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Este documento teve como objetivo buscar alternativas que permitissem valorizar turisticamente a mata da Matinha de Queluz, uma área histórica sensível e com evidentes restrições interventivas. Fazendo recurso a análise teórica, avaliação de condicionantes, características de gestão, abordagem territorial e histórica, contexto socioeconómico e turístico, foi possível delimitar um caminho viável e capaz de reunir preservação, valorização patrimonial e histórica, coesão territorial e rentabilidade.

Para lá chegar, a construção das soluções demandou a busca por limites e oportunidades fundamentais que abriram caminho para as soluções mais inovadoras. Neste processo, sublimadas através de pesquisa as características endógenas de destaque e as mais rígidas condicionantes que compunham a essência do espaço, tencionou-se reordenar elementos e introduzir novidades com a combinação deengenho e arte.

As incursões teóricas trouxeram o caminho ideal por via das melhores práticas nas diferentes escalas da gestão de paisagens culturais. Em perspetiva macro foram trabalhados os efeitos benéficos da atividade turística e da densidade no entorno do espaço sobre a pujança económica e o desenvolvimento local que se refletem nas propostas do Eixo Verde e Azul e intervenções da Parques de Sintra. Ao se aproximar do objeto de estudo, os esforços teóricos que passaram a se concentrar na relevância das infraestruturas do interior e do entorno e do valor da acessibilidade e correta condução da visitação, tornaram-se a base para as proposições da implantação de sinalização e de todos os roteiros subsequentes. O conteúdo agregado, portanto, lastreou-se nestes princípios e neles se baseia para sugerir o potencial sucesso da intervenção.

Balizadas pela firme delimitação das condicionantes sobre o espaço, as propostas encontraram na inovação o seu Norte. O acúmulo de incessantes contrastes entre condicionamentos interventivos por motivos ambientais, históricos e administrativos e a pujança de novas propostas no âmbito da ARU, do Eixo Verde e Azul, prenunciou e fez irromper a possibilidade do uso de tecnologias para integrar desenvolver e preservar a Matinha. Com recurso a ferramentas modernas, plenamente trabalhadas ao longo do texto, foram, então, desenvolvidas soluções nos roteiros de Realidade Virtual e Realidade Aumentada, capazes de evitar o impacto físico sobre o local e ainda oferecer experiências únicas e complexas. Ao absorver e superar estas limitações, a tecnologia oferece as ferramentas para o triunfo e dá a chance para a Matinha se impor como prima inter pares.

A cooperação e a busca por integração em termos de gestão dos projetos têm encontrado expressão em várias frentes, mas devem avançar ainda mais. No caso do Eixo Verde e Azul concelhos e empresa estabeleceram nova e inovadora governança. Em termos de espaços públicos determinados, a cessão a cessão da gestão da Matinha à empresa Parques de Sintra-Monte da Lua viabilizou propostas que fazem da integração dos espaços ponto fundamenta. Seja através do uso partilhado de recursos fundamentais, como os Cavalos Lusitanos aposentados dos estábulos do Palácio que possibilitam o Roteiro dos Passeios a Cavalo, mas também pela estrutura da Cafetaria do Palácio, que pode vir a ser útil para a viabilização do Roteiro dos Piqueniques. O aprimoramento desta integração em todos os níveis é ainda necessário, mas apresenta, como os dados mostram, potencial infindável de progresso.

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O dimensionamento e a noção ampliada do contexto territorial abriram caminho para uma nova visão de uso de espaços e reconhecimento de dinâmicas locais importantes ao planeamento. Em termos populacionais e socioeconómicos a análise, aliada ao que se absorveu da parte teórica, permite a adequação e o pensamento direcionado à promoção do espaço de acordo com a realidade local, para que este se torne novamente atrativo a todos os públicos e não só ao turismo internacional. De modo semelhante, o conhecimento das condições de relevo, dimensão e formatação dos caminhos permite outorgar-lhes uma nova fruição que até então foi subaproveitada. A aplicabilidade destas informações se vê refletida, principalmente, nas propostas do roteiro pedonal e do roteiro de instalações artísticas. Estas, para além de serem gratuitas, englobam todas as atrações locais, garantem o pleno acesso à cultura e habilitam o espaço a se integrar no cotidiano dos cidadãos.

Essencial para a definição dos rumos da Matinha, o âmbito histórico foi protagonista ao lançar as bases do que o espaço é e deverá vir a ser. Considerada a antiga ocupação associada aos recursos hídricos que recrudesce com o projeto do Eixo Verde e Azul, a influência e associação da mata com o palácio também são recuperados. As propostas de integração física e de gestão por via da Ponte Verde sobre o IC-19 fornecem o elemento físico desta reconexão. Os indícios das atividades de caça, da antiga praça de touros e dos passeios e piqueniques, por sua vez, provêm as bases para as propostas dos percursos de Realidade Virtual e Aumentada, de Encenações, de Piqueniques e, evidentemente, o Pedonal. A história perpassa todas as ideias e guia o progresso.

Neste sentido, a ausência de dados detalhados, atualizados e disponíveis sobre fauna, flora e arqueologia requereu o redireccionamento dos esforços novamente para o âmbito histórico por possibilitar o levantamento das diversas espécies vegetais e animais lá introduzidas ou notabilizadas que, desde sua conceção, estiveram presentes e hoje avalizam o aprofundamento necessário das propostas.

A necessária reflexão a respeito do progresso das atividades turísticas e suas diferentes expressões no âmbito da AML e do contexto de Queluz constituíram etapa fundamental na constituição de uma nova mentalidade, de uma mudança de paradigma. O aproveitamento do avanço recente deste setor e a constatação da disparidade da visitação entre monumentos de perfil semelhante urgem e avalizam todas as sugestões de intervenções sobre o espaço.

Através da análise pormenorizada de bons exemplos internacionais foi possível, portanto, atualizar as condutas neste local e ampliar o escopo, integrando áreas deste património em busca de um desenvolvimento conjunto salutar que reintegre Queluz e a Matinha aos atrativos principais do eixo Lisboa-Sintra.

O conjunto de propostas elencadas e desenvolvidas neste documento além de ambiciosas provaram-se viáveis. Através da análise minuciosa dos custos e receitas relacionados a cada intervenção foi possível constituir um quadro geral pormenorizado com representações gráficas capazes de sintetizar os principais cenários e apontou-se que, em todos os casos, a rentabilização era possível em prazos exequíveis de 7 a 16 anos. A escolha do cenário conservador coroa estes esforços e estabelece em 11 anos a expectativa de lucratividade, tornando possível sua implantação.

Para o futuro, além das propostas expostas neste documento, sugere-se cada vez maior atenção à integração das partes no encaminhamento de projetos. Seja em níveis inferiores, ao admitir a inclusão

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da participação popular na constituição dos programas, até em níveis superiores, quando a negociação entre câmaras e empresas públicas pode vir a ser menos autónoma e mais una. A persecução de um ideal comum com integração crescente é ingrediente fundamental para a boa governança.

Extraídos, reunidos e analisados os elementos fundamentais para a valorização da Matinha, resta a crença na constituição de um documento útil para as futuras intervenções. Com uma ação precisa e atempada serão consequências diretas as mudanças esperadas em termos de valorização e visitação deste espaço. E, então, a Matinha ressurgirá enquanto espaço turístico economicamente viável reintegrado à realidade do Palácio e coração da grande revalorização do que um dia foi o Real Sítio de Queluz.

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