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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento Download/Open (páginas 96-99)

O estudo de caso realizado possibilitou compreender a atual situação dos projetos produtivos das associações e a influência da participação social da localidade na manutenção desses projetos. Os indicadores propostos no modelo analítico trataram das questões do capital social das associações, do funcionamento dos projetos das associações na perspectiva do capital social e da evolução dos projetos. Além de identificar a atuação de programas governamentais na implantação e fortalecimento dos projetos.

De acordo com o que se foi identificado durante o levantamento de campo, os projetos produtivos das associações foram formados no intuito de desenvolver atividades de beneficiamento para o aproveitamento da safra de frutos da região e gerar ocupação e renda para as famílias, além de potencializar a economia local gerando benefícios à comunidade e dinamizar as relações sociais locais. Na prática, porém, não se pôde verificar todos esses benefícios para os dois casos pesquisados.

Na Associação Comunitária do Escovão, do município de Garanhuns, percebe-se um maior envolvimento dos sócios e membros do projeto produtivo nas questões que competem às ações e decisões que dizem respeito ao funcionamento da mesma. Contribuindo assim para uma maior participação e dinamismo nas atividades exercidas por eles para a melhoria da própria agroindústria, além de ter um maior envolvimento nas questões sociais da associação na comunidade.

No entanto, são encontrados diversos problemas relacionados à produção do projeto produtivo que podem ser minimizados com ações de melhoria da produção como a assistência técnica na área de marketing e planejamento da produção e comercialização com foco na identificação de mercados, desenvolvimento de produtos, marca e embalagem e, articular-se com outros programas governamentais para acesso a outras fontes de recursos, além do que é gerada pela receita da unidade. Podendo assim, conseguir recursos para ampliar o capital de giro, pois este foi apontado como um dos problemas no funcionamento da unidade produtiva. Esses elementos podem potencializar o funcionamento e a produção da agroindústria.

No caso da Associação São Severino dos Ramos, a situação é muito complexa. Ficou evidente a fragilidade da relação entre os membros do grupo com a presidência e também no que diz respeito a gestão da agroindústria. Sentimento de desconfiança também foi percebido entre os sócios, o que vem prejudicando o envolvimento destes nas atividades que concerne o seu funcionamento e consequentemente as relações da comunidade devido a um sentimento de descrença. Levando em considerar que quanto maior o nível de confiança, maior a

probabilidade de existir cooperação; quando a confiança é gerada, gera-se um ambiente propicio à participação. Vê-se aqui que o contrário também é verdadeiro.

Percebe-se que existe uma relação hierárquica onde apenas a presidência tem o poder de decisão no que competem as atividades de articulação e organização da associação, bem como, da sua unidade produtiva. Além destes outros problemas foram identificados quanto ao funcionamento do projeto de agroindústria. Sendo necessárias novas ações nos aspectos relacionados à produção e outras relativas à atuação de órgãos governamentais competentes, de modo que possa despertar nos atores locais, a importância deste empreendimento familiar para a comunidade e, para que eles possam se empoderar e passar a se ver como elementos transformadores do processo de mudança da realidade da agroindústria.

No caso do programa PCPR- ProRural pode-se dizer que tem contribuído para o estímulo de iniciativas associadas à implantação de agroindústrias e sua permanência, oferecendo subsídios para tal finalidade.

Embora seja percebido o engajamento e a contribuição do Estado para a formação e o sustento de projetos para o desenvolvimento das comunidades, os órgãos públicos por si só não irão substituir o capital social de uma comunidade nem de uma dada organização social.

As ações podem ser realizadas através de parcerias de instituições de assistência técnica que podem auxiliar no processo de melhoria do capital social da instituição para o desenvolvimento desta através do fortalecimento da população e de seu papel como agentes potencializadores das mudanças. Pois, essa iniciativa não terá resultados positivos se permanecer a ausência de estímulos à participação; impedir a participação coletiva gera desconfiança, enfraquecimento das relações, resultando numa falta de colaboração mútua para o bem coletivo.

No entanto é importante considerar, entre outros elementos, que o capital social depende de um padrão estrutural de participação, ou seja, a participação das pessoas dificilmente vai existir sem um contexto social favorável, sem um ambiente de fé no esforço coletivo que favoreça a formação de uma unidade entre os membros, internamente, e na própria comunidade.

Diante da problemática, fica clara a importância do capital social para a manutenção do empreendimento familiar e para as relações coletivas, uma vez que a participação e a cooperação de todos é o meio mais eficaz para se conseguir meios destinados ao bem da coletividade.

Não sendo possível estudar mais profundamente o ambiente social de ambas as Associações e seus respectivos projetos, a análise dos resultados aqui apresentados não deve,

portanto, ser estendidas a todos os projetos produtivos de associações e, muito menos, a todas as associações rurais dos municípios, pois cada qual tem as suas características, seus recursos ligados a seu modo de produção e de vida; suas potencialidades e seus problemas.

Esta pode ser uma possibilidade de se compreender em parte, o funcionamento de agroindústrias familiares a partir da dinâmica de participação de atores que estão envolvidos em tais empreendimentos.

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