• Nenhum resultado encontrado

Considerações finais

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados expostos nesta pesquisa evidenciaram que a hipótese não foi confirmada, pois as USF do município de João Pessoa-PB não têm condições adequadas de acessibilidade para as pessoas com deficiência física e/ou sensorial. Referente à estrutura física no percurso casa/instituição de saúde, foram constatados aspectos como ausência de faixa de pedestre, rebaixamento de meio fio em pontos estratégicos, sinalização indicativa do percurso para a instituição, semáforos munidos de botoeiras e de dispositivo sonoro, estacionamento privativo para PcD, o SIA em entradas e saídas, entre outros. Concernente às áreas internas das instituições de saúde, a maioria não dispõe de rampas, degraus e corrimãos adequados, e quanto aos mobiliários e às instalações sanitárias, nenhuma das USF apresenta textos com informações escritas em braile, e poucas têm sanitários adequados para PcD e devidamente sinalizados pelo SIA.

Dotar essas unidades da infraestrutura necessária, de acordo com as necessidades de toda a população, é um desafio, pois é preciso entender que, para se promover a acessibilidade, é fundamental que as unidades de saúde disponham de acesso físico e adaptações ambientais adequadas à pessoa com deficiência, como produtos, instrumentos ou equipamentos adaptados para melhorar a funcionalidade dessas pessoas e favorecer sua autonomia pessoal, total ou assistida. Para isso, urge a busca incansável para potencializar a acessibilidade e as ações de cuidado para as PcD na atenção básica, com a complementação de outros serviços mais complexos, quando necessários, pois reconhecer que as políticas públicas e as instituições não correspondem a essa necessidade emergente traz à tona a necessidade de reformular esse cuidado e de reorganizar os serviços de saúde.

Ressalte-se, no entanto, que, para se oferecer um cuidado de acordo com os princípios do SUS, ou seja, de forma plena, integral e verdadeiramente universal para essa população, é preciso que haja uma adequação tanto na estrutura física dos serviços quanto no processo de interação entre o profissional da área de saúde e os clientes, assim como na dialética das propagandas e dos programas de prevenção, com ferramentas estratégicas para a implantação dessas ações de forma efetiva, a fim de promover acessibilidade para as pessoas com deficiência.

No Brasil, existe uma das melhores legislações voltadas para os direitos da pessoa com deficiência. No entanto, elas ainda precisam ser mais bem implementadas e fiscalizadas para que se possam construir ações conjuntas para prevenir deficiências e facilitar a acessibilidade, o que possibilitará a verdadeira inclusão social dessas pessoas. Nessa perspectiva, esta pesquisa

propicia uma reflexão acerca da inserção do enfermeiro, nesse contexto de mudanças nas políticas de saúde, para compor um cenário em que a gerência no trabalho desse profissional deve ser uma característica essencial no enfrentamento dos desafios propostos, visando acompanhar a evolução do mundo globalizado. Para isso, ele precisa ampliar seus conhecimentos por meio da implantação das políticas do saber e do fazer crítico. Essa é, pois, uma forma de se tornar um profissional capaz de resolver desafios do cotidiano.

Nesse sentido, intervenções específicas e dirigidas a esse grupo populacional e a avaliação das políticas públicas vigentes, para efetivar tudo o que é garantido por lei seriam uma forma de minimizar as dificuldades decorrentes dessa deficiência e promover a atenção integral em saúde. Para tanto, capacitar as PcD para que possam exercer plenamente seu papel na sociedade e atender aos anseios das partes interessadas são apelos fortes para que se facilite todo esse processo. Assim, é necessário ver essas pessoas como verdadeiros cidadãos, reduzir o preconceito e a discriminação e promover políticas públicas e institucionais que respaldem as necessidades físicas, clínicas e psicossociais desses indivíduos.

Este estudo é um primeiro passo para melhorar a gestão e o planejamento dos serviços de saúde para pessoas com deficiência no município de João Pessoa-PB. No entanto, algumas limitações estiveram relacionadas à inexistência na literatura de estudos intervencionais no Brasil destinadas à acessibilidade dessa população. Isso requer o desenvolvimento de mais pesquisas nessa área, para ampliar o conhecimento sobre a influência do meio ambiente e de fatores que interferem no livre acesso dessas pessoas. É preciso, ainda, validar instrumentos específicos que possam trazer dados mais fidedignos sobre essa acessibilidade.

REFERÊNCIAS

1. Vasconcelos LR, Pagliuca LMF. Mapeamento da acessibilidade do portador de limitação física a serviços básicos de saúde. Esc Anna Nery R Enferm. 2006;10(3):494-500.

2. Wagner LC, Lindemayer CK, Pacheco A, Silva LDA. Acessibilidade de pessoas com deficiência: o olhar de uma comunidade da periferia de Porto Alegre. Ciência em Movimento. 2010;12(23):55-67.

3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo Demográfico 2010. Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro: IBGE; 2012.

4. Amaral FLJSA, Holanda CMA, Quirino MAB, Nascimento JPS, Neves RF, Ribeiro KSQS, et al. Acessibilidade de pessoas com deficiência ou restrição permanente de mobilidade ao SUS. Ciência & Saúde Coletiva. 2012;17(7):1833-40.

5. Pagliuca LMF, Aragão AEA, Almeida PC. Acessibility and physical deficiency: identifying architectural: barriers in internal areas of hospitals in Sobral, Ceará. Rev Esc Enferm USP. 2007;41(4):581-8.

6. Siqueira FCV, Facchini LA, Silveira DS, Piccini RX, Thumé E, Tomasi E. Barreiras arquitetônicas a idosos e portadores de deficiência física: um estudo epidemiológico da estrutura física das unidades básicas de saúde em sete estados do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva. 2009;14(1):39-44.

7. Brasil. Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR 9050: Acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências e edificações, espaço, mobiliário e equipamento urbano. Rio de Janeiro, 2004.

8. Othero MB, Dalmaso ASW. Disabled people in primary healthcare: professionals' discourse and practice in a healthcare teaching center. Interface - Comunic., Saúde, Educ. 2009;13(28):177-88.

9. Nascimento VF. Acessibilidade de deficientes físicos em uma unidade de saúde da família. Rev. Eletr. Gestão & Saúde. 2012;3(3):1031-44.

10. Nunes MI, Santos M, Ferretti REL. Enfermagem em geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

11. Kawamoto EE, Fortes JI. Fundamentos de enfermagem. 3ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

12. Rebouças CBA, Cezario KG, Oliveira PMP, Pagliuca LMF. People with physical and sensory deficits: perceptions of undergraduate nursing students. Acta paul. enferm. 2011;24(1):80-6.

13. Aragão AEA, Pagliuca LMF, Macêdo KNF, Almeida PC. Instalações sanitárias, equipamentos e áreas de circulação em hospitais: adequações aos deficientes físicos. Rev. Rene. 2008;9(1):36-44.

14. Martins C, Kobayashi RM, Ayoub AC, Leite MMJ. Profile of the nurse and the necessities of professional competence development. Texto Contexto Enferm. 2006;15(3):472-8. 15. Souza FR, Pimentel AM. Pessoas com deficiência: entre necessidades e atenção à saúde.

Cad. Ter. Ocup. UFSCar. 2012;20(2):229-37.

16. França ISX, Pagliuca LMF, Baptista RS. Policies for the inclusion of disabled people: limits and possibilities. Acta paul. enferm. 2008;21(1):112-6.

17. Othero MB, Ayres JRCM. Healthcare needs of people with disabilities: subjects' perspectives through their life histories. Interface - Comunic., Saúde, Educ. 2012;16(40):219-33.

18. Melo CMM, Santos TA. Nurse's political participation in municipal Public Health Care System management. Texto Contexto Enferm. 2007;16(3):426-32.

19. Souza MKB, Melo CMM. Atuação de enfermeiras nas macrofunções gestoras em saúde. Rev. enferm. UERJ. 2009;17(2):198-02.

20. Aguiar ABA, Costa RSB, Weirich CF, Bezerra ALQ. Gerência dos serviços de enfermagem: um estudo bibliográfico. Rev. Eletr. Enf. 2005;7(3):318-26.

21. Ruthes RM, Cunha ICKO. Competencies of the nurse in the management of cognitive and capital knowledge. Rev. bras. enferm. 2009;62(6):901-5.

22. Tronchin Daisy Maria Rizatto, et al. Gerenciamento em enfermagem Paulina Kurcgant – 2.ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

23. Malucelli A, Otemaier KR, Cubas MR, Garcia TR. Information system for supporting the Nursing Care Systematization. Rev. bras. enferm. 2010;63(4):629-36.

24. Sampiere RH, Collado CF, Lúcio MPB. Metodologia de Pesquisa. 5ª edição. Porto Alegre: Penso, 2013.

25. Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª edição. São Paulo: Atlas S.A, 2008. 26. Richardson RJ. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas; 2011.

27. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo Demográfico 2010. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2014.

28. João Pessoa. Secretaria Municipal de Saúde. 2012. Available from:

29. Araújo AEA, Acessibilidade da pessoa portadora de deficiência física aos serviços hospitalares: avaliação das barreiras arquitetônicas [Dissertação]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará; 2004.

30. Vieira S. Princípios da Estatística, Editora Pioneira, São Paulo, 1999.

31. Murteira BJF, Black GHJ. Estatística Descritiva, Editora McGraw Hill, Lisboa, 1983.

32. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de Dezembro de 2012. Brasília: Ministério da Saúde; 2013.

33. Brasil. Ministério da Saúde. PNAB - Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Available from: http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnab.php 34. França ISX, Pagliuca LMF, Baptista RS, França EG, Coura AS, Souza JA. Symbolical

violence in the access of disabled persons to basic health units. Rev. bras. enferm. 2010;63(6):964-70.

35. Almeida PC, Aragão AEA, Pagliuca LMF, Macêdo KNF. Barreiras arquitetônicas no percurso do deficiente físico aos hospitais de Sobral, Ceará. Rev. Eletr. Enf. 2006;8(2):205- 12.

36. Kirchner CE, Gerber EG, Smith BC. Designed to deter. Community barriers to physical activity for people with visual or motor impairments. American journal of preventive medicine. 2008;34(4):349-52.

37. Castro SS, Cieza A, Cesar CLG. Problems with accessibility to health services by persons with disabilities in São Paulo, Brazil. Disability and Rehabilitation. 2011; 33(17–18):1693– 169.

38. Baris ME, Uslu A. Accessibility For People With Disabilities In Urban Spaces: A Case Study of Ankara, Turkey. International Journal of Architectural Research. 2009;4(9):801- 14.

39. Floyd MH, Zambrano JÁ, Antó AM, Jiménez CS, Solórzano CP, Díaz AL. Identificación de las barreras del entorno que afectan la inclusión social de las personas con discapacidad motriz de miembros inferiores. Revista: Salud Uninorte. 2012;28(2): 227-37.

40. Amaral FLJS, Motta MHA, Silva LPG, Alves SB. Fatores associados com a dificuldade no acesso de idosos com deficiência aos serviços de saúde. Ciênc. saúde coletiva. 2012;17(11): 2991-3001.

41. Favretto DO, Carvalho EC, Canin SRMS. Intervenções realizadas pelo enfermeiro para melhorar a comunicação com deficientes visuais. Rev. Rene. 2008;9(3):68-73.

42. Souza ELV, Moura GN, Nascimento JC, Lima MA, Pagliuca LMF, Caetano JA. Diagnósticos de enfermagem embasados na teoria do autocuidado em pessoas com deficiência visual. Rev Rene. 2012; 13(3):542-51.

43. Silva JVP, Tosta QP, Otto HR, Lins ACS, Sampaio TMV. Acessibilidade às pessoas com deficiência física e visual no Parque Esportivo Itanhangá. Motricidade. 2012;8(S2):249-58. 44. Henning-Smith C, McAlpine D, Shippee T, Priebe M. Delayed and Unmet Need for

Medical Care Among Publicly Insured Adults With Disabilities. Medical Care. 2013; 51(11):1015-9.

45. Bentes IMS, Vidal ECF, Maia ER. Percepção da pessoa surda acerca da assistência à saúde em um município de médio porte: estudo descritivo-exploratório. Online Brazilian Journal of Nursing. 2011;10(1).

46. Castro SS, Lefèvre F, Lefèvre AMC, Cesar CLG. Accessibility to health services by persons with disabilities. Rev. Saúde Pública. 2011;45(1):99-105.

47. Castro SS, Paiva KM, César CL. Dificuldades na comunicação entre pessoas com deficiência auditiva e profissionais de saúde: uma questão de saúde pública. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2012;17(2):128-34.

48. Gasparoto MC, Alpino AMS. Avaliação da acessibilidade domiciliar de crianças com deficiência física. Rev. bras. educ. espec. 2012;18(2):337-54.

49. Ruíz CPS, Ramírez CR, Miranda JPA, Camargo LVR, Urquijo LYG, González NC. Barreras contextuales para la participación de las personas con discapacidad física. Rev. Univ. Ind. Santander. Salud. 2013;45(1).

50. Lagu T, Iezzoni LI, Lindenauer PK. The Axes of Access — Improving Care for Patients with Disabilities. N Engl J Med. 2014; 370:1847-51.

51. Leal DR, Mattos GD, Fontana RT. Worker with physical disability: weaknesses and disorders self referred. Rev. bras. enferm. 2013;66(1):59-66.

52. Sales AS, Oliveira RF, Araújo EM. Inclusion of persons with disabilities in a Reference Center for STD / AIDS of a town in Bahia, Brazil. Rev. bras. enferm. 2013;66(2):208-14. 53. Mudrick NR, Breslin ML, Liang M, Yee S. Physical accessibility in primary health care settings: Results from California on-site reviews. Disability and Health Journal. 2012; 5(3):159–67.

54. Pagliuca LMF, Regis CG, França ISX. Analysis of communication between blind people and Nursing students. Rev. bras. enferm. 2008;61(3):296-301.

55. Poldma T, Labbé D, Bertin S, Grosbois È, Barile M, Mazurik K, et al. Understanding people's needs in a commercial public space: About accessibility and lived experience in social settings. European Journal of Disability research, Revue européen de recherche sur le handicap. 2014;8(3):206-16.

56. Gulley SP, Rasch EK, Chan L. The Complex Web of Health: Relationships Among Chronic Conditions, Disability, and Health Services. Public Health Rep. 2011;126(4): 495–507.

57. Tomlinson M, Swartz L, Officer A, Chan KY, Rudan I, Saxena S. Research priorities for health of people with disabilities: an expert opinion exercise. The Lancet. 2009;374(9704):1857-62.

58. Iezzoni LI, Kilbridge K, Park ER. Physical access barriers to care for diagnosis and treatment of breast cancer among women with mobility impairments. Oncology Nursing Forum. 2010; 37(6):711-7.

59. Girondi JBR, Santos SMA. Deficiência física em idosos e acessibilidade na atenção básica em saúde: revisão integrativa da literatura. Rev. Gaúcha Enferm. 2011;32(2):378-84

APÊNDICE A

Documentos relacionados