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Nesta dissertação foi posta uma discussão muito atual, que diz respeito a questão agrária brasileira do século XXI e a agroecologia como alternativa de mudança do modelo de produção agrícola a nível Brasil e mundial.

Contudo o cerne da questão foi desvelar a concepção agroecológica do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), visto que neste há uma concepção para além das práticas institucionais, teóricas ou de mudança micro do modelo de produção agrícola.

Neste tem-se a busca estratégica de uma mudança macro nos âmbitos ambiental, político, social, entre outros, abarcando uma transformação estrutural do modo de produção vigente.

Assim sendo temos que os resultados da análise realizada trouxe aspectos surpreendentes, mostrando como que nos documentos programáticos e cadernos de estudo, há um consenso de um movimento popular e de um sujeito coletivo, lutando por um mundo melhor para os trabalhadores e sustentável ecologicamente.

Porém é importante a ressalva, dos limites que a dissertação carrega, que se trata de ser uma pesquisa documental, e que foi demarcado desta maneira pela falta de tempo e recursos para que a pesquisa de campo ocorresse, trazendo desta maneira os resultados somente no âmbito teórico.

E não abrangência de mais documentos a serem analisados, sendo delimitado os que foram analisados, por questões de tempo.

Desta maneira, a pesquisa iniciou trazendo uma discussão muito presente, que diz respeito a questão agrária brasileira do século XXI, que por sua vez nos dá um panorama do contexto social, econômico, político, entre outros das relações sociais interrelacionadas no envolto da produção. Pois, a questão agrária nos traz elementos para compreender para além da produção agrícola e suas relações, abarca o contexto em que esta se encontra.

Assim sendo, o primeiro capítulo veio desvelando este contexto que a produção agrícola está inserida e quais consequências sociais, ambientais, políticas e econômicas têm havido de acordo com a maneira que esta produção tem sido controlada.

Dando continuidade no trabalho, o segundo capítulo trouxe a agroecologia a partir da visão de alguns autores que foram utilizados pelo MST na inclusão da agroecologia em seu programa popular.

E no terceiro capítulo a análise de discurso crítica utilizada como instrumento de análise para responder as indagações feitas no início desta dissertação, que tem como objetivo geral, a análise do discurso político sobre a agroecologia defendido pelo MST através dos documentos publicados pelo movimento social a partir dos anos 2000, à luz das concepções teóricas de agroecologia existentes, para desvelar como o movimento social propõe uma transformação social fundada nos princípios da sustentabilidade ambiental.

Assim sendo, de acordo com o que foi analisado, pôde se perceber que os discursos com relação a questão agrária brasileira do século XXI se repetem, remetendo a uma resposta àquilo que o modo de produção capitalista produz, nos âmbitos social, ambiental, econômico, político, que são as consequencias de um sistema que visa o lucro.

Logo, há a expropriação da força de trabalho e dos recursos naturais; o desemprego; o trabalho escravo; alimentos que fazem mal a saúde; fome; falta de acesso à educação ou uma educação com falta de recursos; governos que apóiam os capitalistas; desigualdade social, entre tantas outras consequencias que colocam para o trabalhador e trabalhadora a única opção de vender sua força de trabalho, a fim de sobreviver, muitas vezes.

Desta maneira, o MST tem lutado e resistido a tais contradições, que por sua vez, fizeram parte da vida de todos(as) os(as) assentados(as) e acampados(as) do Brasil.

E em se tratando da relação do MST com agroecologia e a questão agrária do Brasil no século XXI, tem-se que uma das mazelas trazidas pelo sistema capitalista, é a expropriação dos recursos naturais. E neste quesito, o MST em todos os

documentos, trazem o discurso de preservação e recuperação dos recursos naturais. E na sua grande maioria, a agroecologia como estratégia para a reforma agrária.

Com relação as contradições enfrentadas pelo MST em sua trajetória de construção prática de experiências temos que foi apresentada em poucos documentos, pois a maioria traziam projetos, palavras de ordem, não a descrição das experiências agroecológicas. Contudo, nos documentos que pôde abranger esta questão, é evidenciado uma transição dificultosa, com muitas barreiras, como por exemplo, a falta de conhecimento; as condições materiais; e a falta de políticas públicas de incentivo.

No que concerne aos elementos reafirmados e negados na elaboração e sistematização do MST, tendo como embasamento, o debate teórico sobre a agroecologia desenvolvido no capítulo 2. Pôde-se notar que nos discursos que cabiam a pergunta, os elementos que compõe as concepções do movimento e as concepções teóricas, estão no âmbito ambiental; alguns autores concordam com a perspectiva de larga escala do MST; há um consenso quanto à viabilidade econômica; há busca por especialização; e alguns autores concordam com a soberania alimentar nível Brasil.

No quesito difere, têm-se que o MST busca trabalhos coletivos; em larga escala; também uma soberania alimentar para todo o país; uma soberania popular da energia; transformação estrutural do modo de produção agrícola; democratização da terra para todo o povo; agroecologia como estratégia para uma superação do modo de produção capitalista, visando uma sociedade do povo e de forma sustentável ambientalmente.

Assim sendo, temos que o MST propõe uma transformação social nos moldes sustentáveis utilizando da agroecologia como matriz tecnológica de produção em um novo sistema.

Logo é mister afirmar, que o MST como sujeito coletivo incluiu a agroecologia em seu programa popular a partir de lutas e contradições, que por sua vez está no cerne

de sua construção como resposta as contradições postas do modo de produção capitalista.

E que este utiliza da agroecologia como estratégia para uma transformação estrutural de base sustentável, abarcando desta maneira uma luta pelo povo brasileiro por seus direitos que estão sofrendo retrocessos a cada dia e por uma vida digna, como também a favor dos recursos naturais vivos, pois sem eles não a vida no planeta.

Logo, temos uma concepção agroecológica que transcende a teoria, porém a utilizando, ou seja, não fica no estado teórico e de experimentações científicas, neste há o exercício da prática transformadora, centralidade do próprio MST. O que diferencia de outras concepções que permanecem no cientificismo, ou só discutem o enfrentamento ao modo de produção vigente, não aprofundando a discussão.