A presente dissertação se propôs a investigar como as influências dos modelos de negócios das industrias criativas orientadas pelo freemium poderiam interferir na forma de distribuição de cursos do Ensino Superior em Educação a Distância. Este modelo de negócios, cada vez mais utilizado pelas empresas, que aposta num meio cada vez mais online, veem no modelo freemium uma gestão eficaz.
Foi possível observar até que ponto os atores envolvidos com Educação a Distância percebem a presença das oito proposições sugeridas por Bekkelund (2011) e se estas são suficientes por si só para que as universidades sejam bem sucedidas quando optam por oferecer seus cursos de Educação a Distância orientando-se pelo modelo freemium. Descobriu-se que o freemium é uma ferramenta potencialmente muito poderosa, mas que é essencial entender como funciona e o que implica para uma empresa antes de ser escolhido. Como tal, as proposições podem ser utilizadas como critérios para uma análise ante da concepção de um modelo de negócio orientado pelo freemium. O modelo freemium orienta-se por oferecer um produto digital de forma gratuita, para que este funcione de forma a persuadir o usuário, que em um futuro breve, opte por contratar a versão
premium, paga e com mais vantagens frente a versão gratuita.
Uma grande força que potencializa o modelo freemium se deve ao fato de, justamente pela oferta ser gratuita, o poder de atração dos usuários motiva novos usuários a utilizar e compartilhar o serviço em sua rede de relacionamento e interesse.
A principal discussão a ser levantada, é quanto a monetização do oferecimento dos cursos de forma gratuita e em qual motivo estes se tornam pagos. A Coursera, sites de cursos online, já está trabalhando em modelo semelhante ao
freemium, onde o usuário, a partir de uma mensalidade, consegue ter acesso a todo
o conteúdo oferecido de forma gratuita e, caso queira, o investimento acontece no momento da certificação formal de formação no curso realizado.
Como mostrou o resultado da pesquisa quantitativa, três afirmativas são as principais (1, 2 e 6) e acabam por justificar a adoção do modelo freemium na EaD principalmente quando se considera o oferecimento de uma versão gratuita que venha a sustentar uma versão premium e também quanto ao acompanhamento dos custos e receitas aplicáveis ao modelo. Todavia, numa visão macro das proposições, todas apresentaram índice superior a 50% quando analisadas apenas as percepções “concordo parcialmente” e “concordo totalmente”.
Assim, é possível afirmar, com base nesse estudo, que as universidades que oferecem cursos EaD têm potencial para tornar viável suas estratégias baseadas no modelo freemium.
Para um estudo futuro, seria interessante a abordagem do tema ampliando a quantidade de respondentes e, incluindo, instituições de ensino superior com oferecimento de Educação a Distância dispostas a aplicar tal modelo de negócios. Outro estudo, ainda com base em Bekkelund (2011), se aprofundaria quanto à importância dos fatores críticos de sucesso em empresas que já atuam com este modelo de negócios e suas percepções, visto que a literatura atual sobre o tema ainda é bastante fragmentada.
Outro estudo de relevância é investigar a correta relação entre as opções gratuitas e pagas, para que estas não acabem por apresentar uma baixa taxa de conversão para a universidade. Bekkelund (2011) aponta que 90% dos usuários da versão gratuita não se tornam usuários pagantes. Isso exige que os custos marginais sejam realmente baixos dentro do mercado. Caso contrário, o grupo potencial de usuários pagantes (10%) não sustentariam o oferecimento no modelo
freemium nem o modelo premium, tornando a versão paga mais cara do que os
usuários estariam dispostos a pagar.
Por fim, inserir a Educação a Distância neste modelo de negócios é visualizar a aprendizagem on-line como uma inovação sustentável. As instituições de ensino superior podem usar esta inovação para romper o modelo de sala de aula existente para oferecer a democratização do ensino para mais alunos, bem como proporcionar uma melhor experiência de aprendizagem.
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