• Nenhum resultado encontrado

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento Estudo sobre o spread bancário no brasil (páginas 35-39)

O presente estudo teve o objetivo contribuir para a análise e entendimento dos spreads médios dos bancos, considerando a pertinente relevância do assunto e procurando suprir uma lacuna de pesquisas que avaliem a efetiva medida de diferença entre as taxas de aplicação e de captação de recursos por parte das instituições bancárias. Para consecução deste trabalho foram utilizados dados publicados pelo Banco Central no período de março de 2011 a novembro de 2014.

Além de analisar os spreads considerando as variáveis Inadimplência de pessoas Físicas e Jurídicas, Taxa Preferencial Brasileira, Endividamento das Famílias, Inadimplência da Carteira de Crédito entre 15 e 90 dias e compulsórios; foi sugerida uma previsão de spreads médios para o primeiro semestre de 2015, com intenção de balizar as decisões dos formuladores de preços da instituições bancárias.

Diante dos resultados pode-se extrair que a inadimplência das pessoas jurídicas é bem mais relevante que o endividamento das pessoas físicas, apesar de que ambas variáveis são bastante relevantes para a mensuração do spread.

A Taxa Preferencial Básica se mostrou robusta para o modelo, do que podemos extrair que uma política de redução das taxas pode motivar a uma redução dos spreads. Esse resultado corrobora com outros estudos internacionais (SAUNDERS; SCHUMACHER, 2000; BROCK; SUAREZ, 2000).

O componente endividamento da carteira de crédito entre 15 e 90 dias se mostrou robusto no modelo, daí se extrai que a expectativa de curto prazo com relação ao endividamento é um balizador relevante para a definição dos spreads.

Para o fator compulsório esperava-se uma correlação mais ampla, conforme o resultado do modelo esta variável se apresentou pouco robusta, não corroborando com trabalho de Gelos (2006) e Samahiya e Kaakunga (2014). Este resultado não era esperado, visto que os recolhimentos obrigatórios diminuem a capacidade de emprestar dos bancos, porém trabalhos futuros poderão analisar porque a variação dos compulsórios não implica necessariamente na variação dos spreads se esta variável é sempre mencionada pelos bancos como um fator relevante no calculo dos spreads.

A variável endividamento das famílias não se mostrou robusta para o modelo, talvez pelo fato de o nível de crédito do sistema bancário brasileiro ser considerado baixo pela literatura especializada, ou ainda pode-se agregar variáveis regionais ao modelo para uma melhor análise desta componente. Este resultado de não foi encontrado no trabalho de Soares

(2013) e Lucas e Koopman (2005) onde os mesmos encontraram relação positiva entra a inadimplência e nível dos spreads.

Com relação aos resultados preditivos do modelo, o resultado mais robusto de estimação foi um modelo ARIMA(1,1), que previu um spread médio de 13% em Janeiro; 12,66% em Fevereiro; 12,63% em março; 12,74% em Abril e 12,87% em Maio e 13,14% em junho de 2015.

É mister que, para um mercado bancário dinâmico como o brasileiro, as pesquisas futuras relacionadas aos spreads das instituições bancárias tragam mais eficiência e robustez empírica aos cálculos dos spreads, permanecendo esse tema aberto e bastante atrativo a novos pesquisadores.

REFERÊNCIAS

AFANASIEFF, T. S.; LHACER, P. M.; NAKANE, M. I. The determinants of bank interest spread in Brazil. Money Affairs, v. XV, n. 2, p. 183-207, 2002.

AKINLO, A. E.; OWOYEMI, B. O. The Determinants of Interest Rate Spreads in Nigeria: An Empirical Investigation. Modern Economy, v. 5, n. 3, p. 837-845, 2012.

ALENCAR, L.; LEITE, D.; FERREIRA, S. Spread bancário: um estudo cross-country. In: BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório de Economia Bancária e Crédito, 2007. p. 23-34.

ARONOVICH, S. Uma nota sobre os efeitos da inflação e do nível de atividade sobre o spread bancário. Revista Brasileira de Economia, v. 48, n. 1, 1994.

BANCO CENTRAL DO BRASIL – BCB. Os determinantes do spread bancário no Brasil, abril 2002. (Nota Técnica). Disponível em: www.bcb.gov.br. Acesso em: 8 fev. 2015.

BIGNOTTO, F.; RODRIGUES, E. Fatores de risco e spread bancário no Brasil. Trabalhos para Discussão do Banco Central do Brasil, n. 110, 2006.

BROCK, P.; FRANKEN, H. Measuring the determinants of average and marginal

interest rate spread in Chile, 1994-2001. University of Washington, 2003.

BROCK, P. L.; SUAREZ, L. R. Understanding the behavior of bank spreads in Latin America. Journal of Development Economics, v. 63, p. 113-134, 2001.

BUENO, S. R. Econometria de Séries Temporais. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

CHU, V. Principais fatores macroeconômicos da inadimplência bancária no Brasil. In: Banco Central do Brasil. Juros e spread bancário no Brasil: avaliação de 2 anos do projeto, 2001.

DANTAS, J. A.; MEDEIROS, O. R.; CAPELLETTO, L. R. Determinantes do spread bancário ex-post no mercado brasileiro. RAM - Rev. Adm. Mackenzie, São Paulo, v. 13, n. 4, p. 48-74, jul./ago. 2012.

DEMIRGUÇ-KUNT, A.; HUIZINGA, H. Determinants of commercial bank interest margins and profitability: some international evidence. The World Bank Economic Review, v. 13, n. 2, p. 379-408, 1999.

DEMIRGÜÇ-KUNT, A.; LAEVEN, L.; LEVINE, R. Regulations, market structure, institutions and the cost of financial intermediation. Journal of Money, Credit, and

Banking, v. 36, n. 3, p. 593–622, 2004.

DICKEY, D. A.; FULLER, W. Distribution of the estimators for autoregressive time series with a unit root. Journal of the American Statistical Association, v. 74, n. 366, p. 427-431, 1979.

DOLIENTE, J. D. Determinants of bank net interest margins of southeast Asia.

Unpublished MSC Thesis, College of Business Administration, University of the Philippines Diliman, 2003.

FERREIRA, R. T. Modelo de análise de séries temporais para previsão do ICMS mensal

do Ceará. 1996. Dissertação (Mestrado em Economia) - Programa de Pós-Graduação em

Economia - CAEN, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 1996.

GELOS, R. Banking spreads in Latin America. IMF Working Paper, 06/44, 2006.

GREEN, W. H. Econometric Analysis. 2. ed. New York: Macmillan Publishing Company, 2010. 777p.

GUJARATI, D. N.; PORTER, D. C. Econometria Básica, 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.

HO, T. S. Y.; SAUNDERS, A. The determinants of bank interest margins: theory and empirical evidence. Journal of Financial and Quantitative Analysis, v. 16, p. 581-600, 1981.

KOYAMA, S. M.; NAKANE, M. Os determinantes do spread bancário no Brasil. In:

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Notas Técnicas do Banco Central do Brasil, n. 19, p. 1- 14, 2002.

LUCAS, A.; KOOPMAN, S. J. Business and default cycles for credit risk. Journal of

Applied Econometrics, v. 20, n. 2, p. 311–323, 2005.

MANHIÇA, F. A.; JORGE, C. T. O nível da taxa básica de juros e o spread bancário no Brasil: Uma análise de dados em Painel. Texto para Discussão, n. 1710, Rio de Janeiro: IPEA, fevereiro 2012.

MAUDOS, J.; GUEVARA, J. F. Factors explaining the interest margin in the banking sectors of the European Union. Journal of Banking and Finance, v. 28, n. 9, p. 2259-2281, 2004.

MAUDOS, J; SOLÍS, L. The determinants of net interest income in the Mexican banking system: An integrated model. Journal of Banking and Finance, v. 33, p. 1920-193, 2009.

OREIRO, J. L.; PAULA, L. F.; SILVA, G. J.; ONO, F. H. Determinantes macroeconômicos do spread bancário no brasil: teoria e evidência recente. Economia Aplicada, v. 10, n. 4, p. 609-634, 2006.

PERIA, S.; MODY, A. How foreign participation and market concentration impact bank spreads: evidence from Latin America. Journal of Money, Credit, and Banking, v. 36, n. 2, p. 511–537, 2004.

PINDYCK, R.; RUBINFED, D. Econometrics Models and Economic Forecasts. New York: MacGraw-Hill, 1981.

REIS JUNIOR, H. O. M.; PAULA, L. F.; LEAL, R. M. Decomposição do Spread Bancário no Brasil: Uma Análise do Período Recente. Revista Economia, Brasília, v. 14, n. 1ª, p. 29- 60, jan./abr., 2013.

SAMAHIYA, M.; KAAKUNGA, E. Determinants of Commercial Banks’ Interest Rate Spread in Namibia: An Econometric Exploration. Botswana Journal of Economics, v. 12, n. 1, 2014.

SAUNDERS, A.; SCHUMACHER, L. The determinants of bank interest rate margins: an international stud. Journal of International Money and Finance, v. 19, p. 813-832, 2000.

SILVA, G. J. C.; OREIRO, J. L. C.; PAULA, L. F. Instabilidade macroeconômica e rigidez do spread bancário no Brasil: avaliação empírica e proposição de política. Economia e

Tecnologia, v. 6, Ano 02, jul./set., 2006.

SILVA, N. L. O estudo do spread bancário no Banco Beta. 2012. 59f. Trabalho de

Conclusão de Curso (Especialização em Gestão de Negócios Financeiros) - Programa de Pós- Graduação em Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

SOARES, A. M. Evolução do crédito e do spread no Brasil: 2008 a 2013. 2013. 44f. Monografia (Curso de Graduação em Economia) – Departamento de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

No documento Estudo sobre o spread bancário no brasil (páginas 35-39)

Documentos relacionados