• Nenhum resultado encontrado

Com a apresentação e análise dos resultados, pode-se observar uma distorção do conceito de estágio tanto por parte dos alunos como por parte da empresa em questão. O estágio deveria ser a oportunidade de o estudante universitário colocar em prática as teorias, técnicas e metodologias que “aprendeu” na faculdade. Por sua vez, a empresa deveria dar ao aluno a oportunidade de transformar teroria em prática e tirar dúvidas quanto a aplicação dos conceitos.

Porém, não é isso que hoje é visto na relação da empresa com o estagiário e a faculdade. A faculdade falha ou se isenta no processo de acompanhamento do estágio, não avaliando a consistência da prática e se isso tem algum valor futuro para a sua formação. Limita-se a assinar o contrato de estágio de seus alunos, só intervindo em situação de solicitação do estagiário.

Já pelo lado da empresa, que admite o jovem estudante, na maioria dos casos o estagiário e percebido e utilizado como uma mera “mão-de-obra” barata, que pode fazer, e faz muitas das vezes, o mesmo trabalho que um funcionário faria, só que por muito menos dinheiro e impostos pagos por um funcionário efetivo. Assim, ela cumpre o seu papel de “dar oportunidade” aos estudantes, mas não deixa de lucrar com isso, já que ela, por exemplo, contrata dois estagiários para fazer as funções de um funcionário e quando o contrato de estágio acabar, tem a prerrogativa de não contratá-lo e buscar novos estagiários substitutos.

Mas o que ela não percebe, e esse estudo retrata, é a crescente insatisfação desses estagiários com a empresa, por não serem ouvidos e nem suas vontades e necessidades serem levadas em consideração. Esse “descaso” contribui para que eles se revoltem contra a própria empresa e se sintam insatisfeitos com a “oportunidade” que lhes é dada.

Com essa relação desgastada entre a empresa em questão e a faculdade, quem acaba perdendo é o estagiário, pois se houvesse uma relação de cooperação entre as duas instituições seria possível que ele pudesse aproveitar a oportunidade de praticar o que se aprende na teoria, contribuindo para o amadurecimento da escolha da carreira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AJZEN, I., FISHBEIN, M. Belief, attitude, intention and behavior: an introduction to theory and research. Massachusetts: Addison-Wesley, 1977.

BASTOS, A. V. B. Comprometimento no Trabalho: a estrutura dos vínculos do trabalhador com a organização, a carreira e o sindicato. 274f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 1994.

BASTOS, A. V. B. et al. Comprometimento organizacional e validação de um novo instrumento de medida do construto. In: CONGRESSO NORTE- NORDESTE DE PSICOLOGIA, 3., João Pessoa. Anais... João Pessoa: Conselho Federal de Psicologia, 2003. pp.419-420.

BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulações. Lisboa: Relógio d’Água, 1991.

BECKER, H. S. otes on the concept of commitment. The American Journal of Sociology, v.66, pp. 32-40, 1960.

BECKER, T. E. Foci and bases of commitment: are they distinctions worth making. Academy of Management Journal, v.35, n.1, pp.232-244, 1992.

BRAVERMAN, Harry. Trabalho e Capital Monopolista: a degradação do trabalho no século XX. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1987. pp. 125-126.

DEMO, P. Cidadania menor: algumas indicações quantitativas de nossa pobreza política. Petrópolis: Vozes, 1992.

GAULEJAC, Vincent de. Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. São Paulo: Editora Idéias & Letras, 2007.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa, 3ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 1996.

GOULDNER, H. P. Dimensions of Organizational Commitment. Administrative Science Quaterly. v.4, pp.468-490, 1960.

HELOANI, Roberto. Gestão e Organização no Capitalismo Globalizado: História da Manipulação Psicológica no Mundo do Trabalho. Editora Atlas, 2007.

JAROS, S. J. et al. Effects of continuance, affective, and moral commitment on the withdrawal process: an evaluation of eight structural equations models. Academy of Management Journal, Birmingham, v.36, n.5, pp. 951-995, 1993.

KELMAN, H. C. Compliance, Identification and Internalization: three processes of attitude change. Journal of Conflict Resolution, v.2, pp. 51-60, 1958.

______. Interests, relationships, identities: three central issues for individuals and groups in negotiating their social environment. In: FISKE, S. T.; KAZDIN, A. E.; SCHACTER, D. L. (Ed.) Annual Review of Psychology, Palo Alto, v.57, n.1, pp.1-26, 2006.

MARCONI, Marina de Andrade. LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Cientifico. 6ª edição. São Paulo: Atlas, 2001.

MCGEE, G. W., FORD R. C. Two (or more?) dimensions of organizational commitment: reexamination of the affective and continuance commitment scales. Journal of Applied Psychology. v.72, n.4, pp. 638-641, 1987.

MEYER, J. P. e ALLEN N. J. Testing ‘side-bet theory’ of organizational commitment: some methodological considerations. Journal of Applied Psychology. v.69, n.3, pp. 372-378, 1984.

______. A three-component conceptualization of organizational commitment. Human Resource Management Review. v.1, pp.61-89, 1991.

MEYER, J. P., ALLEN, N. J. e SMITH, C.A. Commitment to organizations and occupations: extension and test of a three-component conceptualization. Journal of Applied Psychology, v.78, n.4, pp.538-551, 1993.

MEYER, J. P.; HERSCOVITCH, L. Commitment in the workplace toward a general model. Human Resource Management Review, Greenwich, v.11, n.3, p. 299- 326, 2001.

MILGRAN, S. La Soumission à l’autorité. Calmann-Lévy, Paris, 1974.

MOWDAY, R. T.; PORTER, L. W.; STEERS. R. M. Employee-Organization linkages: the psychology of commitment, absenteeism and turnover. New York: Academic Press, 1982.

OLIVEIRA, S. L. de. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisas, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. 2ª.edição. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. 320 p.

PASQUALI, L. Histórico dos instrumentos psicológicos. In: PASQUALI, L. (Org.) Instrumentos Psicológicos: manual prático de elaboração. Brasília: LabPAM- IBAP, 1999. pp.231-258.

PORTER, L.W. et al. Organizational commitment, job satisfaction and turnover among psychiatric technicians. Journal of Applied Psychology, Maryland, v.5, n.59, pp. 603-609, 1974.

PRADO, E. F. S. Pós-Grande Indústria: Trabalho Imaterial e Fetichismo. Artigo: Critica Marxista, São Paulo, v. 16, pp.109-130, 2003.

SALANCIK, G. R. Commitment and the Control of Organizational Behavior and Belief. In: STAW, B. M.; SALNCIK, G. R. (Ed.) New Directions in Organizational Behavior. Chicago: St. Clair, 1977. pp.1-54.

SIQUEIRA, M. M. M., & GOMIDE Jr. S. Vínculos dos indivíduos com o trabalho e com a organização. In J. C. Zanelli, J. E. Borges-Andrade & A. V. B. Bastos (Orgs.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004, p. 301.

SIQUEIRA, M. M. M. et al. Medidas do comportamento organizacional: ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Artmed, 2008.

SWAILES, S. Organizational Commitment: a critique of the construct and measures. International Journal of Management Review, v. 4, n.2, pp.155-178, 2002.

VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração, 10ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2009.

WIENER, Y. Commitment in organizations: a normative view. Academy of Management Review, v.7, n.3, pp.418-428, 1982.

Documentos relacionados