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O presente trabalho intentou, inicialmente, uma visão da situação das micro e pequenas empresas no cenário brasileiro, buscando demonstrar a importância destas para a sociedade, bem como a necessidade, por parte do Estado, da implantação de uma política de integração de empreendimentos populares de micro e pequeno porte, ao processo geral de desenvolvimento.

Considerou importante abordar questões relativas ao desenvolvimento das MPEs; algumas de suas dificuldades; sua caracterização; um levantamento histórico da legislação concernente a tal categoria empresarial; até que ponto a Constituição contribuiu para a sua propagação na sociedade; assim como foram destacadas algumas diferenças com relação às grandes e médias empresas.

Através do estudo e aplicação dos princípios constitucionais, o trabalho procurou explicitar a importância da Carta Magna para o crescimento das MPEs. Consagrando a livre iniciativa aliada à valorização do trabalho humano como pilares da ordem econômica nacional. E que ao lado dos princípios da justiça social, da livre concorrência, da redução das desigualdades regionais e sociais, balizam o tratamento diferenciado, favorecido e simplificado aos micro e pequenos negócios.

O trabalho buscou demonstrar, também, como o tratamento diferenciado dado às micro e pequenas empresas vem contribuindo para uma melhoria evidente nas condições de renda e emprego da população, onde estas vêm desempenhando um importante papel para o cumprimento de preceitos constitucionais que buscam trazer mais dignidade ao cidadão e a sua família.

Neste sentido, cabe cada vez mais ao Estado incentivar o seu desenvolvimento dentro da sociedade, onde relações antes de desigualdade de condições concorrenciais entre estas e as demais se estabeleciam de forma a contribuir para uma maior dificuldade de sobrevivência destas empresas no País.

Assim, o Estado entendeu ser importante conceder vantagens que pudessem estimular não só o desenvolvimento destas na sociedade, como também a sua perseverança, dentre as quais cabe destacar em especial o maior acesso ao crédito, que vem cada vez mais sendo estimulado pelo Estado de forma a que estas tenham a possibilidade de conseguir recursos necessários ao atendimento de demandas da sociedade, e de empresas que ordenam seus contratos de acordo com as condições de atendimento de seus pedidos e o preço estabelecido por seus produtos.

É evidente que qualquer tipo de restrição de crédito acaba por prejudicar a produção, o alcance de novas tecnologias, o atendimento às demandas e, sobretudo, a própria sobrevivência da empresa em um mercado cada vez mais competitivo estabelecido no Brasil.

Na questão da inconstitucionalidade, entende-se que tudo que vá de encontro aos princípios fundamentais estabelecidos na Constituição Federal, caracteriza-se como inconstitucional e, neste sentido, se existe um artigo em análise, no caso o artigo 48, inciso III, que vai contra estes, cabe discutir o porquê desta situação se estabelecer.

É fato que a manutenção e a sobrevivência das MPEs no mercado é fato gerador de maior dignidade ao cidadão e à sua família, que se constitui na base da sociedade; assim sendo, toda e qualquer ação que se institua em detrimento a esta, acaba por se tornar contra os preceitos constitucionais.

Por outro lado, este artigo, ao acabar por restringir de certa forma a recuperação da empresa e incluir mecanismos que necessariamente podem contribuir para a falência da mesma, que pode ser pedida por credores não agraciados no plano especial de recuperação, acaba por ir de encontro à própria perseverança desta na sociedade.

O que torna o mesmo inconstitucional, fazendo-se necessário se estabelecer que alterações no mesmo sejam implementadas, de forma a melhor atender à necessidade de recuperação da MPE.

Isto sem contar todo o prejuízo à questão da valorização do trabalho que este famigerado artigo, ao contribuir para a não preservação da empresa, acaba por oferecer.

Por fim, vale ressaltar que, embora o presente trabalho visasse mostrar o vício de constitucionalidade do artigo 48, inciso III da Lei 11.101/05, em seu aspecto material, ou seja, o desrespeito flagrante a vários princípios constitucionais; existe, também, a idéia de argüir formalmente esta inconstitucionalidade.

Em virtude de ser um tema muito árido, por ser uma legislação bastante recente, ainda não existem ações tramitando perante os tribunais. Desta forma, a declaração formal desta inconstitucionalidade caberia aos legitimados competentes, que diante de uma relação de pertinência temática, poderiam, por meio de uma ação direta de inconstitucionalidade, tornar o dispositivo da lei de falências inconstitucional, e, conseqüentemente, expurgado do ordenamento jurídico pátrio.

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