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Devido à importância da Tuberculose, Paratuberculose e Leucose Enzoótica Bovina no cenário econômico e de saúde pública, os resultados apresentados nessa Tese colaboram com a Defesa Agropecuária do Brasil, pois informa a situação epidemiológica dessas doenças que causam tantos prejuízos a produção de bovinos de leite. Além disso, demonstra aspectos relevantes no tocante aos métodos de diagnóstico empregados no controle da Tuberculose e possíveis interferências no exame de tuberculinização causada pela infecção concomitante de Mycobacterium avium subsp. paratuberculosis. Foram também identificados os principais fatores de risco associados à Paratuberculose e Leucose Enzoótica Bovina nos rebanhos leiteiros da região oeste de Minas Gerais.

Desde a implantação do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCBET) em 2001, nota-se que em Minas Gerais, avanços no controle da tuberculose bovina ocorreram, sendo esses identificados tanto pela diminuição do nível de prevalência em rebanhos e animais, quanto pelo crescente número de propriedades que realizaram a certificação de rebanho livre para a doença. Porém, ainda há muito que se fazer. A situação da tuberculose bovina é bastante heterogênea no país, e a erradicação depende da maior rotina de exames de tuberculinização e eutanásia imediata de animais reagentes. Para que isso ocorra, acredita-se que seja fundamental a melhor interação entre equipes de Defesa Agropecuária, Inspeção Sanitária, médicos veterinários e produtores rurais. Nota-se também a necessidade do trabalho em conjunto para busca de uma possível indenização aos produtores que concordam com o sacrifício de animais reagentes positivos. Muitas vezes o produtor rural fica isolado e sem informações sobre como proceder e o médico veterinário como “traidor” do produtor rural. Além disso, o controle por meio da solicitação de exames de animais que vão para abate e a real obrigatoriedade de exames para os animais procedentes de rebanhos que comercializam leite, poderia contribuir muito no controle da doença.

A utilização de exames complementares ao diagnóstico de tuberculinização é fundamental para o alcance de uma informação eficaz e completa. O diagnóstico sorológico surge como ferramenta importante para auxiliar na identificação de animais infectados, porém que não reagem quando avaliados no diagnóstico alérgico cutâneo. A baixa associação entre os bovinos positivos no ELISA de tuberculose e os resultados obtidos nos exames de necropsia, histológico e microbiológico, sugere que ele precisa ser melhorado. A identificação de antígenos adaptados a realidade local e às condições naturais de infecção precisam ser melhores investigadas.

Diante a posição de destaque do estado de Minas Gerais na produção leiteira do país e dos prejuízos econômicos que a Leucose Enzoótica Bovina provoca nos rebanhos, faz se necessária maior atenção por parte dos médicos veterinários, produtores e autoridades oficiais, no controle da doença. Caso não haja mudanças no manejo dos rebanhos, com a implantação de medidas higiênico-sanitárias específicas, acredita-se que a situação da doença irá cada vez mais piorar. É necessário um trabalho de conscientização tanto dos produtores quanto dos médicos veterinários, para os principais fatores relacionados à disseminação da doença nos rebanhos.

A falta de um programa oficial de controle da Paratuberculose bovina pode estar contribuindo para a disseminação da doença no Brasil. É crescente o número de estudos que demonstram a ocorrência da doença no rebanho bovino do país e, ainda, seus possíveis impactos na saúde pública. Pode ser que o diagnóstico da doença esteja sendo negligenciado. A não obrigatoriedade de exames de diagnóstico para trânsito e comercialização de animais e o desconhecimento da doença por parte de muitos proprietários e médicos veterinários, faz com que a doença seja sub-diagnosticada e sub- notificada. Ainda que haja suspeita da doença, o médico veterinário agora estará diante de dois desafios: a falta de uma rede de laboratórios habilitados que realizem o diagnóstico da doença e um sistema deficiente de transporte de amostras. Tais desafios foram vivenciados neste estudo, buscou-se vários laboratórios que realizassem o exame microbiológico do MAP e, quando isso foi possível, a empresa de transporte em greve prejudicou muito a qualidade do material que havia sido enviado para análise.

Passamos por crise econômica no Brasil, e para realização desta pesquisa foi fundamental a parceria estabelecida com outras Instituições de ensino e pesquisa, como Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Instituto Biológico e MAPA-LANAGRO/Pedro Leopoldo. Parte dessa pesquisa, que seria realizada em colaboração com o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina, só foi possivel de ser concluída a poucos dias da entrega do trabalho final, por isso mesmo, infelizmente não foi possível incluir os resultados de genotipagem de M. bovis. Para que pudéssemos obter a liberação de transporte de amostras biológicas para a Argentina, uma série de documentos nos foram exigidos, tanto por parte do governo brasileiro, quanto do país importador. Após meses reunindo tais documentos, e estes terem sido aprovados, fizemos o envio das amostras por empresa de transporte de encomendas. Sem explicações claras, as amostras ficaram retidas por três meses na alfândega, até que foram devolvidas para o Brasil. Não desistimos, mais uma vez nos reunimos com fiscais do MAPA, atualizamos a documentação e enviamos novamente. Foram mais cinco meses de retenção das amostras na alfândega, até a liberação. Sabemos da importância e cuidados necessários para entrada e saída de material biológico de um país, por isso mesmo todos os cuidados e documentação solicitados foram atendidos. Necessitamos urgentemente de mais apoio e atenção para a pesquisa cientifica, além de informações em situações como esta.