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O trabalho desenvolvido e que se dispôs a conhecer as dimensões assumidas pelo conhecimento histórico escolar na E.E.E.F.M. Retiro Grande a partir do estudo do processo de ensino e aprendizagem da origem do homem através do Evolucionismo nas aulas de História do 6º ano do ensino fundamental teve que seguir por direcionamentos diversos devido à complexidade que personifica o universo e o ambiente de pesquisa. Seus encaminhamentos, assim como os resultados obtidos estiveram totalmente atrelados às especificidades que personificam à estrutura educacional escolar e ao ambiente comunitário local.

Mediante o pesquisado, verificamos que o contexto sociocultural estudado, o ensino escolar, assim como o da disciplina História, nele incluso, encontram-se marcados pela presença e forte influência de tendências externas ao ambiente institucional escolar e aos direcionamentos educacionais provenientes de determinações político-governamentais ou proposições vindas de centros acadêmicos, de pesquisa e de orientação pedagógica. Assim, na conjuntura educacional escolar analisada, a História ensinada tem sua base teórico-conceitual científica parcialmente limitada pelo peso das influências dos direcionamentos tradicionais e das demandas sociais existentes.

Nesse sentido a dimensão de um enfoque temático existente na disciplina História, como a origem da espécie humana por intermédio das proposições evolucionistas vê-se assolada por constantes e perceptíveis incompreensões, reduções, generalizações e distorções referentes as suas proposições e fundamentos, tanto da parte discente quanto da docente. Situações essas que influenciam e implicam em problemáticas e dificuldades no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem que se dispõe a ser efetivado.

Nesse quadro específico, fundamentações teórico-conceituais como Ciência, Teoria e Evolução tendem a ser mal compreendidas e atribuídas aos ambientes de laboratórios específicos às áreas das ciências exatas e naturais, à noção de pura especulação hipotética e a ideia de desenvolvimento biológico ligado ao aumento corporal e progressão física, respectivamente. Da mesma forma a produção do conhecimento histórico é entendida como não atrelada, distante e pouco possível de ser efetivada a partir do ambiente escolar, cabendo a este apenas o papel de ensinar (repassar) conteúdos elaborados em outras instâncias e instituições.

Assim sendo, a dimensão pedagógico-metodológica que personifica o ensino e aprendizagem do Evolucionismo na disciplina História no contexto educacional escolar pesquisado, tende, em alguns momentos, a aproximá-la, nem que seja de forma comparativa, de formulações e proposições criacionistas, tão caras e valorizadas na realidade local. Situação essa que se efetiva, em nosso entendimento, devido ao peso e influência das concepções tradicionalistas, oriundas de aspectos tradicionais, do convívio familiar e da religiosidade local que adentram e se tornam tão fluentes no ambiente escolar.

Devido isso, o instrumento de intervenção pedagógica, por nós proposto, desenvolvido e aplicado, demonstrou resultados imediatos junto aos discentes sobre a amplificação dos seus entendimentos referentes ao historicismo condizente a existência de proposições e formulações evolucionistas. Da mesma forma, pareceu-nos ter sido melhor entendido e absorvido, pelos educandos, fundamentos e proposições condizentes a teoria da evolução biológica que se dispõe a explicar, cientificamente, a origem e desenvolvimento da espécie humana.

A eliminação (ou diminuição) imediata de algumas incompreensões, generalizações, reduções e distorções referentes às bases e pressupostos evolucionistas foram por nós observadas, mediante a utilização de nosso instrumento pedagógico. Porém, mediante os resultados obtidos, chegamos à conclusão de que a consolidação de bases consistentes quanto a perfeita compreensão e adequada utilização da teoria da Evolução, por docentes e discentes, perpassa pelo trabalho contínuo, a longo prazo, efetivado em diferentes seriações e atividades de ensino e aprendizagem a serem desenvolvidas no ambiente escolar.

O intuito de sanar situações problemáticas que consolidam entendimentos que associam as proposições evolucionistas apenas a Charles Darwin (1809-1882) e a produção científica do século XIX, assim como, a existência de noções distorcidas sobre o que é uma teoria, no que se fundamenta o conhecimento científico e o que propõe a teoria da Evolução, norteou nosso trabalho. Isso tudo, procurou dar uma ressignificação ao estudo do Evolucionismo junto aos discentes locais, procurando tornar essa temática e seus direcionamentos, como elementos significativos para a compreensão da espécie humana e dos sentidos assumidos pelo conhecimento histórico escolar local, passível de assumir um viés científico.

Entendemos também que um tema tão complexo, propenso a debates, questionamentos e problematizações, não pode ficar restrito a abordagem em uma seriação específica, como o 6º ano do ensino fundamental. Quando solicitada e possível, a temática referente a origem da espécie humana através do Evolucionismo, pode e deve ser alvo de reflexões que

problematizem o surgimento da humanidade, os aspectos de seu desenvolvimento e os elementos determinantes para a constituição da natureza humana e sua relação com o meio social e natural em que vivemos.

O desenvolvimento dessas compreensões, em nosso entendimento, pode promover novas percepções sobre a importância e a utilidade do conhecimento histórico, tanto como elemento formador da consciência humana e de demonstração de sua inserção em diferentes contextos histórico-sociais. Da mesma forma, pode possibilitar a visualização das relações existentes entre a ciência e a disciplina História, cabíveis de existirem sem hierarquização institucional ou exclusivismo quanto a produção, difusão e repasse do conhecimento histórico.

A temática estudada possibilitou-nos o entendimento que a disciplina escolar História assume dimensões, tendências e direcionamentos específicos mediante o contexto sociocultural em que se encontra inserida. Sua existência como elemento educacional significativo pode efetivar-se de forma variada, dialógica e adaptada. Isso sem a mesma precisar se prender a direcionamentos que apregoem a conservação invariável de seus fundamentos entendidos como válidos e imutáveis ou a propensão de assumir uma plasticidade tendenciosa e a qualquer custo que distorçam as funções da História, como ciência ou disciplina, assim como das ações desenvolvidas pelo professor/historiador.

Por fim, a temática e o direcionamento teórico-metodológico no qual se fundamentou este estudo permitiu-nos o desenvolvimento de reflexões referentes as dimensões a serem assumidas e quais fundamentos podem ser defendidos a respeito da disciplina História no ambiente escolar. Local este onde a presença de diversos personagens e a fluência de várias tendências e intencionalidades podem configurar, distorcer ou transmutar os fundamentos e estruturas de uma área do conhecimento quanto a sua utilização, sentido e importância.

Sobre esse aspecto, ao refletir sobre os impactos estabelecidos pelos fundamentos dos estudos e proposições evolucionistas sobre as origens e a natureza da espécie humana, Dobzhansky apud Leakey (1981) destaca que a relevância da biologia e da antropologia é suficientemente evidente. Porém, em seu orgulho, o homem pretende se tornar um semideus. Mas, ele ainda é, e provavelmente, permanecerá em boa parte, uma espécie biológica. Seu passado, todos os seus antecedentes, são biológicos. Para compreender a si mesmo, ele precisa saber de onde vem e o que o guiou em seu caminho. Para planejar seu futuro, como indivíduo e mais ainda como espécie, ele precisa conhecer suas potencialidades e limitações.

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