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Mais do que contribuir para a redução dos índices de êxodo rural, o Programa de Inclusão Digital Beija-Flor está criando condições e permitindo acesso ao conhecimento e o uso cidadão de ferramentas de tecnologia da informação e comunicação, pouco acessíveis às remotas comunidades rurais do país e, em particular, de Santa Catarina.

A criação de uma rede virtual estadual e nacional para telecentros, que permita o intenso compartilhamento de dados e informações e que agregue conhecimento das e às práticas locais, auxilie no desenvolvimento econômico e social local/regional, consiste numa boa oportunidade para que os programas/projetos de inclusão digital/social atuem de forma integrada, e com base em informações por eles geradas, ou seja, pautadas na realidade desses programas/projetos.

Por outro lado, os programas/projetos de inclusão digital ganham em escala na medida em que haja integração, e que por sua vez, busquem na adoção de práticas de gestão administrativa e do conhecimento, potencializar ações, recursos financeiros e capital humano, além de criarem condições para sua expansão e significativa contribuição à sociedade.

Estar inserido na sociedade do conhecimento não significa ter optado por ela e, dessa forma, dispor minimamente infra-estrutura para que a sociedade desfrute de ferramental tecnológico existente visando o exercício da exploração e construção do próprio conhecimento significa reconhecer que o amplo desenvolvimento reside no conhecimento, algo já experimentado de outros locais do planeta. Nesse sentido, os programas/projetos de inclusão digital tendem à contribuição relevante, já que concentram uma variedade de atividades que buscam gerar melhores condições de vida às pessoas e, conseqüente eqüidade social e oportunidades mercadológicas, sobretudo aos empreendedores, que por vezes, pela falta de informações e/ou oportunidades, não conseguem espaço no mercado.

É importante ressaltar que os processos de gestão do conhecimento no âmbito do Programa de Inclusão Digital Beija-Flor estão sendo pensados na perspectiva de que a criação, descoberta e coleta de conhecimentos internos e melhores práticas, aliados ao compartilhamento e a compreensão dessas melhores práticas podem ser utilizadas, gerando adaptações e aplicações criando novas situações.

Projetos de qualquer natureza promovem mudanças, sendo esse um dos limitadores para o desenvolvimento completo da gestão do conhecimento e demais ações desenvolvidas no escopo desses projetos. Nas questões culturais, sobretudo, no não compartilhamento do conhecimento em ambientes de competitividade, são as pessoas quem oferecem as maiores resistências. Sob esse prisma, as ações de inclusão digital, que objetivam a construção coletiva do conhecimento promovem mudanças no paradigma cultural, ou seja, o desenvolvimento coletivo é garantido pela construção conjunta de melhores oportunidades por meio do acesso e uso do conhecimento.

À luz da proposta desse trabalho, sobretudo de seus objetivos, do problema e da pergunta de pesquisa levantada, considera-se que apesar dos esforços, os dados tabulados na pesquisa de campo, mostram que muitas unidades de inclusão digital ainda intensificam esforços sobre as atividades de formação voltadas a cursos técnicos de informática básica. Há que se considerar o elevado índice de excluídos digitais no momento da implementação das unidades de inclusão digital, portanto, justificando em parte tal atenção, contudo, o oferecimento e desenvolvimento de atividades que utilizam a tecnologia da informação e comunicação como meio, são necessárias para consolidação do espaço de inclusão digital comunitário, que esteja voltado para as necessidades da sociedade.

De acordo com a pesquisa, apesar de incipientes, as práticas de gestão do conhecimento adotadas no programa de inclusão digital estudado, vêm contribuindo para a explicitação do conhecimento existente nas comunidades rurais e pesqueiras de Santa Catarina. As informações derivadas dessas práticas de gestão do conhecimento permitem, no atual momento, subsidiar novas ações de inclusão digital, ou fortalecer às já existentes. Por outro lado, os dados e informações produzidos nos telecentros compõem um sistema de banco de dados, que dentre outras, permite às organizações envolvidas, adotarem novas práticas ou estratégicas institucionais. As práticas de gestão do conhecimento adotadas em projetos sociais

podem contribuir para o desenvolvimento de ações de políticas públicas, na medida em que os dados e informações são fornecidos pelo próprio público atendido por tais atividades. Nesse sentido, se espera que num futuro próximo, as informações e conhecimentos obtidos nos telecentros, possam contribuir de forma consistente no delineamento de atividades de políticas públicas nos mais variados setores.

O fato de subsidiar novas ações, permitir novos olhares sobre as já existentes, além de contribuir para a inserção de pessoas no mercado de trabalho, não significa relevante contribuição para o desenvolvimento do empreendedorismo nas pessoas. No entanto, as condições que estão sendo criadas e seu esperado aprimoramento, facilitam a ousadia da criatividade, o estímulo por aprender, a necessidade por novos conhecimentos, além de o desejo pelo compartilhamento do conhecimento consiste em elementos que permitem sugerir que as práticas de gestão do conhecimento implementadas em projetos sociais contribuem para o desenvolvimento do empreendedorismo nos envolvidos.

O ineditismo em Santa Catarina, especialmente nas organizações públicas, também permite apontar o empreendedorismo do Programa Beija-Flor, seja pelas mudanças culturais provocadas, pela importância de articulações com organizações de variados setores, bem como, a possibilidade de captura de conhecimentos externos às organizações. Além desses, no caso da SAR, principalmente quando do início do Programa, a possibilidade real do risco de fracasso levou os patrocinadores a adotarem ações no sentido de viabilizar demandas que objetivaram consolidá-lo interna e externamente. Nesse sentido, na medida que apresentem seus resultados, os processos de gestão do conhecimento também contribuem para o desenvolvimento do empreendedorismo em organizações.

De forma mais abrangente e, a cada etapa da pesquisa, novos elementos foram agregados, onde, genericamente, pôde-se constatar que há uma expressiva gama de conhecimentos existentes e não explicitados, sobretudo: pela ausência de condições infra-estruturais; estímulo ao exercício da produção de conhecimento; reconhecimento, principalmente, pelos agentes públicos de que há muito conhecimento e contribuições que podem ser extraídas dos cidadãos; desinteresse e falta de visão de agentes públicos no que tange aos benefícios do compartilhamento de informações para produção de conhecimento e, ausência de investimentos públicos em políticas integradas de governo eletrônico.