvidas: clientes/pacientes, dono ou acionistas, funcionários e comunidade.

Atualmente, devido à globalização, em que se tornam cada vez mais ágeis as transformações tecnológicas, comerciais e corporativas, fica cada vez mais reduzido o tempo de incorporação de inovações à realidade dos negócios. Desta forma, a capacidade para realizar ou liderar mudanças é essencial para garantir a sobrevivência das organizações hospitalares.

Nesse cenário, atual e futuro, serão vencedores aqueles preparados para tais mudanças. A mudança das organizações pressupõe mudança prévia das pessoas que dela participam, assim, as maiores dificuldades não se encontram nos recursos materiais e tecnológicos; estão relacionadas às pessoas, aos profissionais que nela trabalham.

É necessário antecipar-se, o que pressupõe desprendimento e preparo para o novo; humildade; dar espaço e ouvido aos questionadores e contestadores; disposição para mudar mesmo quando se imagina ter sucesso; estimular a criatividade e a inovação.

A acomodação, o marasmo e a imobilidade podem caracterizar perda de espaço, podendo propiciar uma ação gerencial ultrapassada, o que pode gerar

conflitos junto aos dirigentes maiores das organizações hospitalares e também junto aos clientes/pacientes e entre equipes.

Assim, o conhecimento sobre as competências relacionadas à prática gerencial de Enfermagem, apresentada neste estudo poderá contribuir para o aprofundamento deste conhecimento na área.

Verifica-se que o conceito de competência surge na década de 60, chegando devagar ao nosso trabalho e ao nosso conhecimento. Conhecimento este que não é somente uma competência e sim um resultado de um treinamento. Na verdade competência é colocar em prática o que se sabe fazer e agir, é ter conhecimento, habilidades e atitudes demonstradas no seu dia a dia.

A pesquisa conseguiu alcançar o propósito estabelecido, ao demonstrar que tanto os dirigentes, quanto os enfermeiros utilizam as competências no seu cotidiano mesmo que diferenciadas, independentemente onde desenvolva o seu trabalho, pois as competências são importantes para o desenvolvimento nas instituições.

É importante o desenvolvimento das competências durante a formação do enfermeiro com isso formando um profissional com conhecimento baseado em evidências científicas, capacidade técnica e capacidade de decidir o que for melhor para a sua equipe, para o seu paciente e instituição, ou seja, um profissional crítico e reflexivo.

Ressalta-se que nas entrevistas o conhecimento técnico foi bem valorizado. Percebe-se que os profissionais hoje estão muito preocupados em alcançar metas, resultados positivos. Hoje os processos devem ser valorizados pois eles são os meios para alcance do planejado.

Percebe-se também, neste estudo, que existem diferenças nas estruturas organizacionais dos hospitais, apesar da adoção dos processos funcionais, o desenvolvimento de um hospital está em fase de implantação, o outro, em funcionamento, fazendo parte de uma rede nacional de hospitais e o terceiro, já efetivado há alguns anos. Esta estruturação das organizações hospitalares tende a influenciar na determinação das competências exigidas para o recrutamento do profissional enfermeiro gerente, pois o ambiente da empresa influencia a ação gerencial. Com isso, no final do recrutamento, teremos um perfil diferenciado do

profissional enfermeiro para cada instituição com conseqüente diferença na eficácia gerencial. Não existem empresas iguais, existem diversidades, diferenças entre si, na forma de utilizar os seus esforços para conseguir melhores resultados de suas ações.

Na análise dos depoimentos percebe-se que as competências essenciais relacionadas ao próprio indivíduo/pessoa são de suma importância para o desempenho da ação gerencial. Assim a sua qualificação, compromisso, dedicação e disponibilidade, apontada pelos dirigentes, são espelhados nas falas dos enfermeiros, que ocupam o cargo de gestor dos serviços de Enfermagem.

Desta forma, na fala dos enfermeiros verifica-se uma preocupação maior no fazer e não no que é preciso para realizar esse fazer, ou seja, o conhecimento prévio, científico. Mesmo quando falam de conhecimento, eles se limitam ao

conhecimento técnico, direcionado às técnicas inerentes à Enfermagem, o que

também é corroborado pelos dirigentes quanto a sua importância para o enfermeiro ocupar esse tipo de cargo.

Os requisitos enfatizados pelos enfermeiros como: liderança e trabalho em equipe não traduziram todas as dimensões necessárias às competências gerenciais para o exercício dessa ação. Enquanto competências caracteristicamente genéricas, os discursos dos enfermeiros apresentaram restrições quanto à prática da administração e um distanciamento ainda maior do exercício da pesquisa e da educação, confirmando uma terminalidade não resolutiva, desinstrumentalizada para o enfrentamento dos dilemas da prática.

Finaliza-se o estudo ressaltando a relevância do mesmo e os conhecimentos produzidos por ele para a contribuição e produção de novos saberes e fazeres para a área de gerência de enfermagem, com isso formando um profissional com conhecimento baseado em evidências científicas, capacidade técnica e capacidade de decidir o que for melhor para a sua equipe, competência que desempenha um papel importante dentro das Diretrizes Curriculares, direcionada para o seu paciente e instituição, tornando um profissional crítico e reflexivo.

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