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Esta dissertação repousou sua análise em um estudo de caso sobre a política de cooperação espacial sino-brasileira para com suas interseções no âmbito dos BRICS. Repensado a prática da cooperação espacial e suas interseções para com as políticas, diretrizes e princípios norteadores das relações diplomáticas intra-BRICS, a narrativa exposta até aqui evidencia ainda um longo debate a ser feito acerca da cooperação, das relações multilaterais e bilaterais intra-grupo e para com os parceiros dos BRICS, assim como sobre a importância e as atribuições do setor espacial para os BRICS em suas relações internacionais.

É evidente que o agrupamento BRICS tem ampliado seus debates e interesses de aproximação para o desenvolvimento de novos acordos setoriais de cooperação, no entanto, vem se evidenciando a ampla necessidade para além de novas agendas, o desenvolvimento de plataformas aplicáveis para o controle e a operacionalização das práticas de cooperação entre o bloco, uma gestão comum a todos pautada no viés da boa governança.

É fato que se faz necessário repensar, diante de Estados tão distantes uns dos outros e ao mesmo tempo tão próximos por seus interesses políticos, as agendas de cooperações a serem desenvolvidas com base na necessidades e as suas transformações comuns a todos os Estados. Pois se o agrupamento deseja promover convergência intra-

grupo, se faz necessário repensar suas práticas gestoras relacionadas às suas agendas e anseios eficazes da cooperação para com o desenvolvimento.

Quando pensadas as atribuições técnicas da prática de cooperação sino- brasileira do programa CBERS para com os BRICS, compreende-se uma demanda no desenvolvimento de plataformas comuns a todos os membros do agrupamento, diante a falta de gestão ativa para com a sua operacionalização a conceber as perdas e os ganhos a todos os Estados, seja geopoliticamente, cientificamente e tecnologicamente.

Outrossim, compreende-se que a pesquisa, a inovação e a produção espacial centralizada, precisamente na Rússia e na China, implica no fortalecimento para com a Índia uma grande parcela de Hard e Soft Power para atuação e estabelecimento de uma ordem espacial perante outros atores, tais como o Programa Espacial Norte-Americano e Europeu.

Ainda, verifica-se que os debates interpostos diante da crise política brasileira recentemente, com o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, afastada sob a acusação de ter cometido crimes de responsabilidade fiscal, as chamadas "pedaladas fiscais"; com a troca presencial nos EUA, de Barack Obama para Donald Trump; com o XIX Congresso do Partido Comunista Chinês atribuindo maiores poderes para Xi Jinping; estabeleceram grandes preocupações para com todo o agrupamento dos BRICS, a repensarem as condições de fortalecimento do agrupamento intra-grupo, assim como, para com suas relações multilaterais.

Compreende-se que o setor espacial inseriu-se recentemente na agenda política e diretiva dos BRICS, elucidando especialmente atribuições de ordem tecnológica, econômica e industrial a Estados como Brasil e África do Sul ainda em fase embrionária de desenvolvimento. O que por sua vez, no que concerne ao plano geopolítico do agrupamento, compreender o uso do espaço sideral desde a criação e atribuição de satélites, está se tornando um novo ambiente para qual os cinco Estados buscam uma coesão de poderes quanto à conquista de uma ordem espacial tecnológica face a sua legitimação social nacional.

É crescente a importância do uso do espaço para além da Guerra, uma vez que, na nova ordem contemporânea, preceitos de sustentabilidade ecológica e social na prática da cooperação para o desenvolvimento passaram a constituir de forma associativa e consciente uma transição estrutural quando pensado um agrupamento de Estados para com a ação humana sobre a Terra e seu entorno.

O espaço, enquanto um ambiente ainda em conquista, seja industrial, tecnológico, científico, econômico e principalmente de legitimação social para com as disputas no Sistema Internacional, tem mostrado cada vez mais a dependência e a sua necessidade de exploração pela humanidade, principalmente no que concerne a atividades diárias, tais como serviços bancários, assim como o uso de GPS, rádio, televisão, etc.

Entende-se que diante desse contexto, ainda é precoce as avaliações a respeito da participação brasileira e da África do Sul juntamente com a Rússia, a China e com a Índia, para uma promoção ativa de um Programa Espacial dos BRICS que olhe por um viés conjuntural as implicações de cada Estado em diferentes bases setoriais, tais como o comercial, o tecnológico, o científico, o financeiro, o social entre outros. Assim como os elementos de vantagens e desvantagens pertinente a promoção e uso de satélites no espaço sideral para com as ações e as demandas das necessidades sociais, tal como, as implicações das relações de cada Estado para com suas relações multilaterais.

Deste modo, desde a sua importância sociocultural, tecnológica e científica, econômica e política, podemos compreender a necessidade de ampliarmos cada vez mais os estudos e pesquisas sobre o setor espacial no âmbito das Relações Internacionais. Pois é fato que ainda são iniciais os estudos e pesquisas feitos por analistas políticos para a delineação do arcabouço disciplinar espacial para as Ciência Política e Relações Internacionais. Uma vez que a maioria dos estudos até então realizados são feitos pelo setor de estudos da área de Ciências Exatas, tais como engenharia e matemática, não atribuindo as importâncias geopolíticas pertinentes.

Por fim, é fato que o atual momento dos BRICS perante as suas relações com Estados, como EUA e os europeus, passam por uma reorientação ainda in curso sobre os novos paradigmas da política internacional para com a ordem internacional contemporânea. Principalmente, a partir das manifestações de Donald Trump, inserido por discursos pragmáticos, em uma tentativa de reorientação dos EUA frente o resto do mundo por uma transformação do ordenamento estatal e de instituições internacionais.

Os BRICS perante essas transformações têm a tarefa determinante de aumentar cada vez mais seus laços políticos, buscando alavancar o agrupamento na ordem internacional. Por sua vez, o uso de satélites e do espaço sideral constituirá elemento primordial a considerar a nova ordem contemporânea na vida cientifica, tecnologia, financeira e social do espaço humano para com as interconexões de políticas globais.

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