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Síntese sobre as respostas às questões de investigação colocadas

Este estudo teve como principal objetivo perceber, de que modo, as atitudes dos adultos podem influenciar o desenvolvimento da autoestima em crianças, entre os três e os seis anos de idade. Para isso, foi necessária uma vasta pesquisa que acabou por se complementar com os casos reais relatados pelos entrevistados, que colaboraram neste estudo. Para orientar todo este estudo foram formulados três tópicos de pesquisa, apresentados em seguida:

1) Quais as representações de educadores e pais sobre a autoestima nas crianças e o seu papel no desenvolvimento da mesma?

De acordo com as opiniões transmitidas pelas Educadoras e pela Psicóloga, apercebemo-nos que, no que toca aos Pais, ainda existe uma subvalorização da criança no sentido de ainda ser muito pequena e ainda ter muito tempo para definir e trabalhar esta área. No entanto, os mesmos sujeitos afirmam que ainda existem pais que se preocupam com esta problemática e demonstram vários cuidados na forma como falam e lidam com os seus filhos. Ou seja, neste momento, as opiniões dividem-se de igual modo, entre os pais que se mostram sensíveis ao tema e os que não se parecem importar. No entanto, estes dados alteram-se quando se pergunta diretamente aos pais a sua opinião: três deles mostraram-se interessados e empenhados em ajudar os seus filhos nestes aspeto; outro acredita que a autoestima do seu filho já nasceu com ele e que não vão ser as suas atitudes a definirem isso.

Relativamente à sensibilização das Educadoras, todas afirmaram ser um tema bastante importante e ao qual o Educador tem de estar atento, mas a Psicóloga, a Mãe I e o Pai II, mostram-se um pouco reticentes a esta ideia. A Mãe I, anteriormente referida, relatou situações de retrocessos na autonomia do filho e o Pai II, problemas comportamentais após o ingresso da criança numa sala específica.

Em suma, percebemos que, no geral, tanto os Pais como as Educadoras se dizem informados e conscientes da importância da autoestima que as crianças formam nestas

idades, no entanto, na prática, cometem alguns erros que levam as outras pessoas a pensar o contrário. Aliás, duas das Educadoras admitiram isso mesmo, devido a alguns fatores stressantes, como o elevado número de crianças que têm à sua responsabilidade e a influência de todos os colaboradores e questões burocráticas da Associação.

2) Como identificar a autoestima de uma criança?

As informações recolhidas permitem concluir que uma criança cuja autoestima seja elevada demonstra extroversão, iniciativa e vontade de dialogar e de expor as suas ideias. Quanto à autoestima baixa, são referidas (pela maioria dos entrevistados) como atitudes preocupantes: a insegurança face às suas capacidades e o isolamento demonstrando-se inibida em relacionar-se com os pares.

As respostas registadas mostram-nos que apesar de haver um maior número de perguntas direcionadas para a autoestima baixa, a maioria dos entrevistados revelou uma maior tendência para indicar atitudes negativas nas questões menos específicas. Esta discrepância pode ter a ver com inúmeros fatores, mas eu sugiro uma das possíveis interpretações que a mim me parece fazer mais sentido: isto revela uma demonstração de uma maior preocupação face ao possível desenvolvimento de uma autoestima baixa do que face à importância do desenvolvimento de uma autoestima elevada.

3) Compreender e analisar o tipo de atitudes que promovem e inibem o desenvolvimento de uma autoestima alta.

Tendo em conta os dados referidos pelos entrevistados, este tópico foi dividido em duas subcategorias: feedback positivo e feedback negativo. Relativamente ao primeiro, referido por todos os entrevistados, destacam-se atitudes como elogiar e valorizar a criança bem como as suas capacidades. Relativamente ao feedback negativo, as atitudes que assumiram um maior relevo foram os insultos e a desvalorização da criança. Ou seja, exatamente o oposto do anterior.

Curiosamente tanto as Educadoras como os Pais referiram o elogio e/ou o incentivo, no entanto cada um direcionou o seu discurso e os exemplos dados para a sua área, ou seja, as Educadoras focaram-se nos exemplos e nos casos que trabalham no

jardim-de-infância, enquanto os Pais se focaram mais nas situações quotidianas dos seus lares.

Contribuição para o desenvolvimento pessoal e profissional

Foi com bastante entusiasmo e curiosidade que realizei esta pequena investigação na área da educação pré-escolar, tendo sido sem dúvida algo que me preencheu totalmente, tanto a nível pessoal como profissional. Primeiro por ter explorado um tema acerca do qual me interrogo há bastante tempo e depois pelos conhecimentos que adquiri, não só através da leitura dos grandes autores, mas principalmente através das entrevistas e das conversas informais que realizei. Estes foram sem dúvida diálogos que me enriqueceram a todos os níveis, por todos os conselhos e histórias partilhadas – principalmente com a Psicóloga e com as Educadoras.

Penso que a autoestima das crianças é um tema bastante pertinente, uma vez que a sua desvalorização (ou esquecimento) é algo que perdura nos dias de hoje e na educação em Portugal, não só em contexto familiar, mas em alguns casos também em contexto de jardim-de-infância – tal como referem os entrevistados. Por esta razão, e dada a paixão que tenho pela educação e pelas crianças, gostaria que a leitura deste trabalho transportasse o leitor para uma reflexão profunda acerca das suas atitudes e das crianças que se estão a criar neste país.

Investigações futuras a partir deste trabalho e possíveis reformulações

O objetivo deste trabalho foi responder às questões de investigação inicialmente formuladas, com base na informação recolhida. Apesar de procurado abordar os principais tópicos que englobam a autoestima na infância, tenho noção de que poderiam ter sido muito mais aprofundados, mas infelizmente o pouco tempo disponível não me permitiu que assim o fizesse, sendo uma limitação do trabalho.

Ainda assim, este relatório poderá servir como um ponto de partida para outros estudos mais aprofundados. Poderão entrevistar-se mais sujeitos a fim de ter uma visão mais global e credível da problemática e implementar não só alguns projetos de intervenção como também mais ações de formação dirigidas aos profissionais da área.

Contudo, e tendo em conta as limitações acima referidas, penso que este trabalho retrata de uma forma bastante real toda esta problemática, deixando-nos certos de que é uma área que necessita de uma rápida intervenção.

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