Estudar o Ensino Religioso é um grande desafio para nós professores (as) e pesquisadores (as), pois como foi possível perceber ao longo desse estudo, é uma temática que envolve polêmicas, pois a ação dos mais variados atores está envolvida. Isto demonstra que desde o princípio de sua implementação no Brasil Colonial, a disciplina era regida por controvérsias.
Dessa forma, podemos extrair das relações entre os nativos e europeus, através da figura dos indígenas e dos jesuítas, os primeiros contatos com a implementação de um ensino em território brasileiro. Todavia, mesmo com contribuições para a consolidação do ramo educacional brasileiro e até mesmo com a formação da sociedade, se reconhece o aspecto negativo da aculturação dos povos que aqui já viviam.
Ao longo dessa dissertação foi possível estudar fragmentos da história do Brasil e conhecer historicamente a ação de vários atores no contexto brasileiro e em Goiás, na Colônia, no Império e na República, pois estes foram períodos de mudanças significativas no campo da educação.
Desta maneira, foi possível estudar ao longo desse trabalho a história do Ensino Religioso no Brasil a partir do período colonial e da ação dos jesuítas, que foram os primeiros professores, e de suas colaborações para a formação de um sistema de ensino em nosso país. Neste sentido, não devemos negar suas contribuições que foram fundamentais para o desenvolvimento das formas de ensino, pois desde o início da sociedade brasileira já haviam essas necessidades para uma educação e consequentemente uma educação pública.
Posteriormente, realizamos um estudo sobre a Igreja Católica e como esta foi instituindo aqui no Brasil as missões jesuíticas, que além de religiosas, tinham objetivos de catequisar os indígenas. Sendo que logo depois estes agentes religiosos passaram a organizar e fundar escolas no interior da colônia brasileira. Essas práticas foram importantes para que a educação passasse de um cunho moral religioso para um outro mais escolar, mas sem se desvincular do religioso.
Assim, foi possível perceber historicamente a ação por parte da igreja, da administração da colônia e demais atores sociais desse período, pois todas elas de alguma forma contribuíram para a implementação de um sistema de ensino no Brasil.
No capítulo seguinte (cap. II), foi desenvolvido uma análise sobre o Ensino Religioso em Goiás, para tanto, foi possível perceber como esse foi organizado em solo goiano. Mesmo não sendo muito fortemente influenciado pelos jesuítas, houve interferência desse grupo de padres que formavam uma ordem religiosa. Assim, nesse estudo percebemos a origem e formação histórica do Ensino Religioso em Goiás e logo depois vimos também como o Ensino Religioso foi sendo organizado nas escolas públicas goianas.
No contexto do final do século XIX e início do XX começam a ocorrer algumas mudanças na educação do Brasil e em Goiás, principalmente no que se refere à laicidade, pois as leis começam a propor um ensino distinto da educação religiosa, que exerceu um papel preponderante neste ramo. Assim, a educação do país começa a ter um novo sentido, pois a escola, professores e alunos passam a ter uma maior autonomia e liberdade para desenvolver suas atividades.
No capítulo III fizemos uma investigação sobre a proposta de reorientação curricular do Estado de Goiás a partir da nova legislação de 2009, como ficou explicitado e analisado durante seu desenvolvimento. Nosso estudo teve como recorte o Colégio Polivalente Dr. Sebastião Gonçalves de Almeida, localizado na cidade de Uruaçu. Assim, percebemos que a escola tem uma organização no novo modelo, pois tem um ensino em tempo integral, no qual os jovens ficam dois períodos na escola.
No âmbito dessa escola, estudamos a proposta de reorientação curricular para o Ensino Religioso em Goiás e ao mesmo tempo buscamos estudar como essa nova legislação atende aos interesses dos alunos, da comunidade e dos professores, pois trata-se de uma proposta que visa a partir de um campo científico, como é o cado das Ciências da Religião, respeitar a diversidade cultural e buscar um conhecimento racionalizado.
Nas práticas do Ensino Religioso no Colégio Polivalente, fizemos a análise de duas atividades desenvolvidas pelos professores e foi possível perceber que estas têm uma relação/ligação com a cultura e a realidade na qual os alunos se inserem. Tais exercícios são fundamentais para que os estudantes possam se ver como produtores do conhecimento e agentes que passam a ter uma certa autonomia, pois a escola deve ser um espaço para a formação de cidadãos ativos que possam atuar no interior da sociedade na qual estão inseridos.
Assim, foi possível perceber em nossa pesquisa, a partir da ação dos professores, alunos e da gestão no Colégio Polivalente de Uruaçu, que as práticas educacionais no âmbito da disciplina de Ensino Religioso vem buscando se adaptar e atender as demandas da legislação de 2009, sendo assim, importante para formação dos alunos, sem estar vinculado diretamente a uma religião.
Portanto, estamos diante de um tema importante e desafiador para a escola e seus integrantes, pois a cada instante surge um novo tipo de conhecimento e a instituição escolar deve estar apta para atender as demandas da sociedade e dos seus integrantes. Sendo assim, o Ensino Religioso é uma disciplina importante do currículo, associada ao saber de outras Ciências Humanas, como a História, a Sociologia e a Antropologia. Ademais, ainda temos a Ciência da Religião que vem contribuir com a formação cultural e indenitária dos jovens, pois nessa forma de Ensino, o conhecimento religioso não está associado a uma doutrina.