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través deste trabalho de pesquisa, buscamos compreender a Educação Dialógica Freireana (EDF) na trajetória de formação de estudantes do curso de Pedagogia da UFC, a partir da leitura destes(as), a partir do que conheceram e vivenciaram.

Em resposta a essa indagação, constatamos com essa pesquisa, com base no diálogo entre a proposta de Paulo Freire e a situação concreta vivenciada pelos estudantes da Faculdade de Educação da UFC, que a dialogicidade freireana aparece como algo que é necessário, mas que não é reconhecido como necessário, assim como a vida “vivida”, que se impõe, mas que, em geral, é excluída dos espaços educativos formais.

Paulo Freire aparece como um educador importante, que está presente nos discursos, conversas, é homenageado por meio da lembrança de seu nome, como no caso do Centro Acadêmico da Pedagogia. Entretanto, esse reconhecimento se limita a essas “conversas de corredor”, em ações simbólicas, como colocar seu nome na parede, mas não adentra de forma efetiva as salas de aula, não permeia as relações educativas cotidianas, não alcança a politização dos processos.

Ressaltamos a necessidade identificada por estes(as) estudantes, mesmo por aqueles(as) que conhecem de maneira superficial a proposta freireana, de que esta esteja presente de modo obrigatório no currículo, para que eles(as) tenham de fato acesso a essa discussão, e não apenas um acesso superficial, mas um acesso regular, sistemático, para que eles(as) possam de fato conhecê-la e levá-la para sua práxis docente, seja na escola, seja nos demais espaços de atuação e de relação.

Em consideração aos objetivos específicos desta pesquisa, podemos destacar, numa tentativa de conclusão, que em relação à conceituação da Educação Dialógica Freireana, este objetivo foi contemplado, na medida em que foi elaborado a partir da pesquisa bibliográfica, com base principalmente nos livros fundamentais de sua obra: Pedagogia do Oprimido (2005), Pedagogia da Autonomia (1996) e Pedagogia da Esperança (2009).

No que diz respeito às percepções destes(as) estudantes acerca da EDF em sua trajetória de formação, concluímos que eles(as), apesar de não terem contato profundo com a obra freireana, compreendem os aspectos fundamentais dela. Essa compreensão, pelo que pudemos inferir, se deu a partir de algumas poucas leituras, algumas discussões sobre o tema

e mesmo que tenham acontecido de forma superficial, desvelaram a relevância dos contributos da dialogicidade freireana.

Estes(as) estudantes reconhecem que a universidade, a escola, em suma, a educação, carece da dialogicidade, ou seja, de diálogo verdadeiro, amoroso, respeitoso, e que boa parte dessa carência decorre da não formação freireana, e que apesar dos obstáculos encontrados, enxergam que os frutos são satisfatórios.

Portanto, este trabalho apresenta esse panorama e anuncia a urgência disso acontecer, como também apresenta algumas possibilidades, por exemplo, que isso seja uma opção política da Faculdade de Educação, seja uma opção política da escola, seja uma opção política das instituições educativas de um modo geral; que isso possa estar presente efetivamente no currículo dos(as) professores(as), no currículo de formação dos(as) professores(as); que essa formação não seja meramente instrumental apresentando meras técnicas dialógicas, mas que de fato apresente o que é dialogicidade no sentido mais amplo da palavra, que implica numa dimensão política, numa dimensão crítica, numa dimensão amorosa, numa dimensão curiosa, numa dimensão transformadora.

Já afirmei que a minha busca sempre foi alimentada pelo otimismo e pela esperança, o que me movia a seguir em frente e a buscar o melhor, mesmo diante das dificuldades e desafios. Pessoalmente, esse trabalho me trouxe muitas alegrias e aprendizados e me sinto extremamente realizada em concluir esta etapa, pois que avisto a continuidade e aprofundamento dele, que me trarão muito mais crescimento.

Declaro que foi muito prazeroso conhecer e conviver com as pessoas que contribuíram para a feitura deste trabalho: os(as) concludentes que me permitiram entrevistá-los(as), os(as) estudantes da disciplina “Dialogicidade”, muitos dos quais com quem comecei uma amizade. Além dos(as) amigos do GEAD, com os(as) quais compartilhei leituras, debates, discussões sobre este tema e o meu trabalho, que me trouxeram esclarecimentos, aprofundamentos.

Além disto, este trabalho de pesquisa me possibilitou fazer uma autoanálise sobre a minha própria práxis, sobre a vivência da dialogicidade nas minhas relações pessoais e profissionais. Pude enxergar posturas minhas que eram contraditórias com os meus ideais, e procurar melhorá-las. Claro que fiz isso sem me condenar, com a compreensão de que todos nós, seres humanos, temos nossas imperfeições, e isso é bom, pois nos leva à eterna busca em ser mais.

Também não posso deixar de dizer que aprendi muitíssimo enquanto pesquisadora. Confesso que, ingenuamente, acreditava que seria um pouco mais fácil fazer uma pesquisa

desse tipo. Bem, na verdade, sabia que seria difícil, mas não tanto... Pensava eu que conseguiria entrevistar muito mais estudantes, que seria fácil encontrar com eles(as), já que eu estava com todo meu tempo e disposição dedicados a isto. Mas descobri que isso não dependia de uma disposição exclusivamente minha... nem deles(as) somente, mas de tantos outros fatores que nos rodeiam...

Além de divulgação destes resultados, com a publicação de uma obra falando sobre a importância da dialogicidade no curso de Pedagogia, a nossa perspectiva é de continuidade deste trabalho, de modo que possamos aprofundar algumas questões em nível de doutoramento, como também responder a outras que nos vão surgindo...

Nossa intenção para o doutorado é realizar essa pesquisa com estudantes de outros cursos que envolvem a formação de professores, como História e Letras, bem como aprofundar a nossa investigação no curso de Pedagogia, além de realizar essa investigação também junto a alguns(mas) professores(as) que estão trabalhando com essa perspectiva da dialogicidade freireana.

Como objetivos do nosso projeto de tese, temos: Verificar em que medida e como a Educação Dialógica Freireana se apresenta/acontece na formação inicial de educadores(as) em cursos de licenciatura da UFC, na compreensão dos estudantes; identificar os avanços e entraves para a prática da educação dialógica nos referidos cursos; reconhecer, sob a leitura de professores(as) dialógicos(as), os limites e potencialidades da proposta e fatores que contribuíram com sua dialogicidade.

Por fim, compartilho que fiquei satisfeita com os resultados desse trabalho, pois, embora reconhecendo que há ainda muito que caminhar rumo à dialogicidade freireana, ela aparece como caminho desejável e possível. Fazendo uma referência à escolha dos pseudônimos dos(as) estudantes, que foram nomeados por cores, nos aventuramos a afirmar que a dialogicidade freireana se apresenta aqui como um arco-íris de possibilidades, que por vezes aparece, quando o Sol encontra as gotas de água, e desaparece quando não há essa relação.

Pois é o que desejamos! É o que esperamos! Que este arco-íris dialógico se mantenha permanentemente a embelezar as nossas relações educativas...

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