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É importante entender como se deu o processo de lutas e conquistas em torno do ensino inclusivo para crianças com necessidades educacionais visuais no Brasil. No que diz respeito às leis, podemos considerá-las como um passo importante no sentido de assegurar um direito social básico ao ser humano: o direito à educação. No entanto, ainda existe um longo caminho rumo à efetivação da legislação.

Há muitos desafios a serem superados, tais como escolas sem estrutura física, professores sem qualificação para lecionar diante das necessidades/especificidades das crianças e famílias que desconhecem direitos legais no que toca à inclusão. Apesar dos avanços e de atualmente existir vasto material pedagógico orientando sobre como trabalhar com crianças com necessidades educacionais visuais, ainda assim existem vários entraves e muito precisa ser feito para que, de fato, seja oferecida uma educação de qualidade para essas crianças.

Todas as necessidades educacionais especiais possuem especificidades e toda a equipe escolar precisa (deve) incluir o aluno no âmbito escolar. Em se tratando da deficiência visual, existem algumas dificuldades específicas, tais como: a criança precisa superar suas próprias limitações, exemplo de quando está em um ambiente novo, com pessoas desconhecidas e ao mesmo tempo não poder ter autonomia no espaço. Para que essa criança se sinta incluída, verdadeiramente, é preciso que a escola se mostre com um espaço acolhedor e sem preconceitos.

Pela pesquisa que realizamos, afirmamos que uma criança com deficiência visual possui as mesmas capacidades cognitivas que as demais crianças sem deficiência, porém, são necessários recursos diferentes para que sejam alcançados os objetivos da aprendizagem. Sabendo disso, é preciso trabalhar dentro da escola meios para que a inclusão realmente aconteça. Os alunos sem deficiência precisam ser orientados para receber esse colega especial como um ser humano igual aos demais na sua capacidade cognitiva, com muitas virtudes e defeitos.

Durante o período de observação e acompanhamento da criança com deficiência visual, em seus diferentes contextos educacionais e sociais, vimos o seu potencial de aprendizagem e também de ensino. Aprendemos com sua especificidade, ao observá-la. Destacamos que o trabalho realizado por profissionais com conhecimentos específicos para atuar no contexto da educação inclusiva é essencial.

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A criança, participante do estudo, não enxerga desde o seu nascimento. Em virtude desse aspecto, ela (juntamente com seus pais) vem enfrentando diversos desafios para que possa se desenvolver bem na escola e fora do ambiente escolar. A criança, participante do estudo, é muito inteligente e sempre motivada a aprender coisas novas. Apesar da cegueira, não possui medo de conhecer novos espaços e consegue trabalhar sua autonomia de maneira muito efetiva. Ela consegue ler o alfabeto em Braille, fazer alguns cálculos, reconhece formas, está se desenvolvendo bem na escrita, dentre outros aspectos.

O desenvolvimento significativo da criança, tanto na aprendizagem quanto na interação com os professores e demais alunos da escola deve-se a vários fatores, mas acreditamos que o empenho dos pais em sempre procurar estabelecer uma interação com a escola e seus profissionais é um dos motivos principais. Os pais da criança, participante do estudo, sempre em comunicação com os professores procuravam desenvolver tarefas em casa para melhorar sua aprendizagem. Além disso, os pais procuraram apoio com o acompanhamento em outra cidade para garantir que a criança avançasse. Infelizmente, nem todos os pais pensam dessa forma e são tão perseverantes quanto os pais da participante deste estudo. Sem a devida parceria, escola-família, bem como sem buscas por um atendimento especializado dificilmente a aprendizagem da criança teria tantos avanços.

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APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (T.C.L.E.)

Sou MARIA SALETE MARQUES, aluna da Licenciatura Interdisciplinar em Educação do Campo – LEDOC, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA. No momento, realizo a pesquisa monográfica intitulada “ENSINAR E APRENDER NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA – EXPERIÊNCIAS DE UMA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA VISUAL”, sob a orientação do Prof. Dr. Emerson Augusto de Medeiros. A pesquisa tem como objetivo geral “refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem de uma criança com deficiência visual”. Refere-se a um estudo de natureza qualitativa, que terá como técnica de produção de dados a observação participante.

Por meio deste termo, venho pedir a autorização para que sua filha, como voluntária, participe da pesquisa. Pontuo que, em caso de aceitar o convite, a sua privacidade (da filha e do responsável) será respeitada, ou seja, seu nome e identidade serão mantidos em sigilo por mim.

Esclareço que o(a) Sr.(a) não terá nenhum custo, nem receberá qualquer recurso financeiro. A sua aceitação/autorização deverá ser de livre e espontânea vontade. O(a) senhor(a) e sua filha não ficarão expostos(as) a nenhum risco. Somente após devidamente esclarecido(a) e ter entendido o que foi explicado, deverá assinar este documento. O(a) senhor(a) receberá uma via deste documento.

Em caso de dúvidas, poderá a qualquer tempo comunicar-se com a pesquisadora Maria Salete Marques, por meio do telefone (84) ________________, e/ou do e-mail: _____________________________________________.

Para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a participação no estudo, dirija-se ao Prof. Dr. Emerson Augusto de Medeiros, na Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Av. Francisco Mota, n. 572, Bairro Costa e Silva, Mossoró – RN, ou pelo e-mail: emerson.medeiros@ufersa.edu.br.

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______________________________________ Assinatura do(a) responsável pela criança

______________________________________ Assinatura da pesquisadora

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