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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Em 1998, em meio a crise econômica e desilusão dos venezuelanos com os partidos políticos que Chávez foi eleito. A característica era de ataque às elites, ao pacto e à Constituição. Muito embora não possuísse um plano de governo, tais características marcaram o seu discurso durante a campanha eleitoral. Eleito em 1999, extinguiu a Constituição de 1961 proveniente do acordo político democrático entre os partidos signatários e, no mesmo ano, foi aprovada uma nova Constituição, dando início ao que ele denominava a Quinta República.

A ascensão de Hugo Chávez à presidência direcionou o país a uma busca por posição de liderança, tanto no âmbito doméstico quanto no cenário internacional que raramente era presenciado nos países latino-americanos.

O ponto de ruptura com os governos anteriores evidenciou-se durante a administração chavista, que buscava uma integração com os países latino americanos além de dar uma certa continuidade à política externa dos governos anteriores. No entanto, as inúmeras divergências no campo político e teórico sobre as políticas adotadas por Chávez passaram a ganhar força e voz.

A polarização existente entre os apoiadores e a oposição do governo chavista configurou um cenário de ataques e ofensas que, as mídias como a RCTV, acusada de apoiar o golpe de 2002, tiveram a sua concessão não renovada em 2007, gerando um mal-estar no cenário internacional; seu governo, desta forma, passou a ser considerado autoritário.

A democracia venezuelana durante o governo de Chávez, teve como principais características o nacionalismo bolivariano, o populismo e o militarismo,

que estiveram presentes no seu governo, visto que Chávez era um militar. A presença dos militares na sociedade e na política venezuelana ganharam espaço por meio do Plan Bolívar 2000, proporcionando uma participação mais direta frente às obras sociais realizadas durante o seu governo.

Entende-se que tratar de compreender a Venezuela através dos processos políticos e lutas pela busca da implantação e construção da democracia requer, ainda que breve, fazer uma análise das lutas intestinais da independência que na historiografia venezuelana corresponderiam a 1810-1830

Esta fase do país serve para não apenas tratar das lutas entre a Venezuela e a Espanha, que queria recuperar o controle da capitania, mas também, é nesse período que vai se formando toda a construção política, ideológica, heroica e por que não dizer mítica da imagem de Simón Bolívar, que fora utilizada como base de todo o discurso e ideologia política do governo chavista.

Ao se inquirir sobre a política adotada durante o governo Chávez, percebe-se que a sua imagem do Libertador viria a persistir e ser utilizada com maior frequência nos discursos de Chávez e na vida política e cultural da Venezuela. No tempo presente, Bolívar representa o arquétipo de justiça, virtude e luta contra a tirania. Arquétipo que foi bastante evocado e invocado nos discursos de Hugo Chávez frente à nação venezuelana.

No que tange à democracia venezuelana, esta começou a se desenvolver a partir de 1830, quando o país saiu da Grã-Colômbia e deu início à chamada Quarta República. Tecnicamente este período da Quarta República perdurou até 1998, ano em que Hugo Chávez foi eleito presidente.

As lutas políticas entre grupos conservadores e liberais durante a República, constituídas por caudilhos, terminaram por enquadrar o país em um cenário de conflito de Guerras Civis e Guerras Federais, direcionando o país a um aprofundamento de repetidas crises políticas, sociais e econômicas. As lutas entre caudilhos começaram a ter um “fim” com a ascensão de José Cipriano Castro Ruíz em 1989, liberal que ascendeu ao poder após a chamada Revolução Liberal Restauradora.

Com o Golpe realizado por Juan Vicente Gómez a Cipriano Castro em 1908, iniciaou-se o processo de uma ditadura que, embora fosse caracterizada por uma fachada democrática de eleições, presidentes fantoches, reformulações da constituição, perdurou até 1935, ano em que viria a falecer.

Após 27 anos de ditadura militar, tem-se uma abertura política e democrática no país, bem como o surgimento da classe operária, da classe média, dos partidos políticos, e com a crescente modernização do país, proveniente da renda petrolífera, exigiam-se mudanças nos cenários político, econômico e democrático.

Com o breve retorno da ditadura, que perdurou de 1952 a 1958. Tais episódios fizeram com que os líderes dos partidos AD, COPEI e URD articulassem um acordo no qual prevalecia a mútua cooperação e a defesa da democracia. O acordo que levou o nome de Pacto de Punto Fijo (1958), teve o seu expoente por meio da Constituição venezuelana de 1961.

Os próximos quarenta anos que se seguiram o Pacto alcançou um esgotamento que veio a dar sinais a partir dos anos 1980, marcado pela chamada “sexta-feira negra” em que se destaca a desvalorização da moeda e o controle de câmbio. Outro fator econômico que contribuiu para acentuar a crise foi a implantação do pacote neoliberal durante o segundo governo de Carlos Andrés Pérez, que teve como consequência o Caracazo, bem como das duas tentativas de golpes sofridas por Pérez em 1992.

Tudo isso mais a descrença da população com os partidos políticos, ao ponto de haver uma crescente abstenção durante as eleições, o presente bipartidarismo, somado às denúncias de corrupção e a busca de reformas na constituição que caminhavam a passos lentos, proporcionaram o esgotamento do modelo puntofijista e crise na democracia venezuelana.

Neste sentido, desde que a Venezuela se constituiu como Estado, em 1830, o país vem enfrentando uma constante crise democrática acompanhada de momentos de estabilidade, como é o caso do Pacto de Punto Fijo. Tentar ver o desenvolvimento da democracia na Venezuela e sua análise através de alguns dos critérios de análise democrática tornaram-se necessárias para ter uma compreensão mais ampla quanto à qualidade democrática do país, bem como do seu enquadramento como sendo uma Poliarquia.

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