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O direito de mulheres e homens de decidir livremente sobre sua vida reprodutiva é assegurado no Brasil prioritariamente através da lei 9263/90, que trata do Planejamento Familiar. Apesar da legislação específica, o que pode ser constatado no município de Rio das Ostras é que a população usuária dos serviços públicos de saúde não se apropria de tais conceitos, pois ainda que exista o programa de Planejamento Familiar em diversas unidades de saúde, a divulgação das ações executadas é feita de maneira restrita, dentro das unidades por pequenos cartazes ou ainda pela prática do “boca a boca”, onde a informação é repassada de usuário para usuário.

Apesar do município disponibilizar à população diversos métodos contraceptivos, como o preservativo masculino, o anticoncepcional e o DIU, a demanda inicial evidenciada nos grupos de planejamento familiar é pela realização da laqueadura tubária, que conforme determina a lei, só pode ser realizada em casos específicos.

Ficou explícita também a maior participação das mulheres no Programa de Planejamento Familiar. A adesão ao método cirúrgico definitivo também é maior pelas mulheres, fato que pode ser demonstrado nos números de laqueaduras tubárias e vasectomias realizadas desde o início das atividades do Hospital Municipal, principalmente se considerarmos que o procedimento médico para a realização da vasectomia é muito mais simples do que o procedimento médico para realização da laqueadura.

Acredito ser de grande importância a divulgação do Programa de Planejamento Familiar com ênfase nos Direitos Reprodutivos nos espaços internos e principalmente externos às unidades de saúde, a fim de que a mulheres e homens que residam no município possam de fato exercer o princípio da autodeterminação humana, escolhendo se desejam e quando desejam ter filhos. Esta estratégia, enquanto garantia de acesso à saúde, em um ambiente livre de julgamentos e de pré-conceitos, pode contribuir ainda para a diminuição dos casos de abortos provocados e mal sucedidos, que além de onerar os cofres públicos prejudica a saúde de tantas mulheres no município.

Embora, a pesquisa tenha sido limitada, nota-se que os usuários do Programa de Planejamento Familiar e de outros serviços de saúde no município de Rio das

Ostras não percebem o que são e nem como são garantidos os seus direitos reprodutivos. Muitas vezes, alguns usuários entendem que a efetivação destes direitos ocorre apenas no campo das políticas de saúde, não identificando tais direitos em outras esferas da vida cotidiana.

Nota-se também que o trabalho profissional para a garantia destes direitos no âmbito da saúde encontra-se restrito, na medida em que suas ações ficam limitadas aos usuários que efetivamente procurem a unidade para tratamento de saúde, já que não há divulgação ampla deste programa, assim como acontece com os programas de tuberculose, hanseníase, diabetes, hipertensão e ainda outras ações da saúde da mulher, como as campanhas de prevenção do colo de útero.

Dessa forma, identifico que para a defesa dos direitos reprodutivos da população no âmbito do Programa de Planejamento Familiar em Rio das Ostras é imprescindível a divulgação do serviço fora do espaço limitado das unidades de saúde, tendo o cuidado de destacar que o serviço em nada se aproxima da ideia equivocada de outrora, ou seja, a do controle populacional. A intencionalidade desta divulgação levando cada vez mais pessoas a procurar este serviço estaria relacionada ao preparo de um número cada vez maior de mulheres e homens com pleno conhecimento de suas funções reprodutivas e consequentemente garantindo a esta população o exercício de sua sexualidade, evitando gravidezes indesejadas e consequentemente reduzindo o número de curetagens realizadas no Hospital Municipal em função de abortamentos provocados e mal sucedidos que colocam em risco a vida de tantas mulheres.

Compreendo que tais questões estão relacionadas intrinsecamente à minha formação em Serviço Social e à defesa de políticas públicas, de fato, universais e à luta política tão característica à nossa categoria profissional.

5 - REFERÊNCIAS

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