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A partir dos dados coletados, pode-se considerar que os objetivos traçados foram alcançados, possibilitando identificar a forma como os professores das Salas de Recursos Multifuncionais, da rede pública municipal de uma cidade da região Central do RS, realizam seus trabalhos para os alunos com Deficiência Intelectual não alfabetizados, nos anos finais do ensino regular.

Pretendeu-se, como propósitos intrínsecos, verificar as estratégias de ensino utilizadas pelos professores das Salas de Recursos Multifuncionais para os alunos com Deficiência Intelectual e apresentar conceituação sobre recursos pedagógicos e quais os disponibilizados nas escolas para esse processo.

Durante a análise dos dados, e com base nos temas abordados pelas participantes nas entrevistas, foi possível a elaboração de duas categorias sendo elas: Recursos pedagógicos para sujeitos com Deficiência Intelectual e Estratégias de ensino para alunos com Deficiência Intelectual, as quais auxiliaram na discussão e compreensão dos dados, relacionando-os com algumas bibliografias.

Percebeu-se que recursos pedagógicos podem ter compreensão diferentes de acordo com autores pesquisados. Manzini e Deliberato (2007) definem recurso pedagógico como ser palpável, sugestivo e educativo. Similarmente, segundo as autoras Eitere e Medeiros (2010) Recurso Pedagógico é um material que auxilia na construção do processo de ensino-aprendizagem, tanto em espaços escolares quanto fora deles.

Já em Ferreira (2004) entende-se que ‘recurso’ é algo para solucionar um obstáculo. E pedagógico, sob a definição do Houaiss (2001) entende-se que possui características educativas de conteúdo informativo.

Diante disso, das definições apresentadas, percebe-se que é fundamental propiciar novas oportunidades de aprendizado e desenvolvimento, a partir de recursos pedagógicos para atingir um objetivo especifico de ensino.

Identificou-se que os Recursos pedagógicos disponibilizados pelas escolas, citados por duas professoras são: jogos pedagógicos, softwares e sites educativos, computador e internet.

De acordo com Sartoretto (2010), os recursos pedagógicos podem ser de baixa tecnologia, isto é, produzidos pelos professores das Salas de Recursos

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Multifuncionais, por exemplo, recursos para auxiliar na escrita, um lápis engrossado de espuma para facilitar a preensão do lápis ou caneta; para auxiliar na leitura, ficha de representação gráfica, onde a letra inicial da palavra é representada pelo alfabeto móvel.

Já os Recursos Pedagógicos de alta tecnologia, são os adquiridos após a avaliação das necessidades do aluno, por exemplo, os recursos para digitação, mouse adaptado, jogos pedagógicos, cadeira de rodas, andadores, computadores...

Assim sendo, baseando-se nos relatos das participantes, percebeu- se que os recursos pedagógicos ofertados pelas escolas são, na maioria, os de alta tecnologia, sendo eles, os recursos prontos, isto é, jogos pedagógicos, computadores, sites e softwares educativos.

Quanto aos de baixa tecnologia, isto é, ao que são produzidos pelos professores, somente uma das professoras participantes relatou ter em seu espaço de atendimento, sendo este uma apostila intitulada de “O abecedário das boquinhas”, que possibilita a ela proporcionar melhor a compreensão das letras e das palavras, por parte de seus alunos.

Diante disso, percebe-se que o professor deve preocupar-se não somente com a aquisição do conhecimento, mas também de que forma ele acontece.

Dessa maneira, COSTA (2015) apud SILVA e NAVARRO (2012) aponta que o professor precisa estar voltado as necessidades de seus alunos, considerando este como um sujeito ativo no processo da construção do conhecimento.

Acrescenta-se aos resultados, as estratégias de ensino, destacando quais os professores das Salas de Recursos Multifuncionais, utilizam para que seus alunados consigam se apoderar do mundo letrado.

A princípio entende-se estratégias de ensino, como sendo uma associação da teoria e da prática, durante o processo de construção da aprendizagem, que segundo Manzini (2010) é uma ação que acontece na ocasião do ensino ou da avaliação do aluno. Porém, deve ser planejada previamente, levando em consideração as especificidades e potencialidades do sujeito, o objetivo intencionado com a realização da atividade e o nível de complexidade da atividade exigida.

De acordo com os dados desta pesquisa, percebeu-se que os professores das Sala de Recursos Multifuncionais, utilizam o ensino colaborativo, isto é, o trabalho articulado e/ou conjunto com outras professoras, como estratégias de ensino.

O trabalho articulado e/ou ensino colaborativo, em outras palavras, é a troca de informações, entre a professora da Educação Especial e a professora da sala de aula comum, para juntas elaborarem um trabalho e/ou planejamento em prol do processo de ensino-aprendizagem do aluno incluído.

Carneiro (2012), destaca que o trabalho articulado entre os diferentes profissionais permite conduzir melhor a organização das estratégias pedagógicas, ainda que essa prática não seja encontrada na maioria das escolas.

Enfim, os resultados mostram que as professoras das Salas de Recursos Multifuncionais, tentam realizam seus trabalhos articulados aos trabalhos das professoras das salas de aula comum, utilizando dentro das suas práticas diferenciadas de ensino, os recursos pedagógicos que podem ser tantos os disponibilizados pelas escolas, quanto os que elas produzem para seus alunos, de acordo com a especificidade e necessidade de cada um.

Por outro lado, sabe-se que o ensino colaborativo não acontece dentre a maiorias das instituições escolares, e as professoras da Educação Especial acabam realizando seu trabalho individualmente, devido à falta de tempo dos professores para o planejamento em conjunto.

Sabe-se, também, que nem todas as instituições têm recursos financeiros para compra de materiais adequados, fazendo com que os professores produzam os seus. Apesar de esta pesquisa ser apenas uma amostra da realidade de três escolas municipais, ela trouxe indicativos relevantes sobre a forma de trabalhos dos professores da Educação Especial, para o processo de alfabetização dos alunos com Deficiência Intelectual, ressaltando a importância das estratégias de ensino articulada aos recursos pedagógicos, uma vez que , é de suma importância que os profissionais reflitam sobre suas formas de proporcionarem melhores condições na qualidade das práticas de ensino e aprendizagem dos alunos com Deficiência Intelectual.

Assim sendo, o grande desafio dos profissionais da Educação Especial, é desenvolver melhores condições de parcerias durante seus planejamentos, uma vez que, a partir de relatos de profissionais da área, realizam seus trabalhos de maneira individualizada.

Para concluir, esta pesquisa contribui à reflexão sobre o processo de inclusão educacional, assegurando o direito a todos a igualdade de oportunidades, de modo que, práticas de ensino diferenciadas sejam desenvolvidas nas escolas. Dessa

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maneira, se faz relevante pensar na educação, uma prática social para todos os sujeitos com ou sem deficiência.

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Ministério da Educação

Universidade Federal deSanta Maria Curso de Educação Especial –

Licenciatura

Disciplina: TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

Apêndice A – Entrevistas.

1. Qual seu nome e sua idade?

2. Qual sua formação e tempo de formação?

3. Têm ou já participou de alguma formação continuada? 4. Há quanto tempo trabalha nesta instituição?

5. Qual sua carga horária?

6. Quantos alunos atende nesta instituição?

7. Como acontece a aprendizagem do aluno com DI nos anos finais?

8. Como é trabalhar com sujeitos com deficiência intelectual não alfabetizado nos anos finais?

9. Em relação à aprendizagem da leitura e da escrita, quais dificuldades são encontradas pelos alunos com DI nos anos finais?

10. Que estratégias de ensino podem auxiliar para que essa aprendizagem seja alcançada?

11. Que tipo de recurso pedagógico a escola oferece ao aluno com DI?

12. Quais recursos pedagógicos você utiliza no processo do ensino da leitura e da escrita dos sujeitos com DI nos anos finais?

13. O que você diria para um professor recém-formado, que recebe em sua sala um aluno com DI não alfabetizado?

14. Como você lida com a insegurança de outros professores quanto ao procedimento de atendimento aos alunos com DI não alfabetizados? Comente.

15. Você conhece algum aluno com DI não alfabetizado no ensino médio? Se sim, como ele acompanha o desenvolvimento das disciplinas?

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Universidade Federal de Santa Maria Curso de Educação Especial –

Licenciatura

Disciplina: TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

Apêndice B–Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Eu, Sabrina Chaves Domingues, estudante de Graduação em Educação Especial, noturno, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), estou realizando uma pesquisa para meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulada “Alfabetização de crianças com Deficiência Intelectual em anos finais do ensino regular” sob orientação da Professora Doutora Sabrina Fernandes de Castro. Será feito entrevista semiestruturada com aproximadamente 15 perguntas.

Você está sendo convidado a participar da pesquisa, mas é importante lembrar que a sua participação não é obrigatória e a qualquer momento pode desistir de participar e retirar o consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição. O procedimento não causará nenhum dano à integridade dos participantes e sua identificação será mantida sob sigilo. Poderá haver desagrado em alguns momentos com relação ao tempo despendido para a entrevista e alguns assuntos abordados. Sua participação auxiliará na obtenção de dados que poderão ser utilizados para fins científicos proporcionando maiores informações e discussões que podem trazer benefícios para a área de Educação Especial. Assim, os dados obtidos da entrevista serão apresentados em forma de trabalho de conclusão de curso e poderão ser apresentados em forma de artigo ou de resumo em congressos, seminários e publicados em diferentes meios como relato de pesquisa. Todas as 15 informações obtidas serão confidencias, sendo assegurado o sigilo nominal de todos os envolvidos.

Eu, _________________________________ declaro aceitar participar da pesquisa e também declaro estar ciente de que minha participação é voluntária, podendo ser solicitado o desligamento a qualquer momento e que a minha identidade será preservada. Alego que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa. O pesquisador me informou que o projeto faz parte do seu TCC, do curso de licenciatura em Educação Especial, noturno, da Universidade Federal de Santa Maria.

Santa Maria, ____ de _____________ de 2018. _______________________________

Assinatura do participante

_______________________________ Sabrina Chaves Domingues

(55) 999823442 Acadêmica

Profª. Drª. Sabrina Fernandes de Castro (55) 98428-8330 Orientadora

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